“Deutschbrasilianisch” von Georg Knoll (Rotermund Kalender, 1912)

Screen Shot 2014-01-29 at 12.07.28 AM

Zweisprachig Gedicht von Georg Knoll, aus Kronberg, Taunus, Deutschland, geboren am 23. September, 1861. Nach Brasilien ausgewandert, liess er sich endlich und permanent in Blumenau, Bundesland Santa Catarina, Südbrasilien, nieder.

Er arbeitet in Brasilien als Übersetzer, und übertragte brasilianische Autoren wie José de Alencar und Monteiro Lobato ins Deutsche. Beide seine Eltern in Deutschland waren Lehrer und Lehrerin.

Deutschbrasilianisch.

João, der Johann, Pedro, Peter,
gingen in das Feld, die Roça,
den Machado hat der Johann,
und die Axt hat sein Genoße.

João trägt eifrig die chaleira,
Peter hat den Topf beim Kragen;
João schleppt sich mit Pinienreisern,
Grimpas muß der Peter tragen.

Pedro geht mit der Isqueira,
Feuerzeug mit Stahl und Zunder;
João trägt andere tarecos
und der Peter andren Plunder.

Pfeife raucht der gute Peter,
Doch der João raucht Cachimbo;
Fumo raucht der Peter langsam,
Tabak raucht der João geschwinder.

Pedros Roça ist gechlagen
und der Wald längst derrubado.
Johanns Feld hat schlechte Erde;
denn das Land ist schon cançado.

Peter trinkt den Herva Mate;
denn er liebt den Chimarrão;
Tee aus Paraguay hier lutschend
sehen wir den guten João.

Milho pflantz der gute Peter,
doch den Mais den pflanzt João,
Bohnen pflanzen auch der erstre,
doch der andre pflanz feijão.

Eine Mula hat zum Reiten,
hier der Peter in der Flur,
João ist nicht so reich zu nennen;
denn er hat ein Maultier nur.

Deutsch spricht klar der gute Peter,
para ensinar die Kinder.
Weder Deutsch noch Brasilinanisch
sprecht ihr beiden Spracheschinder.

Georg Knoll
Rotermund Kalender / Anuário (1912)

Screen Shot 2013-08-23 at 4.46.06 AM

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte:
A produção lingüística dos imigrantes alemães no Brasil
por José Luís Félix (Unesp – Assis / Brasil)

Click to access 5pNhQXIO.pdf

Screen Shot 2014-01-29 at 12.07.28 AM

Fundamentos para uma escrita do Hunsrückisch falado no Brasil

Clique na imagem para aumentá-la, para ler o melhor o texto nela contido.
Mach en Klick uff’s Bild, um es zu vergrössre – so dass du der Text lese kannst.
Screen Shot 2014-01-07 Altenhofen Muttersproch Sankt Leopold - RS.jpg

Screen Shot 2014-01-29 at 12.07.28 AM

www.revistacontingentia.com | Cléo V. Altenhofen; Jaqueline Frey; Maria L. Käfer; Mário Klassmann; Gerson R. Neumann; Karen Pupp Spinassé

Fundamentos para uma escrita do Hunsrückisch falado no Brasil1

Cléo V. Altenhofen / Jaqueline Frey / Maria Lidiani Käfer / Mário S. Klassmann / Gerson R. Neumann / Karen Pupp Spinassé

This paper discusses a foundation for writing Hunsrückisch as a German immigrant language in contact with Brazilian Portuguese. This foundation brings together the main conclusions obtained by the Group for the Studies of Hunsrückisch Writing (Grupo de Estudos da Escrita do Hunsrückisch – ESCRITHU). This group was formed at the Language Institute at the Federal University of Rio Grande do Sul with the goal of proposing not only a system of orthographic norms for a language that exists mostly just in oral forms, but also to encourage research on and linguistic education for speakers of this immigrant language. An already extant literature in Hunsrückisch includes journal and magazine texts such as Sankt Paulusblatt or the Brummbär-Kalendar, published between 1931 and 1935, as well as texts by authors such as Rambo (2002 [1937-1961]), Gross (2001), and Rottmann (1889 [1840]). From these texts various writing formats, guidelines, and goals for an orthographic norm are analyzed, be they for the written expression of the speakers or for useful instruments in the transliteration of ethnotexts within the ALMA-H project ( Linguistic-Contactual Atlas of the German Minorities in the La Plata Basin: Hunsrückisch), with which ESCRITHU collaborates.

Key words: immigrant minority language; Hunsrückisch; orthography; written language; German teaching.

1 Introdução

Com as discussões em torno da criação, no âmbito do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional),2 de um Livro das Línguas Brasileiras, tem crescido o interesse na organização social das cerca de 180 línguas indígenas e aproximadamente 30 línguas de imigração faladas ao lado do português, no Brasil. Como uma dessas línguas do tipo alóctone ou de imigração3 mais em evidência, ainda recaem sobre o Hunsrückisch uma série de tarefas. Uma dessas tarefas advém justamente da sua condição de variedade dialetal essencialmente falada, que não dispõe de uma prática e registro escrito sistematizados, função que até hoje tem sido coberta pelas normas cultas do Hochdeutsch e do português.

Entende-se, assim, por que o falante de Hunsrückisch, apesar de ser esta sua língua materna, sempre cogitou exclusivamente do português ou do alemão-padrão para a função da escrita, a não ser em situações em que comumente aflora o desejo de expressão da identidade e da cultura local, como nos texto humorísticos. Um exemplo que ilustra a primazia da língua-padrão para a função escrita são os Wandschoner (panos para proteger parede), dos quais não temos conhecimento de exemplar que apresente uma frase ou ditado no dialeto local, embora muitas vezes com algum traço de coloquialidade.

Neste sentido, pode-se admitir que, ao longo da história do contato alemão-português, tenha ocorrido uma espécie de diglossia, como os lingüistas chamam o uso de duas variedades (alta e baixa) para funções sociais distintas. Isso significa, em outras palavras, que se falava Hunsrückisch, porém se escrevia Hochdeutsch – a Schriftsprache, ou ainda popularmente o “alemão gramatical” –, isto é, uma variedade aprendida na escola, com o auxílio de uma gramática que sistematiza e normatiza essa escrita. Com a política de nacionalização do Estado Novo (1937-1945) e a conseqüente repressão e retrocesso do ensino de alemão na escola básica e fundamental, a função de língua escrita passou a ser
assumida pelo português.

Apesar dessa tendência geral, é possível identificar um conjunto de textos em Hunsrückisch que permitem ao menos falar de uma “pequena” tradição escrita nessa variedade. É verdade que o teor desses textos atende a um apelo fortemente humorístico sobre um fundo metarreferencial que busca documentar e cultivar um modo de expressão familiar e de cunho identitário. Poderíamos falar por isso da existência de etnotextos escritos e de uma visão de mundo que reflete a cultura do grupo étnico em questão. O
que, no entanto, falta que impeça e justifique uma produção escrita mais significativa e constante, onde antes só havia a oralidade? Constitui uma premissa deste estudo a convicção de que cabe atribuir ao dialeto, antes de tudo, o mesmo status de língua a que têm direito o alemão-padrão e o português enquanto línguas históricas com existência oral e escrita. Isso implica naturalmente a criação de um instrumento inicial de sistematização dessa escrita, como ponto de partida.

A idéia de fixar, ou melhor, normatizar uma escrita para o Hunsrückisch tem, portanto, fundamento no próprio papel que a escrita exerce enquanto forma de expressão e segue, como tal, princípios próprios observáveis, por exemplo, na história de todas as grandes línguas internacionais. Todas essas línguas tiveram, em seus diversos estágios, especialmente os iniciais, variações muito grandes da grafia de uma mesma palavra ou lexema e, só com a prática e o trabalho de sitematização de estudiosos, foram
estabelecendo sua norma escrita como a conhecemos hoje.

O presente artigo reproduz, de certa forma, esse caminho clássico. Pretende-se, com a consideração da “pequena” tradição, a que já se aludiu, dos estudos existentes, bem como de uma série de princípios previamente fixados, propor um conjunto de normas que oriente uma escrita sistematizada do Hunsrückisch. Para tanto, criou-se no Instituto de Letras da UFRGS o Grupo de Estudos da Escrita do Hunsrückisch (ESCRITHU) que tem por objetivo não apenas criar esse sistema de normas, mas também refletir e
fomentar o estudo e educação lingüísticas dessa variedade que, segundo estimativas de pesquisas, conta com cerca de 500.000 falantes só no Rio Grande do Sul.4 O grupo ESCRITHU, constituído em sua maioria por falantes de Hunsrückisch e pesquisadores dessa variedade de contato com o português, insere-se no projeto ALMA-H ( Atlas Lingüístico-Contatual das Minorias Alemãs na Bacia do Prata: Hunsrückisch), como
sub-projeto deste (v. ALTENHOFEN 2004).

2 Princípios de ortografia: por onde orientar a escrita do Hunsrückisch?

Antes de fixar ou optar por qualquer proposta de registro escrito de uma língua como o Hunsrückisch, é preciso perguntar sobre os objetivos a que se destina tal escrita. Neste particular, podemos identificar diferentes pontos de vista, que refletem uma série de dilemas, entre os quais se pode destacar:

1.°) o dilema entre “o ideal fonográfico (uma escrita que refletisse regularmente uma forma idealizada de pronunciar) e o princípio ideográfico (que opta por manter a etimologia, a notação das palavras em sua língua original)” (MORAIS 2003, p. 11).

