A língua alemã é uma língua pluricêntrica, falada em diversos países da Europa. Além disso, existem as línguas-irmãs dentro da família germânica. É importante lembrar que as línguas do mundo não são meros espelhos ou equivalentes umas das outras.
No caso do alemão, os nomes dos principais dialetos (bávaro, suábio, frâncico/palatino — incluindo variantes do Hunsrück —, saxônio, baixo-alemão, entre outros) representam contínuos dialetais, ou seja, agrupamentos de variantes que remontam às tribos germânicas confederadas desde a Antiguidade. Essas tribos foram sendo identificadas e descritas conforme os primeiros contatos com o Império Romano.
O Hunsrückisch surgido na região da Altkolonie do Rio Grande do Sul e posteriormente expandido para outras áreas funcionou como língua franca entre diversas variantes germânicas transplantadas da Europa. Ao longo dos últimos duzentos anos, desenvolveu-se de forma natural e orgânica, criando assim novas palavras para descrever a fauna, a flora e absorvendo influências da língua nacional em temas como direito e política.
É preciso compreender que a nossa língua é uma língua germânica mas unicamente brasileira. Não é um dialeto da Alemanha transplantado para o Brasil há dois séculos e mantido congelado no tempo, como frequentemente se afirma por aí. Nesse contexto, é questionável continuamente atribuir à falantes dessa língua a condição de “imigrantes”. Sendo que, na maioria dos casos, trata-se de pessoas que têm gerações de antepassados nascidos no Brasil, portanto não é correto classificar esse segmento da população como “imigrantes” e nem mesmo como “filhos de imigrantes”. Ora, imigrantes são aqueles cidadãos brasileiros que hoje vivem em Berlim, Munique, Hamburgo, para estudar ou trabalhar; e os filhos deles é que são filhos de imigrantes — só para dar um exemplo.
Resumo: A população brasileira que tem o alemão como língua materna fala, sim, uma língua regional brasileira. Em sua raiz e essência, trata-se de uma língua germânica, mas não de uma língua da Alemanha.
Feliz Dia Internacional da Língua Materna!
Unn liewe Glückwunsch an all, wo Derheem Deitsch gelernt hot – loss uns unser Moddesproch net aussterwe!
- Paul Beppler / Admin.