iss die meischt gesprochne reschionoole Variant von der deitsche Sproch in Bräsilje. Hunsriqueano Riograndense é a variante regional da língua alemã mais falada no Brasil. Riograndenser Hunsrückisch es la variante regional del alemán más hablada en Brasil.
In der zwooisproichige Gechende von Rio Grande do Sul unn Santa Catarina, in Südbräsilje, ei do nennt ma’ die “morcilha de sangue” die Blutwoorst. Sie weerd mit Schweinblut, Speck unn Geweerze gemacht. Nh dem Koche iss sie fest, kann geschnitt werre unn gehöert zu der kalte Woorstsorte Kategorie.
Awer net nur hier kennt ma’ so etwas: Viele Esskulture in der Welt honn ihre eichne Version davon. Von der Hunsrück-Gebeerche unn die Palz in Deitschland bis Katalonje, in Spanje, von der Britische Insle bis Osteuropa zeicht sich, wie Mensche üwerall mit Kreativität alles vom Tier nutze unn in gutes Esse verwännle.
Blutwoorst unn Lewerwoorst uff Sauerkraut (der Mut anderer, CC BY-NC-SA 4.0). Bild aus dem Digitalen Wörterbuch der Deutschen Sprache (DWDS).
Kataloonische Blutwoorst (RSlastic, CC0) Bild aus dem Digitalen Wörterbuch der Deutschen Sprache (DWDS).
Nas zonas bilíngues de alemão-português do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, no sul do Brasil, a antiga morcilha de sangue é conhecida pelo nome alemão “die Blutwoorst” (“Blutwurst” no alemão padrão). Esse embutido tradicional é feito com sangue suíno, toucinho e temperos, passando por um processo de cozimento até se tornar firme, pronto para ser fatiado e apreciado como um frio.
Não se trata apenas de uma herança local: muitas culturas gastronômicas ao redor do mundo têm sua própria versão desse preparo. Da região montanhosa do Hunsrück e do Palatinado, na Alemanha, à Catalunha, na Espanha, das Ilhas Britânicas ao Leste Europeu, a ideia de aproveitar todos os ingredientes, mesmo os miúdos, do animal e transformá-los numa comida saborosa mostra como a criatividade culinária das pessoas é de fato universal.
LÍNGUA – Theooter alswie Widerstann unn Feier von der klenre Sproche (Minderheitensprachen)
Das Festival LÍNGUA in Portugal
Das LÍNGUA – Festival Internacional de Teatro em Línguas Minoritárias iss en zwooijähriches Theooterfestival im Theatro Gil Vicente in Barcelos, Portugal. Die zwette Ausgab hot vom 7. bis 10. Juni 2024 statt gefunn.
Die zentroole Idee: Wenn en Sproch verschwinndt, verliert ma’ net nuar Wörter, awer en ganzes kulturoolles Erbe. Theooter weerd so zu en’m Weerrekzeich von der Erinnrung, vom Widerstann unn von der Lewenskraft – sei es in earnste Stücke orrer im Humoar.
Inspiration für Bräsilje: Riograndenser Hunsrückisch
Das internationoole Beispiel feshrt uns zu der Froch: Wie könne mear Theooter nutze, um unser Riograndenser Hunsrückisch (hunsriqueano riograndense) se stärke?
Mear sinn mit der Sproch mündlich uffgewachs, reich on Geschichte, Sprüche unn Humoar, awer meahrst ohne Schrift. Die Bühne kann dann ganz uff das Platz im Publikum sin, um Sichtbarkeit unn Stolz se schaffe unn zeiche.
Hier sinn zwooi lokale Beispiele im Süd von Bräsilje
Deutsche Woche (Semana Alemã – São João do Oeste, SC) Seit 2009 en Kultuarfest mit Theooter, Humoar, Musik, Tanz unn typische Wettbewerbe (z. B. das Streuselkuche-Fest / Festival da Cuca, Concurso de Piadas, Noite do Humor). Offizielle Seite – Semana Alemã · Noite do Humor – Bericht
Hier en Froch on die Leser
Hot jemand von eich schon emmol en Theooterstück in unsrem Dialekt gesiehn?