2.°) o dilema entre considerar a vinculação histórica com a matriz lingüística original e o desejo de se afastar e diferenciar dessa origem, em virtude de uma identidade nova.

3.°) finalidades de leitura (receptiva) e de produçâo escrita (autora).

4.°) a finalidade estritamente comunicativa e prática versus o propósito didático-pedagógico, com o intuito de desenvolver a reflexão e educação sobre a língua;

5.°) definição de um público-alvo fechado e restrito aos usuários da língua grafada membros da comunidade lingüística ou público-alvo aberto a não-falantes ou membros de outras comunidades lingüísticas.

O primeiro aspecto levanta, segundo Morais (2003), questões que vão muito além da mera codificação de relações som-grafema. Se simplesmente seguíssemos a tese da “escrita fonética” (=escrever como se pronuncia), que seus defensores acreditam ser mais simples, teríamos ao final mais de uma língua escrita, pois é diferente a natureza interpretativa do som pelos diferentes falantes, assim como também variam as pronúncias na produçâo oral dos falantes. Conforme enfatiza Morais (2003, p. 13), “a perfeiçâo
alfabética é uma ilusão”, seja qual caminho se adote, e “sempre as soluções encontradas terão sido opções, soluções arbitradas que se transformaram em convenção, lei”.

Neste sentido, o que o grupo ESCRITHU está propondo vai muito no sentido de fixar “normas ortográficas” por onde se possa sistematizar a escrita do Hunsrückisch. Evidentemente, essas normas seguem determinados objetivos e opções mais imediatos. Mas será a recepção pelos usuários e a prática de escrita e leitura pelos falantes e demais interessados que darão legitimidade a essas normas de grafia, sugerindo inclusive as alterações que couberem. Por esta razão, na tentativa de harmonizar os diferentes opostos dos dilemas apontados acima, fixamos os seguintes critérios e objetivos:

a) Entende-se a escrita, acima de tudo, como convenção e regra sistemática que, como qualquer sistema novo que se fixe, por mais simples que seja, precisa ser aprendida (neste sentido, importa o resultado que a leitura de um segmento produz oralmente; p.ex. se fixarmos que Johr ‘ano’ se lê como Rohr ‘cano’, a representação grafemática do segmento é lida como tal, e não de outra forma, seguindo outro paradigma).

b) A proposta não se direciona apenas a falantes de Hunsrückisch, mas pretende ser compreensível também a membros falantes de outras variedades do alemão (uma escrita puramente fonética baseada no português excluiria o público não-falante nativo e aumentaria o vácuo entre o Hunsrückisch e o Hochdeutsch, não permitindo por exemplo que um professor de alemão fizesse comparações relevantes, para fins
didáticos).

c) Distingue-se entre as habilidades de escrita e de leitura de textos produzidos de acordo
com as normas fixadas (a primeira certamente exige um grau de letramento e portanto de familiaridade com o alemão escrito maior).

d) Vale ressaltar que o Hunsrückisch é entendido como “língua” distinta do Hochdeutsch (alemão-padrão), embora se vincule a ele historicamente e por semelhança lingüística. Quando se adota no Hunsrückisch traços da escrita semelhantes à do Hochdeutsch, não se está de modo algum adequando ou adaptando a forma, mas sim apenas adotando uma convenção que atesta uma coincidência de formas independentes,
apesar da semelhança.

e) Não se considera que o pré-conhecimento de elementos gráficos do Hochdeutsch esteja totalmente ausente. Pelo contrário, partimos do princípio de que os falantes de Hunsrückisch possuem, naturalmente em grau variado, alguma noção prévia de convenções da escrita do alemão, desde sobrenomes ( Schneider, Müller, Neumann, Käfer etc.) ou inscrições de topônimos ou festas observáveis no meio social, até o
acesso a publicações locais em alemão ( Familien-Kalender, Sankt-Paulus-Blatt etc.).

f) A proposta tem por isso objetivo didático, no sentido de que visa não somente a instrumentalizar o falante e a nós próprios para o registro do Hunsrückisch, como também fomentar a educação lingüística dos falantes sobre o papel e funcionamento de sua língua materna e de uma língua de modo geral.

g) Reconhecem-se pelo menos três grandes variantes do Hunsrückisch, partindo da tipologia de Altenhofen (1996, mapa 6, v. anexo), a saber:

1. Hunsrückisch com traços [+ moselanos] (o tipo com maior número de traços dialetais que o distanciam do Hochdeutsch): p.ex. falantes de dat/ wat (predomina na maioria dos autores, como RAMBO [1937-1961] e BRUMMBÄR-KALENDER [1931-1935]);

2. Hunsrückisch com traços [+ renanos] (segundo o estudo de Altenhofen (1996), o tipo mais falado): p.ex. falantes de das/ was (mais comum em SPOHR [vários] e em GROSS 2001);

3. Hunsrückisch atenuado, com traços mais próximos do padrão: p.ex. falantes de /ai/ em lugar de /e:/, como em Bein, (mais comum em FLACH 2004).

O ESCRITHU respeita cada uma dessas variantes como legítimas e toma como regra que cada autor utilize a sua variante materna, porém com as mesmas normas de escrita de cada som específico.

h) A proposta destina-se inicialmente às finalidades internas do Grupo, mas, conforme já se disse, será sua prática e utilização externa, através de uma série de testes e atividades que, eventualmente, podem ser realizadas (p.ex. workshops, publicação de textos etc.), que lhe conferirá a eficácia desejada.

i) É uma das intenções do ESCRITHU elaborar posteriormente um Dicionário trilíngüe
Hunsrückisch-Hochdeutsch-Brasilianisch (compreende-se o dicionário igualmente como instrumento de auxílio para consulta de dúvidas sobre grafia, como comumente fazemos até mesmo no português e no alemão-padrão).

j) A escrita proposta servirá de base para a transliteração de dados, sobretudo etnotextos, coletados pelo ALMA-H na rede de pontos do projeto (ao todo, 38).

k) A presente proposta de escrita considera a tradição pré-existente e a vinculação histórica e lingüística ao alemão, de onde proveio (critério genético). Do ponto de vista da gestão da língua pela comunidade de fala, ao contrário, reconhece-se o status de brasilidade da língua de imigração Hunsrickisch, com língua brasileira que adquiriu sua autonomia e traços particulares no novo meio.

Segue a análise e discussão de alguns problemas e opções envolvendo diferentes aspectos passíveis de sistematização no registro escrito de sons do vocalismo e consonantismo, bem como de aspectos tipográficos e formais. Casos mais problemáticos e polêmicos, para os quais não existe ainda consenso, serão resolvidos através da prática de uso das normas ortográficas pelos diferentes usuários.

2 Aspectos tipográficos

a) Substantivos com inicial maiúscula ou minúscula

Uma das primeiras decisões que cabe tomar envolve o registro da inicial dos substantivos. Poderia alguém alegar que o uso geral de inicial minúscula, como no português, facilitaria a escrita. Outros, porém, como por exemplo aprendizes de alemão têm apontado a vantagem de, na leitura, reconhecer e identificar mais facilmente os componentes da frase, na medida em que o substantivo aparece discriminado pela inicial maiúscula. Não nos parece problemático optar por esta última forma, principalmente se pensarmos no caráter pedagógico que queremos imprimir ao trabalho com a escrita do Hunsrückisch. Além disso, tal decisão é respaldada quase unanimemente na tradição (vejam-se RAMBO [1937-1961], FLACH 2004, GROSS 2001, MÜLLER 1996, BRUMMBÄR-KALENDER [1931-1935], COLLISCHONN [vários], dentre outros).

b) Palavras compostas

O mesmo argumento da compreensibilidade do escrito vale para as palavras compostas que, a nosso ver, deveriam respeitar a forma aglutinada, por constituírem unidades semânticas próprias (p.ex. Reenscherrem ‘guarda-chuva’, e não Reen scherrem, Tischtuch ‘toalha de mesa’, e não Tisch tuch). A forma separada pode dar margem a dúvidas e ambigüidades, como p.ex. em spritz bier ‘ Spritzbier, a cerveja caseira’.

c) Empréstimos do português: empréstimos integrados ou estrangeirismos

No caso dos empréstimos do português, maciçamente encontrados no Hunsrückisch, colocam-se dificuldades em exemplos, onde a ortografia do português difere substancialmente da do sistema de referência do alemão e, por conhecimento do português, tendêssemos à ortografia da língua de origem. Um exemplo que ilustra esse impasse é o lusismo calçada, que no Hunsrückisch pode aparecer como estrangeirismo (quando mantém a mesma forma da língua-fonte) – neste caso, die Calçada – ou como empréstimo já integrado ao sistema fonológico do Hunsrückisch – neste caso, die Kalsoode. Tal se observa também em galicismos como die chamant ‘simpático’ (fr. charmant). Como proceder nesses casos?

Seguindo os princípios fixados, poderíamos sugerir que os estrangeirismos seguem a ortografia da língua de origem, e os empréstimos integrados as regras da escrita do Hunsrückisch. A isso, porém é preciso somar a força do uso corrente e recorrente de determinada forma. A prática ainda nem sempre tem sido tão conseqüente, como mostra o título de um texto de W. H. Collischonn, na coluna Der Friedolin, intitulada Uff de Calçode abgeritscht. Nos parece que a sistematização proposta pode ajudar como orientação, embora se deva reconhecer que esses casos são fortemente regulados pela regra do uso, a qual explica por exemplo grafias como Chor ‘coral’, ao invés de Kohr, que causaria forte estranhamento no leitor. Nessa linha de raciocínio, é preciso levar em conta também grafias como a do exemplo Calçode. A prática do uso recorrente certamente irá regular esses casos.

