“Procure ‘lidar’ com coisas que você não pode mudar”.
(Incidentalmente ou como se diz no alemão-padrão nebensächlich e no dialeto newesächlich, note que diferentemente do alemão e do inglês, no português a gente tende pela colocação do ponto final fora das aspinhas).
No Hochdeutsch/Hochdeitsch/alemão-padrão:
“Versuche dich mit Sachen abzufinden, die du nicht ändern kannst.”
E no nosso dialeto RIOGRANDENSER HUSNRÜCKISCH:
“Versuch dich mit Sache ‘abzufinne’, wo du net ännre kannst.”
Digo no “Riograndenser Hunsrückisch” de propósito … mas ao dar nome a minha língua regional, eu não estou dizendo que não existem outras variantes dialetais parecidas … que nelas não se diga isto ou aqui igual ou parecido como nós falamos – Ara, mas e pq estou mencionando isso? É porque tem uma pessoa que não concorda que eu chame o nosso dialeto de “riogradense” e já falou insistentemente isso em público mais de uma vez; só que não estou sozinho nesta, nem fui eu que criei este nome da nossa língua regional alemão; e isto está fartamente documentado, inclusive no mundo acadêmico. Ora, seria você ir na França alemã e reclamar que eles chamam seu dialeto de Lothingisch (Lotringen é a região na França onde se fala o mesmo dialeto falado na região vizinha, fronteiriça do Hunsrück, no sudoeste da Alemanha. A realidade é que nos últimos duzentos anos uma cultura teuto-gaúcha se desenvolveu, e ela tem todo um dialeto alemão que a acompanha (entre a zona antiga de colonização e a nova … tanto que há levas de imigrantes que cruzaram o rio Uruguai e há gerações vivem na vizinha Argentina, até hoje se identificam como Deitschbrasiliooner, e entre eles/as muitos/as ainda falam o essencialente o nosso alemão, uma língua germânica típica do RGS, onde até hoje estima-se um bom quarto dos/as habitantes do estado falem esta língua em algum nível de fluência [o bilingualismo praticamente esconde esta realidade linguística da vida pública] , uma língua que se desenvolveu neste estado no decorrer dos anos, sendo o maior conglomerado de falantes de alemão em termos de número total em todo o Brasil e na Bacia do Prata. Além disto, como parte da expansão das Colônias Velhas (geralmente no plural em português) do leste gaúcho, chamada de die Altkolonie (geralmente no singular no dialeto) no Riograndenser Hunsrückisch, para as Colônias Novas, die Neikolonie, ou seja para o Noroeste do RGS … pois bem, esta expansão adentrou o Oeste catarinense, e alí, mesmo sendo Santa Catarina, fala-se o RIOGRANDENSER HUNSRÜCKISCH, assim como nas províncias vizinhas da Argentina, por exemplo Misiones, onde se fala o RIOGRANDENSER HUSNRüCKISCH … Anos depos, toda aquela alemoada da NEIKOLONIE que se mudou para o Oeste do Paraná, como eu mesmo tenho tios, tias, primos e primas lá (assm como tenho na migração para a Argentina), você chega numa comunidade dessas, digamos lá por TOLEDO no Paraná, o dialeto alemão alí falado é RIOGRANDENSER HUNSRÜCKISCH. Dito isto, sim tem lugares onde pessoas do Hunsrück redondezas se assentaram no Brasil e preservaram a língua, notóriamente na costa atlântica catarinense, com em Biguaçú, SC (pode procurar no Youtbe e escutar as conversas em alemão Hunsrückisch, é uma língua aparentada à variedade gaúcha mas já bem diferente … isto é óbvio para qualquer leigo, muito mais para alguém que estuda dialetos, linguística, enfim; igualmente temos falates de alemão Hunsrückisch no Espírito Santo). No caso, por prescitivismo e ideologia étnica querer unificar tudo numa língua só eu considero uma empreitada falha. MAS dito isto, não quer dizer que não se produza eventualemten um dicionário vamos dizer que contenha todas as variantes de uma palavra, seja ela de Lothingen/Lorena na França, no Palatinado/Pfalz, na Pensilvânia, em SC, Paraná, Misiones, RGS … então um dicionário farto e cobrindo tudo seria o ideal e de fato há tecnologia para se produzir algo assim hoje em dia com muito maior facilidade que anos atrás. também, igualmente, precisamos de uma gramática compreensiva e comparada, isto é uma coisa que PRECISAMOS ASSIM URGENTEMENTE … e sim eu creio que o Ministério da Cultura do Brasil, e a Secretaria do Estado do RGS deviam puxar o carro e fazer isto acontecer…
Pois bem, como expliquei em outra ocasião, é muito interessante pois existe um tipo dum paralelo na América do Norte, onde nos Estados Unidos, se denvolveu um dialeto alemão que ganha vários nomes, entre nomes diferentes no dialeto bem como no inglês, mas basicamente é o Pennsylvanisch Deitsch … quer dizer, o nome do estado da Pennsylvania é utilizado para se nomear esta língua, pois alí historicamente se concentrou o maior número de falantes. Mas essa língua é falada em vários outros estados, em alguns deles sendo um regionalismo histórico forte … e é falado inclusive no Canadá, mais ao norte. Além disto, outra similaridade com a nossa língua alemã é que o Pennsylvania Deitsch tem suas origem, suas raízes linguísticas no Palatinado, chamado de die Pfalz no alemão padrão (e nem muito sabido na Alemanha, no dialeto daquela região, se diz Palz, pois não tem o PF comum no Hochdeutsch, então eles mesmo chamam seu dialeto