O Festival LÍNGUA em Portugal
O LÍNGUA – Festival Internacional de Teatro em Línguas Minoritárias é um evento bienal realizado no Theatro Gil Vicente, em Barcelos (Portugal). A segunda edição aconteceu de 7 a 10 de junho de 2024.
A proposta do festival é clara: quando uma língua desaparece, não se perde apenas a fala, mas todo um patrimônio cultural. O teatro, nesse contexto, é uma ferramenta de memória, resistência e vitalidade, seja em peças dramáticas ou no humor.
Inspiração para o Brasil: Riograndenser Hunsrückisch
Esse exemplo internacional nos leva a refletir: como podemos usar o teatro para valorizar o nosso Riograndenser Hunsrückisch (hunsriqueano riograndense), língua regional do Sul do Brasil?
Crescemos com esse idioma na oralidade, rico em histórias, ditos e humor, mas quase sempre sem tradição escrita. O palco pode ser o espaço ideal para dar visibilidade e orgulho a essa herança linguística.
Semana Alemã (Deutsche Woche – São João do Oeste, SC) Desde 2009 celebra teatro, humor, música, dança e concursos típicos (ex.: Festival da Cuca, Concurso de Piadas, Noite do Humor). Site oficial – Semana Alemã · Noite do Humor – reportagem
Aqui vai uma pergunta final ao leitorado deste blog:
E você, já assistiu a uma peça ou apresentação em Riograndenser Hunsrückisch? Comente!
Hier iss en Foto von mein noh dem berühte französische Kochmeister Jacques Pépin–Salat mit Löwezoohn, inspiriert von Lyon, Frankreich awer mit mein eichner Idee.
Mein Löwezoohn-Saloot | Minha salada de dente-de-leão
Jedes Mol sin ich üwerrascht, wie gut der Löwezoohn-Saloot schmeckt!
Das Mol honn ich der Speck doorrich portugääsische Woorst gewächselt, klen geschnitt unn im Airfryer nächstwie knusprig geloss. Ich honn Sardelle in Öl gehol (hier in der USA seahr leicht se finne unn ooch günstig!) …. awer die rote Schlott-Zwiwwelcher, ei die honn ich leider hiedas Mol vergess rentun.
Wie immer viel frischer Knuwloch rdngetun, gut Oliveöl aus Spanje unn Rotweinessig unn en dunkler grober Senf benutzt. Dann statts Croutons (unser Brotbrochsle) honn ich frisch gelwe Bobbacher in Weerfelcher geschnitt unn im Airfrier rengetun unn gebrot…. ei das Kürbische honn ich dann noch direkt aus unsrem Gemüse-Goorte ewe geerndt, genau sowie der Löwezoohn-Blätter.
Oh Mensch nochmole… es hot jo so gut geschmeckt, ei enfach himmlich!!!
————- • • • ————
Toda vez que preparo essa salada (já fiz até com ovo frito), fico impressionado com o seu sabor! Dessa vez troquei o velho toucinho (que hoje em dia virou moda chamar de “bacon” no Brasil) por linguiça portuguesa …. picada e deixada quase crocante na airfryer. Usei anchovas comuns em óleo (tão fáceis e baratas de achar aqui nos EUA!) — mas só que desta vez acabei me esquecendo da cebolinha vermelha tipo chalota.
Aqui está minha salada de dente-de-leão inspirada na do chef de cozinha Jacques Pépin e na tradição de Lyon, região de origem dele na França …… mas é claro com meu próprio toque, neste caso.
Como sempre, coloquei bastante alho fresco, usei meu bom azeite espanhol, vinagre de vinho tinto e mostarda integral escura. No lugar dos croutons (os mesmos Brotbrochsle que se usa na Schmier de óvos), entrou abobrinha amarela fresquinha, que cortei em cubinhos e assei no airfrier…. aliás abobrinha colhida direto na nossa horta, assim como o dente-de-leão que utilizei.
Nossa, mas que delícia … ficou assim de um outro mundo!!!