Vale ressaltar que, na nossa concepção de escrita, entendemos que ao processo de leitura de um texto subjaz um diálogo intertextual e intercultural, no qual o leitor compara e associa conhecimentos e palavras. Ou seja, um texto em Hunsrückisch não existe no vácuo, mas dialoga com outros textos inclusive textos escritos em português e Hochdeutsch.

3 Vocalismo

3.1 Duração da vogal

No português, não há distinção entre vogais breves e longas, e conseqüentemente, não há grafemas no português para marcar esta distinção, o que nos leva a recorrer a regras do alemão.

3.1.1 Vogais breves

a) No alemão, vogal seguida de duas consoantes é pronunciada com duração breve. Essa regra é seguida de maneira mais ou menos conseqüente pelos autores que escrevem em Hunsrückisch:

“Wenn de alte Vetter Pitter sei gross Brill uff die Nas gesetzt hot” ‘Quando o velho tio Pedro acavalava os óculos sobre o nariz’ (RAMBO 2002, v. 1, p. 156)

“Donnaschtags Mittags hatt’a de Zug geholl bis Santa Maria“ ‘Quintas-feiras à tarde pegava o trem até Santa Maria’ (FLACH 2004, p. 102)

“Die Kinna wolle, die Fraa will, unn de Mann will nix demit wisse. Unn dann?“ ‘As crianças querem, a mulher quer e o homem não quer saber de nada disso. E daí?’ (SPOHR, Familien-Kalender 2006, p. 130)

A regra aplica-se de modo geral também a exemplos monossilábicos muito freqüentes, como uff, unn e honn. Talvez, aqui, o uso e a prática possam sugerir uma forma simples.

b) Um caso particular de aplicação dessa regra são os exemplos decorrentes da adição de uma vogal epentética, como em Milch ‘leite’, que se torna Millich, ou Berg var. Berch ‘morro’, que fica Berrich. A duplicação da consoante, para marcar que a vogal é breve, é usada pela maioria dos autores, como Spohr (p.ex. Kerrich, Familien-Kalender 2006, p. 106) e principalmente Rambo ( Kerrich, 2002, v. 2, p. 49; Millichstross, 2002, v. 1, p. 81). Em nossa proposta, apesar da inclinação inicial para a forma simples, por questões, decidiu-se por fim pela aplicação sistemática da regra apresentada em a).

c) As vogais átonas não oferecem grandes problemas, a não ser a vogal /a/ em final de sílaba, que em muitas palavras, e inclusive em nomes e sobrenomes (ex. Peter, Schneider, Käfer), é grafada como < -er>. Aqui, parece haver bastante divergências.

Alguns autores chegam a misturar as formas <-er> e <a>, muitas vezes no mesmo texto. De modo geral, em Rambo, Rottmann e Gross predomina o emprego de <-er>, enquanto que Spohr e Collischonn variam o emprego entre <-er> e <a>. Exemplos: imma ‘sempre’, awer var. awa ‘mas’, unsa var. unser ‘nosso’ (COLLISCHONN in: Der Friedolin, 2006). Uma exceção é Flach, que emprega sistematicamente a grafia <a>, inclusive no título de seu livro Unsa gut deitsch Kolonie.

Um problema maior aparece em contextos de sílaba tônica. Evidentemente que a grafia de um pronome como Wer ‘quem’ tem de fato o efeito desejado, na medida em que a sua pronúncia conhecida da escrita do padrão coincide com a do Hunsrückisch. O que fazer, no entanto´, com palavras como mehr var. meh ‘mais’, Meer ‘mar’, mir var. mea ‘a mim’ e a forma para o pronome pessoal mea var. mia ‘nós’.

Nossa opção é pelo emprego de < -er> em posição pós-tônica (p.ex. unser ‘nosso’, Fenster ‘janela’, awer ‘mas’) e de em posição tônica (p.ex. Weat ‘valor’, heat ‘ouve’), ressalvadas as exceções fixadas pelo uso recorrente. A opção por < -er> se deve à sua relação lógica com a formação do plural e da declinação de modo geral, onde aparece um /r/. Exemplo: unsre Fenstre ‘nossas janelas’. Este argumento está em sintonia com nosso propósito de fomentar, com esse trabalho, a reflexão e a educação lingüística em torno da língua materna.

d) Os mesmos argumentos usados para o caso anterior valem, em parte, também para a grafia de (como em vor ‘antes, na frente’, Motor ‘motor’). Flach registra , seguindo a mesma tendência para < (e)a>. Nossa dúvida novamente recai sobre os monossílabos, onde já existe a grafia < -ohr> , como em Rohr ‘cano’, Ohr ‘orelha’.

Estendemos essa escrita por analogia a contextos resultantes de mudança vocálica, como em Johr ‘ano’, Hohr ‘cabelo’, wohr ‘verdadeiro’, com a mesma justificativa da concordância sintática, p.ex. de plural, como em die Johre ‘esses anos’, onde aparece o /r/. Essa grafia aparece também em Rambo e Rottmann:

“Et war eso em Määdche
Vunn neinzeh – zwanzig Johr,
Hatt, wie Keschdanieschilze,
So braune, glatt Hohr. ”5 (ROTTMANN 1950, p. 144)

e) Por fim, o mesmo tratamento de d) pode ser dado aos segmentos (como em nur var. nurre, nore ‘somente’, pur ‘puro’, Schnur ‘fio’, Natur ‘natureza’) e < -uhr> (p.ex. Uhr‚ relógio, hora’, Fuhr‚ carreiro ao arar’).

3.1.2 Vogais longas

Para marcar que a vogal é longa, o alemão oferece duas grandes regras que são seguidas pelos autores e também por nós:

a) Vogal diante de consoante simples pronuncia-se como longa, em oposição à regra a)
para vogais breves. Exemplos: Lewe ‘vida’ (compare-se Lewwer ‘fígado’), brige ‘brigar’ (compare-se com Bricke ‘pontes’).

Um problema sobre o qual muitas vezes não há muita clareza ocorre nos casos onde o Hochdeutsch usa o grafema < ß>, que obviamente é excluído da escrita do Hunsrückisch. Contudo, ao escrever palavras como alemão Straße ‘rua’ e groß ‘grande’ em Hunsrückisch Stross ou gross, os autores violam a regra da vogal breve diante de duas consoantes, deixando de marcar oposições como Stros ‘rua, estrada’ e Stross ‘garganta’. Às vezes essa oposição vem acompanhada apenas de variação simples da mesma palavra, como em Hoss var. Hos ‘calça’ e Hoos ‘coelho’. É verdade que o contexto auxilia na compreensão, mas o exemplo mostra a perspicácia dos falantes em marcar a distinção, ou através da duração (/o/ longo ou breve), ou através da abertura da vogal (/o/ longo fechado ou aberto).

Outro problema decorre da espirantização de /g/, resultando em um som equivalente a (v. abaixo no consonantismo). A vogal que antecede de modo geral é breve, p.ex. em spreche ‘falar’ e lache ‘sorrir’. Com a espirantização, surgem exemplos como Kuchel ‘bola’, Kuche ‘cuca’ ou Vochel var. Vohl ‘pássaro’, que pela regra seriam breves, mas se pronunciam como vogais longas. Optamos aqui em manter simples, por maior economia e por achar que não causa maiores problemas na leitura.

b) Vogal diante de pronuncia-se como longa. Exemplos: hohl ‘oco’ (compare-se holl ‘pega’), Stihl ‘cadeiras’ (compare-se Stiel ‘cabo’ e still bleiwe ‘ficar parado, não se mexer’), stehn ‘estar parado, em pé’ (compare-se Stenn ‘estrela’, ‘testa’). Um problema dessa regra é que exige de quem escreve um grau de letramento e de familiaridade com a escrita do alemão, como aliás o conjunto da proposta. Por outro lado, para a leitura parece não haver essa mesma dificuldade. Como qualquer língua, uma boa escrita pressupõe uma boa experiência de leitura. Outras opções, além das já citadas, para marcar as vogais longas são encontradas na tradição. São as seguintes:

c) É comum o emprego do grafema para marcar /e:/ longo, sobretudo nos casos em que existe a variante (tipo 3 do Hunsrückisch, mais próximo do padrão), como em Steen var. Stein ‘pedra’ (compare-se stehn e Stenn acima), kleen var. klein. Inclui-se aqui toda a série de verbos com sufixo – iere vs. – eere, como em telefoneere var. telefoniere ‘telefonar’, schmeere var. schmiere ‘esfregar, untar’. Por fim, em alguns casos onde o Hochdeutsch apresenta vogal longa arredondada /ö/, costuma aparecer, nos textos em Hunsrückisch, a grafia com , p.ex. scheen ‘bonito’ (compare-se Hdt. schön). São poucos exemplos. A nossa posição é favorável ao uso de que julgamos auxiliar na clareza sobretudo de monossílabos.

d) O emprego de , inclusive como variante de pronúncia, aparece generalizado. Exemplos: lieb ‘querido’, Besemstiel ‘cabo de vassoura’, Lied ‘canção’, namoriere var. namoreere ‘namorar’. Como no caso de /ö/, o grafema pode assumir a mesma função para distinguir palavras, sobretudo monossilábicas, onde o Hochdeutsch possui < ü>, p.ex. mied ‘cansado’ (compare-se Hdt. müde), Brieder ‘irmãos’ (compare-se Hdt. Brüder). Rambo, como alguns outros autores isolados, emprega às vezes para esses casos ainda . Isso nos parece uma grafia desnecessária, pois já está coberta pelo . Nos contextos onde segue , opta-se por simples, pois o já marca a duração longa.

e) Talvez uma das maiores dificuldades na escrita do Hunsrückisch seja a grafia para /o/
aberto e longo. A maioria dos autores emprega, na verdade, a variante /a/ longo, grafando-a muitas vezes com dois . Esta opção coincide de fato com a variante do tipo 3 do Hunsrückisch, mais próximo do padrão; contrasta porém com o que, na verdade, se fala com mais freqüência nas colônias, onde, como mostra o estudo de Altenhofen (1996, v. mapas 26, 27, 28, 54, 56, 59, 69), a partir de um corpus representativo de dez localidades situadas nas colônias novas e velhas do Rio Grande do Sul, predomina o uso de /o/ longo e aberto no dia-a-dia. Como registrar esta pronúncia grafematicamente?