de Pälzisch em vez de Pfälzisch); bom o Palatinado fica do lado do Hunsrück e no caso do nosso RIOGRANDENSER HUNSRÜCKISCH, o termo Hunsrückisch ficou privilegiado quando na verdade as raízes linguísticas talvez seja até mais fortes no Palatinado do que no Husnrück em si. Mas enfim, então temos também esta similaridade com o dialeto falado na América do Norte – e notem que ele existiu aqui no norte já desde BEM ANTES do início de nossa língua no RGS em 1824… MAS uma das grandes diferenças entre a nossa alemoada e a alemoada daqui, é que aqui a língua ficou preservada por tanto tempo meio que artificialmente, ou seja, foi por causa de crenças religiosas, basicamente de seitas que por um lado pregavam a necessidade de ler as chamadas Escrituras Sagradas em alemão, enquanto se mantinham apartados da sociedade americana em geral pois caracteristicamente se exquivaram de utilizar máquinas agrícolas, e teconologia em geral, optando religiosamente por uma vida simples no campo ou em povoados … Tanto que no decorrer dos anos que tenho morado nos EUA, muitas pessoas daqui ao descobrirem que eu falo alemão, pensam que minha gente são membros de alguma seita cristã obscura, ou dos Menonitas, Amisch ou sei lá … Então, nem no resto do Brasil, muito menos no exterior, as pessoas entendem que a língua alemã faz parte do histórico de desenvolvimento de zonas inteiras do sul do Brasil, que a língua corrente regional desde tempos pioneiros era uma variantes própria, que chegou a se impôr além das fronteiras do estado, mas isto de forma natural e orgânica, simplesmente pois como o RGS tem uma cultura teuta sua, naturalmetne houve expansão desta pois contrário do que reza o estereótipo, nós teuto-riograndenses não somos gente fechada, isolada, paradas e cimentadas no tempo … Veja bem, uma teoria que se houve muito seria que nossa língua não é mais falada na Alemanha, que ela é um alemão regional de duzentos anos atrás… meu deus, ficaram doidos?!?!?! por um lado me dizem que a minha língua materna nem alemão não é – implicando que tem palavras demais em português misturado nela – tudo bem, isto é um fato e eu o vejo com a maior naturalidade .. . mas parem de fazer listas de palavrase publicar elas dizendo nós falamos Fakong que não é nem alemão e nem português, com um tom depreciativo. Ora, nós conhecemo o termo Messer, mas o facão é um tipo bem brasileiro de Grossmesser … Claro, sim temos termos incorporados à nosso falar germânico que nem sabemos mais como se diz num alemão sem influência da lígua nacional – um exemplo é como nesta frase: Ich hoon viele Primos im Paranoo (Paraná como nós falamos, se fosse grafar com o português nosso nome alemão para este estado, isto ficaria assim: Paranó) = Tenho muitos primos no Paraná. Mesmo nesses casos, que têm muitos como as palavras primo e prima, muitas vezes há uma explicação plausível para isso, tipo em certos casos não havia um só termo generalizado para tal palavra na Alemanha anos atrás; ou no caso de Vô e Vó = Opa e Oma, que na minha região de origem no Noroeste do RGS não se conhecia no nosso dialeto regional … mas fui pesquisar e descobri que essa palavras só ficaram conhecidas universalmetne uns cem anos atráss na língua alemã (e fora dela também, pois praticamente todo mundo nos EUA sabe que são temos afetivos pra vovô e vovó – Mas aí chego eu aqui anos atrás, falo alemão, e os americanos confusos ao notarem que eu nem tinha noção o que significava Oma e Opa; inclusive foi engraçado que perguntei uma irmã minha que hoje mora em SC, e minha mãe que atualmente também mora lá, o que elas achavam que significava Oma e Opa, e ambas me disseram, separadamente, que ORA BOLAS, TODO MUNDO SABE QUE ISSO É ITALIANO PRA VÔ E VÓ, ha ha ha …).
A coisa importante pra se manter em mente é que nós temos um regionalismo linguístico próprio. Ele sofreu toda sorte de intempéries consequentemente está em perigo de extinção. Vocês mesmo devem conhecer famílias onde nenhuma das crianças e dos/as membros da família mais jovens fala mais nossa língua. Isso é uma grande tragédia. Antigamente, dentro de um conceito totalmente antidemocrático e elitista, imperava uma ideologia política na qual a pessoa devia ter somente uma língua -exeto a elite; e dentro daquela narrativa totalitária e desumana, quem cultuava uma língua menor estava praticamente impedido de progredir na sociedade maior (enquanto o Estado Brasileiro nos proibiu de falar nossa língua em público e em privado, fechando escolas, queimando livros em praças públicas … E DEPOIS IMPEDINDO ESCOLAS A ENSINAR NOSSA LÍNGUA ATÉ ESTARMOS CRESCIDOS PARA FAZER-NOS ANALFABETOS EM NOSSO IDIOMA MATERNO … as elites enviavam seus filhos e filhas para estudar a nossa língua na Alemanha e Suíça – SEJA UM MENSCH E PERMITA-TE A SENTIR INDIGNAÇÃO, EM NOME DE NOSSOS ANTEPASSADOS, que no fundo somos pagãos ainda, e o culto aos antepassados está em nós ainda … MAS UTILIZE ESTA REVOLTA POSITIVAMNETE, utilize-a de forma construtiva!!!!!).
Fratzbuch: Riograndenser Hunsrückisch
4. März 2014
Facebook: Paul Beppler
Bittschön, weiter vertehle
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