Manchmol tun neie Wörter enem im Sinn von nichts voarkomme …
In viele Sproche entstehn jo Wörter noh feste Mustre. Manche weerke gleich ganz verstännlich, ooch wenn se goornet benutz werre. So passiert das ooch im Bräsiljoonische, im Portogääsische unn sogoor in annre von der romanische Sproche. Hier sinn zwooi Beispiele davon: alegrador unn alegrante. Die zwooi tun sich reguläer vom Verb alegrar (“fröhlich mache”) ableite. Doch wie verbreidt sinn se tatsächlich? Wörterbücher, literarische unn relischiöse Texte alswie Vergleiche mit annre Sproche zu selwiche sprochliche Familjegruppe gehörend gewe uns en differenzierte Antwort – unn tun uns jo zu Reflexion inloode üwer wo die Grenze von sprochliche Norme echt unn genau lehn.
Was sääht uns das grood üwer Sproche? Wenn der Mensch fähich iss, neie Wörter ohne Ploonung voarsebringe – Wörter, wo gleich verstännlich funktioniere unn in reoole Situatione kommuniziere könne –, dann zeicht das, dass die Grenze von sprochliche Norme net stock starr sinn. Norme fixieren, was “gültich” iss, doch das schöpfrische Potentiool von der Sproche geht weit drüber rauszus.
Observações em português
Quando palavras surgem do nada na cabeça da gente …
Este artigo discute duas palavras do português que surgiram na mente do autor num certo contexto mas aparentemente do nada – alegrador e alegrante. Elas parecem naturais, derivadas do verbo alegrar, mas nunca antes foram detectadas em lugar algum. No entanto, consultas em dicionários, buscas por exemplos literários e religiosos e comparações feitas com outras línguas românicas mostram que elas sim são claramente existentes e legítimas, muito embora, certamente na língua portuguesa, um tanto raras.
Alegrador e alegrante não são invenções arbitrárias, mas seguem parâmetros linguísticos internos do indivíduo. Inclusive, neste caso, elas estão registradas em dicionários, aparecem em literatura e religião e têm paralelos claros em outras línguas românicas. São raras, mas perfeitamente legítimas.
Wie verschiedene Kulturen mit Armut, Leid und Ausgrenzung umgehen – in einfachen Worten erzählt Como diferentes culturas lidam com a pobreza, o sofrimento e a exclusão – em linguagem simples e acessível
Ein Blick in verschiedene Ecken der Welt Um olhar para diferentes cantos do mundo
Fast überall auf der Welt gibt es Menschen, die am Rand leben. Menschen ohne Wohnung, ohne Geld, ohne Hilfe. Viele kämpfen mit Krankheit, Sucht oder sind einfach vergessen worden. Em quase todo o mundo, há pessoas vivendo à margem. Sem casa, sem dinheiro, sem apoio. Muitas enfrentam doenças, vícios ou simplesmente foram esquecidas.
Stell dir vor: Imagine só:
Heute bist du in San Francisco. Menschen schlafen in Zelten, leben auf der Straße, oft ohne medizinische Hilfe. Hoje você está em San Francisco. Pessoas dormem em barracas, vivem nas ruas, muitas vezes sem acesso à saúde.
Letzte Woche warst du in einem muslimischen Viertel in Bengaluru, Indien. Dort geben viele Menschen Almosen – das ist Teil ihres Glaubens (Zakat). Semana passada você esteve em um bairro muçulmano de Bengaluru, na Índia. Lá, muitas pessoas dão esmolas – isso faz parte da fé delas (Zakat).
Vor einem Monat warst du in São Paulo, Brasilien. Drogen, Armut, Angst – und viele Menschen, die einfach durchfallen. Um mês atrás você esteve em São Paulo, Brasil. Drogas, pobreza, medo – e muita gente esquecida pelo sistema.
Zwei Monate zuvor warst du in einem Zug in Buenos Aires. Kinder betteln, Alte sind allein, viele sind unsichtbar. Dois meses antes, você estava num trem em Buenos Aires. Crianças pedem, idosos estão sozinhos, muitos se tornam invisíveis.
Und das Gleiche passiert in China, Russland, Mosambik, Peru – Leid kennt keine Grenzen. E o mesmo acontece na China, Rússia, Moçambique, Peru – o sofrimento não conhece fronteiras.