A opção dos autores por <aa> ou <a>, representando quase a maioria (p.ex. aarich ‘muito’, aach ‘também’, Taach ‘dia’, Fraa ‘mulher’, Gaade ‘jardim’, como em Rottmann e Rambo), deve-se em parte a uma tradição anterior, que usava prioritariamente <aa>, e à falta de um grafema mais apropriado para o som de /o/ longo aberto. Nossa posição, respeitando o emprego de <aa> ou <a> por quem fala o tipo 3 de Hunsrückisch, foi encontrar um grafema para essa vogal /o/ aberta e longa. Nos defrontamos com duas opções:

1. uso de para contrastar com fechado longo diante de consoante simples ou . Exemplos: Galinhoode var. Galinhade ‘galinhada’, Goode var. Gaade ‘jardim, horta’ (compare-se Kote ‘madrinhas’), além dos exemplos já mencionados oorich, ooch, Tooch e Froo. O emprego de aparece, em alguns autores como Rambo, Rottmann e Spohr, para /o/ fechado, em analogia ao que se pratica com, escrevendo p.ex. Schoof (Rottmann 1950, p. 147), noore (Spohr 2006, p. 106), Bloos var. Blas ‘bexiga’ (RAMBO 2002, v. 1, p. 118).

2. uso de < ó>, valendo-se de um acento agudo, como no português. Esta opção aparece esporadicamente, como em Collischonn. Cogitamos também dessa forma de grafia, mas os exemplos nos pareceram muito esdrúxulos e estranhos ao público leitor não acostumado: órich, óch, Fró, Tóch etc.

Após muita discussão, optamos pela forma , convencionando que esta sempre se pronuncia como /o/ longo e aberto. A oposição é necessária para distinguir exemplos como Rood ‘roda’ e rot ‘vermelho’, Boohn var. Bahn ‘cancha’ e Bohn ‘feijão’.

3.2 Vogais desarredondadas

Diferentemente do Hochdeutsch, não ocorrem no Hunsrückisch as vogais arredondadas /ö, ü, ä/, que são pronunciadas respectivamente como /e, i, e/. Optamos, por isso, pelos grafemas <e> e <i>, salvaguardados os casos discutidos acima em relação à <ee> e <ie>, quando a vogal for longa. Exemplos. here ‘ouvir’ (Hdt. hören), Glick ‘sorte’ (Hdt. Glück), Medche (Hdt. Mädchen), mais os casos em que a grafia <ee> (p.ex. bees ‘brabo’ [Hdt. böse]) ou <ie> (p.ex. mied ‘cansado’ [Hdt. müde]) ajuda a marcar a vogal

 longa (v. 3.1.2 regras c) e d)). A literatura em Hunsrückisch ainda registra ocorrências de

 <ä>, principalmente Rambo e Rottmann (p.ex. Männer ‘homens’, ao invés de Menner).

 Tal como no caso de <ß> achamos que se trata de um grafema dispensável, além de serexclusivo do sistema ortográfico alemão, portanto estranho ao usuário que se alfabetizou basicamente em português.

3.3 Ditongos

Além dos ditongos decrescentes /ea, oa, ua/ resultantes da vocalização de um /r/, já tratados acima, destacam-se ainda os seguintes casos:

a) Opção pela grafia : presente em diversos sobrenomes, nos parece adequado optar pela forma em lugar de , como fazem alguns, quando escrevem em Hunsrückisch. Nos parece que basta convencionar que sempre se pronuncia /ai/, exceto em estrangeirsimos do português (p.ex. de Pai ‘papai’) ou exemplos consagrados pelo uso, como Mai ‘maio’, e que isso não representa maiores problemas, além de didaticamente facilitar posteriormente no ensino de alemão-padrão como língua estrangeira. Exemplos: Schneider ‘alfaiate’, fein ‘fino, chique’, heit ‘hoje’, Leit ‘pessoas’, Ei var. Eu ‘ovo’, Feier ‘fogo’.

b) Opção pela grafia : Aplicam-se aqui os mesmos argumentos usados em relação a . O emprego de poderia deixar dúvidas sobre a qualidade da vogal /o/, se fechada ou aberta. Já a marcação da abertura com acento (< ói>) viola outros princípios mencionados anteriormente. Os exemplos não são tão numerosos, sobretudo considerando a sua substituição por nos tipos 1 e 2 do Hunsrückisch, onde é visto como marca do alemão-padrão ( feines Deitsch ‘alemão fino’). Exemplos: Neumann ‘um sobrenome conhecido’, neun var. nein ‘nove’ , Eu var. Ei ‘ovo’ , zweu var. zwei ‘dois’ , Meu var. Mei ‘visita’, heut ‘hoje’, Leut ‘pessoas’.

c) A grafia de não oferece maiores problemas, dada a sua coincidência com o português. Exemplos: Haus ‘casa’, Maus ‘camundongo’ , raus ‘para fora’ , Haut ‘pele’ , Maul ‘boca’ , haue ‘bater’ e também nos casos onde é variante do tipo 3 do Hunsrückisch, mais próxima do Hochdeutsch (p.ex. Baum var. Boom ‘árvore’, auch var. ooch ‘também’).

d) O mesmo vale para a grafia . Os exemplos, porém, são mais raros, muitas vezes de empréstimos do português: Teekui ‘cuia de chimarrão’, Lui ‘abreviatura de Luís’.

4 Consonantismo

A grafia das consoantes segue, em nossa proposta, a tendência das regras do alemão, por motivos que já foram explicitados. Os casos mais polêmicos além das vocalizações de /r/ e da função de para alongar a vogal precedente já foram discutidos. Para os seguintes contextos, trata-se de convencionar que “grafema x se pronuncia como x”, o que para a leitura não traz grandes problemas, mas para a escrita exige certa familiaridade com o texto escrito. É o caso dos pares e ( Vater ‘pai’, fetter ‘mais
gorduroso’, Vetter ‘primo’), sobretudo no prefixo ver- que convencionamos com duas variantes possíveis, ve- e fa- (p.ex. vestehn var. fastehn ‘compreender’).

O quadro final resume os grafemas utilizados e serve como uma espécie de guia. Destes, cabe destacar os seguintes exemplos mais discutíveis:

a) tem sempre pronúncia oclusiva (p.ex. gille ‘valer’); quando é aspirado, escreve-se como (p.ex. richtich ‘correto’, Kuchel ‘bola’).

b) , e pronunciam-se, é verdade, com certo ensurdecimento. Seus correlatos surdos, eacrescentam muitas vezes um traço de aspiração. Exemplos: koote ‘jogar cartas’ vs. Goode ‘jardim, horta’, picke ‘picar’ vs. bicke ‘agachar-se’.

c) traduz a consoante velar (no fundo da garganta), como em jinger ‘mais jovem’, salvo exceções em que coincide com , como em Bank ‘banco’.

d) preferimos e à escrita e , por resultar no mesmo efeito de pronúncia pelo leitor, assim como também pela sua maior economia.

e) ocorre diante e depois das demais consoantes e de vogal: Schul ‘escola’, fosch ‘forte’, veschreiwe ‘receitar’ , schneide ‘cortar’ , schlicke ‘engolir’, schmeisse ‘atirar’.

f) representa dois sons inexistentes no português, seja palatal, como em ich ‘eu’, richtich ‘correto’ , schlecht ‘ruim’ , seja velar, como em noch ‘ainda’, Tischtuch ‘toalha de mesa’ , jachte ‘caçar’ , Hietche ‘chapéuzinho’ (compare-se Hittche ‘cabaninha’)

g) casos de mera convenção, pelo menos para a leitura são as pronúncias de como /f/
(p.ex. Vater ‘pai’), e como /ts/ (p.ex. Zeitung ‘jornal’, Katz ‘gato’), como /v/ ( Wasser ‘água’, Wowwo ‘vovô’).

h) o mesmo vale para e , e (v. exemplos abaixo).

i) pode ser interpretado como , tornando a vogal precedente curta. Exemplo Mick ‘mosca’.

5 Resumo da proposta de escrita para o Hunsrückisch

Resumindo a análise dos aspectos tipográficos, do vocalismo e do consonantismo que compõem uma proposta de escrita do Hunsrückisch, podemos apresentar o seguinte quadro em forma de exemplificação, pressupondo, é claro, que os exemplos falam por si e que a sua implementação depende naturalmente de um treinamento prévio, e que a prática e o uso irão determinar as adaptações ainda necessárias.

Aspectos tipográficos:
• substantivos com inicial maiúscula: das Fest ‘a festa’ (compare-se fest ‘preso, fixo’), de Brige ‘briga’ (compare-se brige ‘brigar’).
• palavras compostas escritas junto: Blitzlamp ‘lanterna’, Dickkopp ‘cabeçudo’.
• escrita dos estrangeiros como na língua-fonte: die Calçada ‘a calçada’, de Milho ‘o milho’, de Show ‘o show’, de Jorge ‘o Jorge’, die Corrupção ‘a corrupção’.
• empréstimos integrados seguindo as regras do Hunsrückisch: die Kalsoode ‘a calçada’, de Miljekolwe ‘a espiga de milho’, de Schosch ‘o Jorge’ (cf. francês Georg), die Korruption ‘a corrupção’.

Vogais breves:
• vogal diante de duas consoantes: kalt ‘frio’, holl ‘pega’, Stenn ‘estrela, testa’, Land ‘terra’, Stross ‘garganta’, Fest ‘festa’, lenne ‚aprender’ , bringe‚trazer’,krinse‚ resmungar’.
• duplicação da consoante em contextos de adição de vogal epentética: Millich ‘leite’, Berrich ‘morro’.
• < -er> em final de palavra: immer ‘sempre’, Kinner ‘crianças’, Menner ‘homens’, Fenster ‘janela’, Lehrer ‘professor’, Wasser ‘água’, Lewwer ‘fígado’, scheener ‘mais bonito’, hetter ‘mais alto, mais duro’.

Vogais longas:
• vogal diante de consoante simples pronuncia-se longa: gros ‘grande’, Stros ‘rua’, ruwe ‘chamar’, Lewe ‘vida’, Bower ‘abóbora’, Buwe ‘rapazes’, Assude ‘açude’, blumich ‘floreado’ , brige ‘brigar’.
• vogal diante de pronuncia-se longa: hohl ‘oco’, stehn ‘estar em pé’, Kuhstall ‘estábulo’, Schuhbennel ‘cadarço do sapato’.

<u> diante de <ch> : Kuche ‘cuca’, kluch ‘inteligente’ , Kuchel ‘bola’.

<o> fechado diante de <ch>: Vochel ‘pássaro’.

<ie>  (/i/ longo) lieb ‘querido’, Spiel ‘jogo’ , mied ‘cansado’ , Lied ‘canção’ , schmiere ‘passar em algo, esfregar’ , telefoniere ‘telefonar’.

<ee>  (/e/ longo) kleen ‘pequeno’, scheen ‘bonito’, Reen  var.  Reeche ‘chuva’ , schmeere ‘esfregar’ , telefoneere ‘telefonar’.

<oo>  (/o/ longo aberto) Goode ‘jardim’, Froo ‘mulher’, Tooch ‘dia’ ,  woorem ‘quente’ , Groos ‘grama’, soohn ‘dizer’ (exceção: prefixo on-, onmache ‘ligar’, onbinne ‘amarrar’).

<aa>  (/a/ longo) Gaade ‘jardim’, Fraa ‘mulher’, Taach ‘dia’.

Ditongos:

<ei>  Schneider ‘alfaiate’, fein ‘fino’ , heit ‘hoje’ , Leit ‘pessoas’ , Ei  var.  Eu ‘ovo’ , Feier ‘fogo’.

<eu>  Neumann ‘um sobrenome conhecido’, neun  var.  nein ‘nove’, Eu  var.  Ei ‘ovo’ , zweu  var.  zwei ‘dois’ , Meu ‘visita’, heut ‘hoje’, Leut ‘pessoas’.

<au>  Haus ‘casa’, Maus ‘camundongo’ , raus ‘para fora’ , Haut ‘pele’ , Maul ‘boca’ , haue ‘bater’.

<ui>  Teekui ‘cuia de chimarrão’, Lui ‘abreviatura de Luís’.

<ea> em sílaba tônica: Weat ‘valor’, mea ‘nós’, Tea ‘porta’, Schea ‘tesoura’

(exceções: leer ‘vazio’, Meer ‘mar’, Lehr ‘ensinamento’)

<-ohr, -or> com pronúncia de /oa/: Rohr ‘cano, mangueira’, wohr ‘verdadeiro’, Johr ‘ano’, Ohr ‘orelha’ ,  Hohr ‘cabelo’, também vor ‘antes’.

<-uhr, -ur> com pronúncia de /ua/: Uhr ‚relógio, hora’, Fuhr ‚carreiro ao arar’, também pur ‘puro’, Natur ‘natureza’.

Consoantes:

<j>  jedes Johr ‘todos os anos’, Jacke ‘casaco’, Jookob ‘Jakob’ , Griensje ‘salsinha’, Bliesje ‘blusinha’, Miljehitt ‘paiol’.

<z>  (em sílaba tônica) Zeitung ‘jornal’ , Zimmer ‘quarto’ , Zeich ‘roupa’ , Zucker ‘açúcar’ , zackre ‘arar’ , vezehle ‘conversar’ , zurick ‘de volta’ , zwerich ‘diagonal, mal-

educado’ , Zwiwwel ‘cebola’.

<tz>  (em posição pós-tônica) Katz ‘gato’, Hetz ‘coração’, Kotz ‘vômito’, spritze ‘respingar, vacinar’, kitzlich ‘coceguento’, putze ‘limpar’.

<s>  sauwer ‘limpo’, Kees ‘queijo’, Kuss ‘beijo’, sammle ‘colecionar, juntar’,

passeere ‘acontecer’, glense ‘brilhar’.

<w>  Wasser ‘água’, Worrem ‘verme’ , lewe ‘viver’ , Wowwo ‘vovô’ , Wowwe

‘vovó’ , Wunner ‘admiração’ , Winter ‘inverno’ , Woose ‘vaso’.

<v>  Vater ‘pai’, Vohl var. Vochel ‘pássaro’, vekoofe ‘vender’, vebreche ‘quebrar’ , vorgehn ‘avançar’ , vorrich Johr ‘ano passado’, vonne ‘na frente’.

<f>  Faulenser ‘preguiçoso’ ,  finne ‘achar’, Fehler ‘erro’, fakoofe ‘vender’ , fabreche ‘quebrar’.

<p>  (por tradição + com aspiração): Pans ‘barriga’, Pooter ‘padre’, Patt

‘padrinho’, petze ‘beliscar’, vespeet ‘atrasado’ , planse ‘plantar’.

<b>  (sem aspiração): bettle ‘pedir esmola’, babble ‘tagarelar’, Bock ‘bode’, Bicher

‘livros’, Gebet ‘oração’, brille ‘chorar’.

<t>  (por tradição + com aspiração): Teiwel ‘diabo’, Tinte ‘tinta’, traurich ‘triste’,

toofe ‘batizar’, teier ‘caro’ , Tante ‘tia’, tausend unn tante ‘mil e tantos’

<d>  (sem aspiração): dumm ‘bobo’, denke ‘pensar’, dummle ‘apressar-se’ , Deckel

‘tampa’ , de best ‘o melhor’

<g>  gut, Gaul ‘cavalo’, gewinne ‘ganhar’, Glick ‘sorte’, gille, gewwe ‘dar’ , Guri

‘guri’ , Goode ‘jardim, horta’ , brige ‘brigar’ , Bricke ‘pontes’ , de greest ‘o maior’.

<ng>  bang ‘com medo’ , lang ‘por muito tempo’ (exceção: lank /lank/ ‘longo’) ,

Finger ‘dedo’, lenger ‘mais longo’,  angle ‘pescar’ , Engel ‘anjo’ , Springersaleb

‘ungüento Springer’ , onfange ‘começar’ , Jung ‘rapaz’ , jinger (exceção: jung /junk/

‘jovem’).

<nk>  Bank ‘banco’, Benk ‘bancos’, lank ‘longo’ , krank ‘doente’ , lenke ‘guiar’ , Lenk, flink ‘hábil’ , Onkel ‘tio’.

<ck>  Mick ‘mosca’, verrickt ‘louco’, Brick, Wecker ‘despertador’,

Becker ‘padeiro’ , packe ‘consegiur’ , backe ‘assar’, Backe ‘bochecha’, Seckel

‘bolso’.

<k>  kaputt ‘estragado’, Kunne ‘cliente, cara’, koofe ‘comprar’, Kui ‘cuia’ , Kisse

‘travesseiro’, Kanecker ‘caneca’ , Kerrich ‘igreja’.

<sp>  vespreche ‘prometer’, Spinneweb ‘teia de aranha’, spassich ‘estranho,

engraçado’ , gesproch ‘falado’.

<st>  Steier ‘imposto’, Stros ‘estrada’, Gestank ‘fedor’, ufsteie ‘levantar’, vestehn

‘compreender’, Stihl ‘cadeiras’, Stimm ‘voz, voto’.

<sch>  Schul ‘escola’, fosch ‘forte’, veschreiwe ‘receitar’ , schneide ‘cortar’ , Schmea  var.  Schmier ‘marmelada, doce para passar no pão, chimia’.

<ch>  ich ‘eu’, richtich ‘correto’ , schlecht ‘ruim’ , noch ‘ainda’, Tischtuch ‘toalha de mesa’ , jachte ‘caçar’ , Hietche ‘chapéuzinho’ (compare-se Hittche ‘cabaninha’).