Welche Rolle spielt Religion? Qual é o papel da religião?
Religion und Weltanschauung prägen oft, wie mit Armut umgegangen wird. Religiões e filosofias influenciam bastante como a pobreza é tratada.
Im Islam ist Zakat – das Geben an Bedürftige – Pflicht. No Islã, o Zakat – dar aos necessitados – é um dever religioso.
Im Christentum steht Nächstenliebe im Zentrum: „Liebe deinen Nächsten wie dich selbst.“ No Cristianismo, o amor ao próximo é central: “Ame o próximo como a si mesmo.”
Im Hinduismus und Buddhismus glaubt man manchmal, Armut sei karmisch – aber Großzügigkeit bleibt wichtig. No Hinduísmo e no Budismo, a pobreza às vezes é vista como parte do carma – mas a generosidade continua sendo um valor.
In säkularen Gesellschaften (z. B. China) soll oft der Staat helfen – doch das funktioniert nicht immer. Em sociedades seculares (como a China), espera-se que o Estado ajude – mas nem sempre isso acontece.
Madonna mit Kind bei der Milchsuppe, Gerard David (um 1510), Museum der Schönen Künste Antwerpen. Madona e o Menino com sopa de leite, Gerard David (c. 1510), Museu de Belas Artes de Antuérpia. Quelle / Fonte: Google Art Project – Wikimedia Commons (gemeinfrei / domínio público)
Muss das so sein? A pobreza é inevitável?
Nein. In der Geschichte gab es Gemeinschaften ohne extreme Armut. Não. A história mostra que já existiram comunidades sem pobreza extrema.
Kleine Dörfer, Klöster, indigene Gruppen – sie teilten, halfen, lebten gemeinsam. Aldeias pequenas, mosteiros, povos indígenas – onde havia partilha, ajuda, vida em comum.
Armut ist dort nicht Strafe oder Schuld, sondern eine Herausforderung für alle. A pobreza não era castigo nem culpa individual – mas uma questão coletiva.
Heute aber scheint Armut in vielen Städten „mit eingebaut“ zu sein. Mas hoje, em muitas cidades, a pobreza parece estar “dentro do sistema”.
Müssen ein paar arm bleiben, damit andere reich leben können? Será que alguns precisam ser pobres para que outros possam ser ricos?
Was lernen wir daraus? O que podemos aprender com tudo isso?
Leid ist überall ähnlich – egal ob Nord oder Süd. O sofrimento é parecido em todo lugar – no Norte ou no Sul.
Aber die Reaktionen darauf sind kulturell verschieden. Mas a forma como se responde a isso varia culturalmente.
Religionen, Staaten und Ideologien helfen oder versagen – je nach Kontext. Religiões, governos e ideias filosóficas ajudam ou falham – dependendo do contexto.
Wichtig ist: Armut ist gemacht. Sie ist nicht Natur, sondern Struktur. O mais importante: a pobreza é construída. Ela não é “natural” – é parte do sistema.
Und jetzt? E agora?
Vielleicht warst du schon mal am Rand. Vielleicht bist du es gerade. Talvez você já tenha estado à margem. Talvez ainda esteja.
Dieser Text will nicht urteilen, sondern zum Nachdenken einladen. Este texto não quer julgar, mas sim provocar reflexão.
Wenn du etwas sagen willst – hinterlasse einen Kommentar oder teile diesen Beitrag. Se quiser compartilhar algo – deixe um comentário ou compartilhe este texto.
✨ Denn wo man neu hinschaut, kann man auch neu handeln. ✨ Porque onde se olha diferente, se age diferente.
Wie funktioniert das Buchstäbche “H” im Bräsiljoonisch?
“H” om Wortoonfang – stumm, awer historisch
In Wörter wie Helena, hora, honra orrer história weerd das “h” net gesproch. Es steht dort aus etymologische Gründe, also weche der Hearkunneft aus dem alt Latin orrer Grechisch. Beispiele: Helena, honesta, hábito, história
Gehauchtes “h” – seltmol, doch oft in Fremdwörter
Mannichmol weerd das “h” tatsächlich ausgesproch – als leichte Hauchlaut, ähnlich wie im Deitsch. Das passiert bei Noome orrer Wörter aus annre Sproche stammend.