<m>  mechtich ‘muito’, mim ‘com o’ (compare-se mit’dem), om Enn ‘no fim’,

amenn ‘talvez’, brumme ‘rosnar’ , Teebumb ‘bomba de chimarrão’, Boddem  var.  

Bodem  var.  Borrem ‘chão’.

<n>  Schreibnoome ‘sobrenome’ , Wand ‘parede’ , onnanner ‘um ao outro’ , Indruck

‘impressão’.

 

Referências bibliográficas

ALTENHOFEN, Cléo Vilson. A aprendizagem do português em uma comunidade bilíngüe do Rio Grande do Sul. Um estudo de redes de comunicação em Harmonia. Dissertação (Mestrado) Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1990.

ALTENHOFEN, Cléo Vilson. Hunsrückisch in Rio Grande do Sul. Ein Beitrag zur
Beschreibung einer deutschbrasilianischen Dialektvarietät im Kontakt mit dem
Portugiesischen. Stuttgart: Steiner, 1996.

ALTENHOFEN, Cléo Vilson. A constituição do corpus para um “Atlas Lingüístico-
Contatual das Minorias Alemãs na Bacia do Prata”. Martius-Staden-Jahrbuch, São
Paulo, n. 51, p. 135-165, 2004.

COLLISCHONN, Wolfgang Hans. Coluna Deutsche Sprache, no jornal O Informativo, de Lajeado – RS. Coluna Der Friedolin, no jornal Correio Rio-Grandense, de Caxias do Sul – RS. Coluna no jornal semanal Primeira Hora, de Bom Princípio – RS. Coluna Hunsrücker aus Rondon, no jornal Evangelische Zeitung, editado em Porto Alegre (?).

COSERIU, Eugenio. Sentido y tareas de la dialectología. México : Universidad Nacional
Autónoma de México, Instituto de Investigaciones Filológicas, 1982.

FLACH, José Inácio. Unsa gut deitsch Kolonie. Nova Petrópolis: Sociedade União
Popular Theodor Amstad, 2004.

GROSS, Alfredo. Hunsrücker Mundart in Brasilien. Dialektgedichte und Schriften in
deutscher und portugiesischer Sprache. Porto Alegre : S.e., 2001.

MORAIS, Artur Gomes de. Ortografia: este peculiar objeto de conhecimento. In: Morais, artur Gomes de (org.). O aprendizado da ortografia. 3. ed. Belo Horizonte : atêntica, 2003. p. 7-19.

MORTARA, Giorgio. Immigration to Brazil: some observations on the linguistic
assimilation of immigrants and their descendents in Brazil. In: Cultural Assimilation
of Immigrants. Supplement to Population Studies. London / New York, Cambridge
University Press, 1950. p. 39-44.

MÜLLER, Telmo Lauro. História da imigração alemã para crianças. Porto Alegre : EST; Correio Riograndense, 1996. [ed. trilíngüe português-alemão-dialeto Hunsrückisch]

RAMBO, Pe. Balduíno. O rebento do carvalho: contos dialetais (1937 a 1961). Trad.
Arthur Blásio Rambo. São Leopoldo (RS): Ed. UNISINOS, 2002. [1937-1961] v. 1-2.

ROTTMANN, Peter Joseph. Gedichte in Hunsrücker Mundart. 7. Aufl. Mit dem Bildnis
und einer Lebensskizze des Verfassers von Hermann GRIEBEN. Trier: Lintz, 1889.
[1840]

SPOHR, Norberto. Textos no Familienkalender, almanaque anual editado em Porto Alegre – RS. Textos em Hunsrückisch no Brummbär-Kalender, editado entre 1931 e 1935, em Arroio do Meio – RS, por Alfons Brod. Textos em Hunsrückisch no Sankt Paulusblatt, periódico mensal editado pela Sociedade União Popular Theodor Amstad, em Nova Petrópolis – RS.

Notas
1 Este texto é uma versão revista e ampliada de uma comunicação apresentada pelo grupo ESCRITHU no Seminário Internacional: Imigração e Relações Interétnicas, XVII
Simpósio do Instituto Histórico de São Leopoldo, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em História da UNISINOS (Universidade do Vale do Rio dos Sinos) e pelo
Instituto Histórico de São Leopoldo, no período de 13 a 15 de setembro de 2006.

2 Seminário sobre a Criação do Livro das Línguas, promovido pelo IPHAN
(www.iphan.gov.br/)., IPOL (Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política
Lingüística – www.ipol.org.br) e Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos
Deputados, em Brasília, 07 a 09 março de 2006.

[Graph missing here]
Tipologia do Hunsrückisch falado no Rio Grande do Sul, Segundo Altenhofen (1996).

3 Optamos, aqui, pelo termo língua, quando consideramos seu status sistêmico e
independente, em contato com o português (língua como sistema fônico e gramatical); a
opção por dialeto ocorre, quando se destaca sua condição de subsistema do alemão e
sua vinculação histórica ao alemão como língua-teto ( Überdachungsnorm). Veja-se
para tanto Coseriu (1982).

4 Esta estimativa, que se baseia em resultados do projeto BIRS ( Bilingüismo no Rio
Gande do Sul – v. ALTENHOFEN 1990) e dos censos do IBGE de 1940 e 1950 (v.
MORTARA 1950), infelizmente os últimos que ainda inquiriram sobre outras “línguas,
além do português, faladas no lar,” deve ser tomada apenas como um indicador muito
geral. É praticamente impossível determinar um número preciso de falantes, ainda mais
considerando que os censos existentes referem-se às línguas pelo nome genérico, no
caso alemão, sem referência propriamente à variedade dialetal específica que de fato é
falada.

5 Tradução: ‘Era uma vez uma menina / de dezenove, vinte anos / que tinha cabelos
marrons e lisos / da cor da casca da castanha.’

[Graph missing here]
Mapa da variação de [a ] e [ ], segundo Altenhofen (1996).

Screen Shot 2014-01-29 at 12.07.28 AM

DER EIGENE / O PRÓPRIO

Der_Eigene_1930-32_vol_13DER EIGENE
Zeitschrift für Freundschaft und Freiheit
Ein Blatt für Männliche Kultur
Herausgeber  Adolf Brand

Erscheint jeden Freitag
Nummer 9 / Jahrgang VIII
*
BERLIN NW. 6, Am Zirkus 12a
*
Preis der Nummer 2 Mark
// 26. November 1920 //

Primeira revista gay do mundo, editada por Adolf Brand Berlin, Deutschland (1920).

Primeira revista gay do mundo, editada por Adolf Brand Berlin, Deutschland (1920).

Kultur und Homosexualität
von Otto Fischer

Im Kämpfe um die Befreiung der Homosexuellen von alten vorsintflutlichen Gesetzesparagraphen ist mit aller Schärfe auf biologische Erscheinung der Inversion des Geschlechtstriebes und auf die Bedeutung dieser für die Kulturgeschichte der Menschheit hinzuweisen. Weite Kreise des Volkes, von den einfachsten Arbeitern an bis tief hinein in die Kreise des Volkes, in die Kreise der sogenanten [sogenannten] Gebildeten, sind der Homosexualität gegenüber von den absurdesten und unsinnigsten Vorstellungen erfüllt. Die einen meinen, die Homosexualität sei eine Folge übermässig ausgeübten Geschlechtsverkehrs, der eine Ueberreizung [Überreizung] der Geschlechtsnerven hervorrufe und sich in der Umkehrung der Triebes äußere. Also Uebersättigung [Übersättigung] soll die Ursache sein. Schopenhauer vertritt z. B. [zum Beispiel] in seinem berühmten Werke “Die Welt als Wille und Vorstellung” diesen Standpunk. Die anderen meinen wiederum, die homosexuelle Veranlagung sei eine Krankheit und demgemäß als solche durch den Artz zu behandeln und zu heilen. Und was sonst noch in den köpfen der  Menschen für Gedanken und Verstellungen herumschwirren! Die neueren Forschungen und Untersuchungen von bedeutenden Männern der Wissenschaft haben nachgewiesen, daß alle bisher aufgestellten Theorien auf falschen Voraussetzungen aufgebaut sind, dass sie hinfällig sind, wenn die inversion des Geschlechtstriebes als biologische Erscheinung der Leben der Menschheit aufgefaßt wird. Die Forschungen haben ergeben daß Homosexualität auf allen Kultur-stufen, zu allen Zeiten, an allen Orten existiert hat und noch existiert. Sowohl unter den Naturvölkern Afrikas und Australiens, wie unter den auf höchster Kulturstufe stehenden Völkern Europas und Amerikas. Kein Land, kein Volk had je existiert, das nicht die Liebe des Mannes zum Manne gekannt hat. Sogar im Tierreiche sind homosexuelle Akte beobachtet worden. Es wird oft der Eiwurf gemacht, daß die Homosexualität speziell unter den Völkern auftritt, die dem Verfall entgegengehen, z. B. bei den Griechen und Römern, das steht aber mit der Tatsache nicht in Einklang, daß die mann-männliche Liebe gerade unter gesunden, kräftigen und aufblühenden Völkern eine […]

ADOLF BRAND
DEUTSCHE RASSE

Tradução de Paul Beppler / WWW.RIOLINGO.COM :

DER EIGENE = O PRÓPRIO
revista pela amizade e liberdade

um caderno de cultura masculina
Editor: Adolfo Brand

Publicada às sextas-feiras
Número 9 / Ano VIII

Berlim [Alemanha] NW. 6, [Rua:] am Zirkus 12a

Preço de tiragem: 2 marcos
26 de novembro de 1920

Cultura e homossexualidade
por Otto Fischer

Na batalha pela liberação dos homossexuais de antigos parágrafos pré-diluviais deve-se fazer referência com toda ênfase no surgimento biológico da atração sexual invertida e também referir-se à importância disto para a história da cultura da humanidade. Amplos círculos da população, dos mais simples obreiros, e adentrando-se aos níveis mais profundos dos círculos da sociedade, na companhia daqueles tidos como cultos, são empregados os conceitos mais absurdos e ridículos contra a homossexualidade. Uns pensam que a homossexualidade seja o resultado de atividades sexuais exercidas em exagero, que isto provocaria uma sobre-excitação dos nervos sexuais e que isto se manifestaria numa inversão dos desejos sexuais. Portanto, sobre-saturação seria a causa. Schopenhauer defendeu, por exemplo, em seu famoso trabalho “Die Welt als Wille und Vorstellung” (“O Mundo como Vontade e Representação) este ponto de vista. Outros por sua vez pensam que a índole homossexual seja uma doença e que, de acordo como tal, deva ser avaliada e curada por um médico. E o que mais poderia haver de idéias e confabulações ocupando espaço nas cabeças das pessoas! As mais recentes pesquisas e testes conduzidos pelos mais importantes homens da ciência têm informado que as acima citadas teorias estão fundamentadas em falsos pre-supostos, que elas são decrépitas, enquanto a inversão da atração sexual é vista como uma manifestação biológica da vida do ser humano. As pesquisas têm indicado que a homossexualidade existiu e ainda existe em todos os níveis culturais, em todos os tempos, e em todos os lugares. Até mesmo entre os povos nativos da África e Austrália, bem como entre os mais altos escalões culturais dos povos atuais da Europa e América. Não há país, nem civilização que jamais existiu, que não conheceu o amor do homem pelo homem. Até mesmo no reino animal são observados atos homossexuais. Frequentemente é feita a sugestão de que a homossexualidade surge em especial nas civilizações a caminho da decadência, como por exemplo, na Grécia e em Roma, mas isto de fato não confere, pois o amor entre homens ocorre até mesmo em povos saudáveis, fisicamente fortes, e em pleno florescimento, […]

ADOLF BRAND
RAÇA ALEMÃ

Der_Eigene_1929_vol_12

Der_Eigene_1926-27_vol_11Der_Eigene_1924-25_vol_10_no_4Der_Eigene_1921-22-23_vol_9Der_Eigene_1919_vol_7Der_Eigene,_cover,_1906Der_Eigene_New_Series_vol_3_(1905)Der_Eigene_New_Series_vol_2_(1903) (1)Der_Eigene_New_Series_vol_2_(1903)Der_Eigene_1899Der_Eigene_1898_vol_2 (1)Der_Eigene_-_1896

Teste informal na Alemanha de conhecimentos do dialeto Hunsricker Platt (vídeo em Alemão):

Screen Shot 2014-01-29 at 12.07.28 AM

No vídeo abaixo (ver o link no final deste post) um entrevistador pegunta duas falantes do dialeto Pälzisch (chamado de Pfälzisch no Hochdeutsch/Alemão padrão) que é tipo um dialet

o-vizinho do Hunsrücker Plattdeitsch, do qual deriva o Riograndenser Hunsrückisch, o Hunsriqueano Brasileiro… ele pergunta elas se elas sabem o que quer dizer uma frase falada em vídeo, o qual ele mostra para elas para que procurem decifrar seu significado…A frase falada no referido vídeo no dialeto da região do Hunsrück, no sudoeste da Alemanha, no Hunsrücker Plattdeitsch:

“Wenn die Em-beere, Brem-beere, und Wäle zeirrich sin, dann wäre se gebroch, und wead Schlee draus gemacht, dann kamma sich im Winder en schen siss Schmear draus mache.”

Tradução ao Hochdeutsch:

“Wenn die Himbeeren, Brombeeren, und Heidelbeeren reif sind, werden sie gepflückt und es weard Marmelade daraus gemacht damit man sich im Winter ein süsses Marmeladen Brot machen kann.”

Traduzido em português brasileiro:
“Quando as framboesas, as amoras, e os mirtilos estão maduros, eles são colhidos, e faz-se deles uma geléia para que no inverno seja possível para a gente preparar um [lindo =] delicioso pão com geléia.”

(Isto é, poder comer uma fatia de pão, geralmente caseiro, com geléia/Schimier, o que geralmente é apreciado como parte do café da manhã tradicional e reforçado, ou como uma pequena merenda feita de tarde, entre o almoço e o jantar; no Riograndenser Hunsrückisch o Schmier é o nome tanto da geléia, o doce e si, como também é o nome da fatia de pão cortada e preparada com uma cobertura de Schimier passada sobre ela, o que é feito logo antes dela ser consumida).

“Em-beere” no Hunsrücker Platt europeu = “Himbeere” no Hochdeutsch/Alemão padrão = “framboesa” em português. Confira estas informações citadas neste dicionário de regionalismos dialeto alemão do Palatinado, no Pfälzisches Wörterbuch: http://woerterbuchnetz.de/cgi-bin/WBNetz/wbgui_py?sigle=PfWB&lemid=PE01400

“Brem-beere” no Hunsrücker Platt = “Brombeere” no Hochdeutsch = “amora” em português. Confira estas informações citadas neste dicionário de regionalismos do dialeto alemão do Palatinado, no Pfälzisches Wörterbuch: http://woerterbuchnetz.de/cgi-bin/WBNetz/wbgui_py?sigle=PfWB&lemid=PB05929

“Wähle” ou “Wäle” ou “Weele” em Hunsrücker Platt = “Heidelbeere” no Hochdeutsch = “mirtilo” ou “arando” ou ainda mas acho que mais em Portugal, “uva-do-monte”. Trata-se de uma frutinha silvestre ou Waldbeere natural do Hemisfério Norte. O nome dialetal do mirtilo em alemão do Hunsrique possivelmente tenha origens no latim, por ele ser azul, pode ser que derive do termo “Viola” do latim (violeta em português). Confira estas informações citadas neste dicionário de regionalismos do dialeto alemão do Palatinado, no Pfälzisches Wörterbuch:
http://woerterbuchnetz.de/cgi-bin/WBNetz/wbgui_py?lemid=PW00302&mode=Vernetzung&hitlist&patternlist&bookref=6%2C1026%2C17&sigle=PfWB

Algumas palavras mencionadas no vídeo que merecem tradução pois podem ser incompreendidas por falantes do Hunsriggisch Platt brasileiro:

Quiz = teste (é um anglicismo, um empréstimo bem difundido no alto alemão moderno, ele do inglês; há todo um grupo de palavras no alemão atual que, apesar de utilizadas com muita frequência, são bastante recentes, adições à língua digamos nos anos pós-guerra, como por exemplo “Job” = emprego, “Cool” = legal, bacana, etc. )

net (pronunciado nêt) = ser, mostrar-se simpático (por exemplo, du bist net = Você é simpático); é diferente de “net”, pronunciado mais aberto, como “nét”, que é o informal “não!”, ou “né?”…

reif = neste caso madudo (mas pode significar algo curtido, batido, sazonado, etc.; ainda, “Reif” com inicial maiúscula singnifica geada).

Siss-Schmier/geléia, doce

Sirop (Sirup em Hochdeutsch) = melado

“Grunbeere” (=”Grund”+”Beeren”) é alemão dialetal para “Kartofeln” ou “die Katoffle”

“Gebroch” (ipsis verbis traduzido = quebrado) significando

“Gepflückt” de “pflücken” = “colher” em Hochdeutsch/Hochdeitsch

-Paul Beppler

Screen Shot 2014-01-29 at 12.07.28 AM

Conversa em Hunsriqueano Riograndense (bresiljoonisch Hunsriggisch Plattdeitsch)

(I) Gespräch uff Riograndenser Hunsrückisch

(II) Gespräch uff Riograndenser Hunsrückisch

(III) Gespräch uff Riograndenser Hunsrückisch

Screen Shot 2014-01-29 at 12.07.28 AM

NOVIDADE: Forlibi – Fórum Permanente das Línguas Brasileiras de Imigração

Screen Shot 2014-01-29 at 12.07.28 AM

CELSUL: Fórum das Línguas Brasileiras de Imigração é lançado na Unioeste

ENVIADO POR ACS EM SEX, 26/10/2012 – 09:01

O blog tem como objetivo fortalecer as línguas de imigrantes

O Brasil apresenta uma diversidade de línguas e falares resultantes da colonização e do contato entre as diferentes culturas. Os pesquisadores têm hoje o desafio de ampliar o espaço de divulgação da realidade plurilinguística. Preocupando-se em criar um ambiente de socialização e troca de informações sobre as línguas de imigração, o Fórum Permanente das Línguas Brasileiras de Imigração (Forlibi) está sendo lançado na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Campus de Cascavel, no evento do curso de Letras, o X Círculo de Estudos Linguísticos do Sul (Celsul), que termina hoje (26.10).