Ob ma’ das “h” haucht orrer net, hot oft zu tun wo in Bräsilje, ei in was für Reschion dren ma‘ wohnt.
“H” zusammer mit en anner Buchstoob – bildt en Digraph
Wenn das “h” noh c, l orrer n kommt, verännert es der Klang von dem Buchstoob dodavoar. Das nennt ma’ en konsonantische Digraph (zwooi Buchstoowe, awer nuar en Laut).
ch = klingt wie „sch“ → chave, cheiro
lh = klingt wie „lj“ → milha, velhinha
nh = klingt wie „nj“ → senhora, manhã
Das “h” hot hier keh eichne Laut, awer verännert nuar der Buchstoob davoar.
Como funciona a letra “H” na língua portuguesa?
H no início da palavra – mudo, mas com valor histórico
Em palavras como Helena, hora, honra ou história, o “h” não é pronunciado. Está presente por razões etimológicas, ou seja, por vir do latim clássico ou do grego. Exemplos: Helena, honesta, hábito, história
H aspirado – não é frequente, mas sim possível em algumas palavras de origem estrangeira no português moderno
Em alguns casos, o “h” pode sim ser aspirado, como um leve sopro — parecido com o som do “h” em alemão. Isso ocorre especialmente em nomes próprios ou palavras de origem estrangeira.
Hanoi (capital do Vietnã)
hóquei (do francês hockey)
Hilda (do alemão Hilde)
hunsriqueano riograndense (do alemão Riograndenser Hunsrückisch)
A pronúncia aspirada depende da região do país , às vezes do contato com outras línguas, etc.
H junto de outra consoante – forma dígrafo
Quando o “h” vem depois de c, l ou n, ele modifica o som da letra anterior. Chamamos isso de dígrafo consonantal (dois caracteres que juntos formam um único som).
ch = som de “x” → chave, cheiro
lh = som de “lh” → milha, velhinha
nh = som de “nh” → senhora, manhã
O “h” não tem som próprio, mas altera a consoante que o precede.
As gerações passam mas a língua fica, apesar de tudo…
Ruy Carlos Ostermann e o Silêncio Sobre as Línguas de Casa
Morreu ontem o jornalista Ruy Carlos Ostermann. A notícia circulou com força nas redes sociais. Claro, era de se esperar, pois parte alguém que marcou gerações. Muita gente comentou sua elegância no uso da língua portuguesa, sua lucidez, seu papel como cronista esportivo e pensador da comunicação. Justo. Mas há um detalhe em sua biografia que praticamente ninguém menciona, e que no Rio Grande do Sul virou norma se esquecer: qual foi a língua materna dele?
Ruy nasceu em São Leopoldo em 1931, filho de uma região em que o alemão, em diversas variantes, algo inerente nessa língua… era falado dentro de casa, na rua, na igreja e no comércio. Tudo indica que ele tenha crescido ouvindo, talvez falando, o Riogrand Hunsrückisch Platt, como tantas crianças de sua geração. E mesmo que a vida profissional dele tenha sido toda em português, essa outra língua também faz parte da sua história. Mas ninguém diz nada.
Isso acontece o tempo todo. Seja numa entrevista com um agricultor com evidente sotaque germânico, seja na biografia de uma figura pública que cresceu em comunidade bilíngue. É como se essas línguas simplesmente não existissem. Elas estão vivas no cotidiano de milhares de rio-grandenses, mas são tratadas quase como segredo de família, um assunto a ser evitado, como coisa sem nome. Outro porém: quem controla o microfone geralmente não tem preparação nenhuma para lidar com esse assunto (já vem de currículo?!). Só que isso não é nada normal.
Em democracias mais abertas à sua diversidade, a situação é bem diferente. Por exemplo, o caso do mais e das diversas línguas autóctones na Guatemala, a língua basca no País Basco (Espanha), o guarani no Paraguai… Mesmo em lugares como o estado de Washington, no Noroeste dos Estados Unidos, línguas minoritárias com presença bem mais recente do que as nossas, não são invisibilizadas, ao contrário. Por exemplo o castelhano só veio a aparecer no mapa, assim por dizer, nos últimaos trinta anos neste estado, mas ele já aparece em placas, postagens nas mídias sociais (por instituições governamentais, de ensino, sem fins lucrativos, privadas, etc.), em entrevistas, shows em clubes, homenagens. São amplos os sinais de reconhecimento da realidade social, dos convites ao pertencimento.
Uma forma gentil de mudar esse quadro seria simplesmente mencionar a língua de casa das pessoas quando se fala delas, não como se ela fosse uma língua estrangeira mas uma língua íntegra de sua comunidade, de sua zona agrícola, de sua cidade natal, de sua região. Não como curiosidade exótica constantemente vista como prestes a desaparecer, mas como parte da identidade de indivíduos, famílias, comunidades, tudo parte da formação histórica da sociedade atual.
Aliás, isso não vale só para o nosso hunsriqueano riograndense (ou Riograndenser Hunsrückisch, entre outros nomes, no próprio), mas também para o talian, para o kaingang, pomerano, polonês, para o guarani e outras línguas sul-brasileiras que há gerações insistem em viver, apesar do silêncio ao redor.
Se queremos uma sociedade mais justa, mais plural, precisamos começar por dar nome ao que existe. E as nossas línguas existem.
Das iss jo wie mear zwooi, ich unn mein Mann, grood die Tooche noch retuar von Mexiko ‘komm sinn.
Ei wie ma’ ‘s do sieht, dort unne leht jo die Stadt Seattle, der Washington See, unn ganz doder hinne sieht die Beerriche … wolle ma’ soohn, wie ich ‘s dann Momentan doorrich meinem Fluchschiffs Looderoohm fotografiert honn.
Alles sinn Schatte von Blau, wo dann zusammer komme unn das Bild echt schön mache, oh üwerschön, gell?!
[HD: Das Foto wurde durch den bei uns sogenannten „Ladenrahmen“ – also den Fensterrahmen – des Flugzeugs aufgenommen.]
[PT/BR: Voltando da terra dos Maia no México, fotografei o azul de Seattle logo antes de pousar nosso avião.]
Blick aus dem Fluchschiffloode uff Seattle mit Wasser, Insel unn Beerriche im Hinnergrund
Aroeira, Falsa Pimenta e o Parente do México Aroeira, Falsche Pfeffer unn die mexikoonische Verwandte
Se você cresceu no sul do Brasil, talvez já tenha ouvido falar da aroeira — aquela planta de folhas resistentes, frutos vermelhinhos e fama de “pimenteira brasileira”.
Wenns du im Süd von Bräsilje uffgewachs bist, kennst du vielleicht die Aroeira, wo en Planz iss mit feste Blätter, rötliche Früchte unn dozu dem Ruf, es wear en „bräsiljoonische Pefferpflanz“.
Mas você sabia que existe um parente muito parecido que cresce naturalmente no México e nos Andes?
Awer wussst du, dass ‘s en seahr ähnliche Verwandt gebt, wo in Mexiko unn in der Andes-Berriche wächst?
O nome científico dela é Schinus molle, conhecida como pimenteira-do-peru ou falsa-pimenteira.
Dem Boom sein wissenschaftlicher Noome iss Schinus molle, wo uff Deitsch oft Peruoonischer Pefferboom orrer Falscher Peffer genännt weerd.
Dois primos:
Zwooi Verwandte:
Característica Schinus molle (Pimenteira-do-Peru) Schinus terebinthifolia (Aroeira brasileira) Origem Andes, México Brasil, Paraguai, Argentina Folhas Longas, finas, pendentes Mais curtas, largas Uso culinário Frutos como “pink pepper” Também como pimenta rosa Nome comum Falsa pimenteira Aroeira, aroeira-pimenteira
Ambas pertencem à família Anacardiaceae – a mesma do cajueiro e da mangueira.
Die zwooi gehöre zu der Familje Anacardiaceae – gleich wie der Kaschuboom unn der Mangaboom.
É pimenta de fato? de verdade mesmo, só no nome! Peffer? ei nuar dem Noome Noh!
Apesar das aperências, essas plantas não são da família da pimenta-do-reino (Piper nigrum).
Obwohl se so aussiehn, gehöre die doch net zu dem Schwarz Peffer (Piper nigrum) sein Planz-Familje.
Mesmo assim, seus frutos secos são vendidos como “pink pepper” em misturas gourmet.
Trotzdem werre die getrocknete Früchte oft alswie „rosa Peffer“ in Geweerzmischunge verkooft.
Mas cuidado: podem causar alergias leves ou incômodos gastrointestinais se consumidos em excesso.
Awer Voarsicht: In grosse Menge könne se leichte Allerschie’e orre Magenbeschwerre provoziere.
Do mato ao prato Vom Strauch bis zum Teller
A aroeira é usada no Brasil como planta medicinal tradicional, em chás, banhos e tinturas.
In Bräsilje weard die Arroere noh Tradition wie Heilplanz verwendt … wolle ma’ soohn in Teeform, in Bääder unn Tinkture.
No México, a Schinus molle é mais paisagística: aparece em calçadas, praças e quintais
In Mexiko sieht ma’ Schinus molle öfterschs in Stadtparks unn on Strosse, es dient jo wie Schatteboom unn wie en lewendich städtische Ornament.
Uma planta sul-americana que conquistou o mundo En südamerikoonische Planz, wo sich weltweit verbreidt hot
Hoje, tanto a aroeira quanto sua prima andina são cultivadas em vários continentes.
Heit wachse sowohl die Arroere wie ihre Anden-Verwandte uff viele Länner unn Kontinente.
Foram levadas como plantas ornamentais e viraram espécies invasoras em regiões como Califórnia, Havaí e África do Sul.
Sie worre wir Ornament/Zierplanze ingefeahrt unn sinn heitztooch invasive Plantz-Oorte in Plätzer wie Kalifornje, Hawaii unn Südafrika.
Reconhecendo a árvore Die Planze erkenne
Se as folhas são fininhas e pendentes, e os frutos vão do verde ao rosa vibrante, como na foto aqui, daí trata-se duma Schinus molle.
Wenn die Blätter lang und hängend sinn unn die Früchte sich von grün zu rosa wechsle, wie uff dem Bild dohie, dann iss es Schinus molle.
Se for mais arbustiva, com folhas largas e redondas, é nossa velha conhecida aroeira.
Iss es en buschicher Strauch mit breite, lanzettförmiche Blätter, dann iss es die bekannte Arroere.
As fotos abaixo eu mesmo tirei semana passada no sítio arqueológico de Teotihuacán (Teutituakan), localizado não longe da capital federal, da Cidade do México. Os frutos vermelhos que aparecem aí são da aroeir Schinus molle, também conhecida como falsa-pimenteira (idem da que dá naturalmente no Peru, nos Andes).
Hiedie Bilder do, die honn ich selwer letzt Woch gemacht om archäologische Platz Teutituakan, wo net weit wech von der Haupt Stadt von Mexiko, ei von Mexiko-Sadt, leht. Die rot/rosarote Beercher sinn jo von der Schinus molle Arroere, ooch bekannt alswie falsche Pefferplaz (die befinndt sich ooch von Natuar hear in Peru, uff der Andes-Kordilhere).
Conclusão | Schlusswort
A aroeira do Brasil tem uma prima mexicana. Ambas produzem pimentas que não são pimentas.
Die bräsiljoonische Arroere hot en mexikoonische Vetter. Die zwooi troohn Früchte, wo keh echte Pefferkörner sinn.
Mesmo assim, fazem parte da tradição, da paisagem e até da mesa.
Trotzdem gehöre se zu der Tradition, zu der Landschaft – unn manchmo ooch uff der Tisch.
Você conhece essas plantas? Já usou alguma delas? Comente abaixo!
Kennst du die Plänze? Host du die schon mol benutzt? Schreib uns en Kommentar!
P.S.: Produzido com apoio de IA, curado por mim. P.S.: Mit KI erarbeitet, von mir kuratiert.