O Forlibi é um blog – www.forlibi.blogspot.com.br – que tem como objetivo fortalecer as línguas de imigração e dar mais visibilidade a elas. “O Fórum é um espaço representativo para essas línguas, as quais estavam à sombra, sem voz. Acreditamos que o momento é propício para a divulgação do Fórum, o qual propicia não apenas voz às línguas de imigração, como também contribui para que a sociedade aprenda e dar ouvidos. É um mecanismo de articulação entre diferentes línguas trazidas de fora que envolve tanto membros da comunidade como pesquisadores”, explica Cléo Altenhofen, um pesquisador de grande importância para a área da variação linguística.

Para os pesquisadores, o Grupo de Trabalho sobre Plurilinguismo e Contatos Linguísticos, do Celsul, é uma prova de que o Forlibi é importante para o fortalecimento das línguas de imigração. Foram apresentados trabalhos de diversas regiões do Brasil, tais como Bahia, Amazonas, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Espírito Santo, entre outras. Pesquisadores de diversas cidades do país falaram sobre línguas de imigração como alemão, ucraniano, polonês, pomerano, indígenas, africanas, entre outras.

O Fórum foi criado por Ana Sheli Altamiranda e pela professora Rosangela Morello, membros do Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística (Ipol), pelo professor Cléo Altenhofen, representante da URGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) – Letras e representante do dialeto hunsrickisch; Sintia Küster e Evandro Kuth, da prefeitura de Santa Maria de Jetibá, Espírito Santo e representantes do pomerano; Paulo Massolini, presidente da Federação das Associações Ítalo-Brasileiras (Fibras), do Rio Grande do Sul e representante do talian.

Ana Sheli explica que no blog serão publicados materiais sobre as línguas de imigração, assim como as leis que oficializam ou reconhecem essas línguas. “O Forlib é uma ferramenta para que as línguas de imigração se fortaleçam e tenham mais visibilidade”, esclarece.

Texto: Wânia Beloni

Publicado em: Unioeste – Cascavel, Paraná – Brasil

Screen Shot 2014-01-29 at 12.07.28 AM

O dialeto Riograndenser Hunsrückisch agora no Facebook: Dê uma passadinha por lá!

Existe uma particularidade sobre a região onde está inserida Cerro Largo, esta região antigamente era chamada informalmente de Neikolonie (Neukolonie em Hochdeutsch), basicamente referindo-se a região nova em contraponto às primeiras regiões colonizadas por imigrantes germânicos no leste do estado do Rio Grande do Sul. Em geral a região hoje é chamada de Região das Missões. O idioma regional alemão, o dialeto frâncico (Fränkisch em alemão) engloba vários dialetos germânicos do sudoeste da Alemanha, inclusive o Hunsrückisch Platt com versão sulbrasileira, onde possui um histórico aproximando-se agora aos duzentos anos. Muito embora tendo sofrido muito desprestígio e sendo posto de lado pelos/as falantes da região, querendo a gente ainda encontra quem volte a falar a língua fora do âmbito familar ou social mais próximo.

Visite o RIOGRANDENSER HUNSRÜCKISCH no FACEBOOK, onde estamos procurando incentivar a volta do uso deste maravilhoso tesouro da cultura regional sulbrasileira. Para ir ao nosso site no Facebook, clique no link abaixo:

Screen Shot 2014-01-29 at 12.07.28 AM

So sprecht ma Hunsriggisch Platt in Südbrasilien (Video)

Screen Shot 2014-01-29 at 12.07.28 AM
LINSE, WO SIN SE?

Exemplo de fala em dialeto alemão brasileiro, Riograndenser Hunsrückisch / Hunsriqueano Riograndense, conforme ele é falado no noroeste do estado do Rio Grande do Sul (também   em outras regiões do sul do Brasil e de certas regiões da Argentina, como na vizinha província de Missiones).

Riograndenser Hunsriggisch (Platt Deitsch von Brasilie), die gewöhnliche Koloniste  Sproch wie ma ‘s in die Stadt Roque Gonzales und umgebung noch sprecht.

The German dialect Riograndenser Hunsrückisch has almost two hundred years of history in southern Brazil. This recording is a sample of this minority language as it is spoken in the northwest of Rio Grande do Sul state, in Brazil. It was recorded during a visit to Seattle, Washington – USA in September, 2012.

Riograndenser Hunsrückisch Blog: http://www.hunsriqueano.riolingo.com/blog/
Facebook community: Riograndenser Hunsrückisch / http://www.facebook.com/pages/Riograndenser-Hunsr%C3%BCckisch/366655020086673
Flickr / Riograndenser Hunsrückisch: http://www.flickr.com/search/?q=Riograndenser%20Hunsr%C3%BCckisch
Língua Alemã Hunsrickisch – Deutsche Hunsrücker / Pio Rambo: http://hunsrickisch.blogspot.com/
http://woerterbuchnetz.de/
http://www.leo.org/
http://michaelis.uol.com.br/
http://www.e-ipol.org/
http://www.brasilalemanha.com.br/novo_site/
http://www.hundemer-platt.de/index1.html

Screen Shot 2014-01-29 at 12.07.28 AM

Brasil: O Dialeto Hunsriqueano se torna língua co-oficial

Brasilien: Hunsrücker Platt wird zweite Amtssprache

In Brasilien sprechen fast zwei Millionen Menschen das Riograndenser Hunsrückisch, vor allem in Orten, die von deutschen Einwanderern gegründet wurden. Der Dialekt wird in Schulen gelehrt und ist teilweise als zweite Amtssprache anerkannt. Doch bis dahin war es ein weiter Weg.

Im Hunsrückort Gehlweiler dreht Edgar Reitz seinen Film „Die andere Heimat“. Darin beschreibt der Regisseur, der mit seiner Heimat-Trilogie Filmgeschichte geschrieben hat, das Schicksal Hunsrücker Auswanderer nach Brasilien. Die Auswanderung nach Brasilien war für Tausende die einzige Möglichkeit, dem Elend zu entgehen. Heute ist Hunsrücker Platt in Brasilien teilweise zweite Amtssprache. Foto: Reiner Drumm

Hunsrück.
“Hunsrickisch wód de énsiche chprooch, wo ich wust chpreche bis ich in di chuhl gang sinn”, erklärt ein junger Mann aus Brasilien. Riograndenser Hunsrückisch nennt sich sein Dialekt, der sich aus Teilen des um Morbach, Idar-Oberstein, Rheinböllen, Simmern und Kastellaun gesprochenen “Hunsrücker Platts” zusammensetzt.

Dieser Dialekt hat mittlerweile eine ans Portugiesische angelehnte Schreibweise, wird in Schulen gelehrt und teilweise sogar als zweite Amtssprache anerkannt. Doch bis dahin musste Zeit vergehen.

Initiative hat Erfolg
Für viele Kinder ist das Riograndenser Hunsrückisch die erste Sprache, die sie zu Hause durch ihre Eltern oder Großeltern lernen. In der Schule müssen sie allerdings Portugiesisch sprechen, was für sie wie eine Fremdsprache erscheint. Um das Hunsrückisch zu unterstützen, bildete sich im Jahr 2004 die Initiative “Option für Hunsrückisch” um Solange Hamester Johann, Autorin des Lehrbuchs “Mayn Eyerste 100 Hunsrik Werter”. Zusammen mit Professor Mabel Dewes lud sie 2004 deutsche Spezialisten und Wissenschaftler nach Brasilien ein, um an einer neuen Orthografie des Dialekts zu arbeiten. Diese sollte mehr an die Aussprache des Portugiesischen angepasst sein, um die Schreibweise des Riograndenser Hunsrückisch an die Art des Schreibens in den lateinamerikanischen Gebieten anzugleichen.

So sollte die Sprache gestärkt und für weitere Generationen erhalten bleiben, erklärt Dewes. Die neue Schreibweise wird mittlerweile in lokalen Zeitungen, Zeitschriften und Comics für Kinder verwendet.

Muttersprachliche Lehrer
2009 gelang es der Initiative, Unterricht auf Hunsrückisch in Grundschulen der Gemeinde Santa Maria do Herval in Rio Grande do Sul durchzusetzen. Professor Ursula Wiesemann, die als Spezialistin an der neuen Orthografie mitgearbeitet hat, erklärt, dass es das gute Recht der Kinder der deutschen Einwanderer ist, in ihrer Muttersprache alphabetisiert zu werden. Die Hälfte des Unterrichts und ein Teil der Erstalphabetisierung finden nun auf Riograndenser Hunsrückisch statt. Das stärkt das Selbstvertrauen der Kinder, die auch auf dem Pausenhof hauptsächlich im Dialekt reden. Der Erfolg der Initiative lässt sich aber auch in anderen Bereichen erkennen: In mehreren Lokalzeitungen schreibt Hamester Johann mittlerweile eine eigene Hunsrückseite, drei Lokalradios bringen mehrere Sendungen auf Hunsrückisch, und der katholische Pastor der Gemeinde predigt im Dialekt und motiviert damit sogar Mitbrüder aus anderen Gemeinden.

In einem Nachbarbundesstaat ist man sogar so weit gegangen, Hunsrückisch als zweite Amtshilfssprache einzuführen. Dort wird nun im Unterricht und im öffentlichen Dienst Portugiesisch und Dialekt gesprochen. Der nächste Schritt wird sein, den Hunsrückisch-Unterricht auch über die vierte Klasse hinaus anzubieten und muttersprachliche Lehrer auszubilden. Denn Hunsrückisch ist die meistgesprochene germanische Sprache in Rio Grande do Sul und wird dennoch in den Volkszählungen nicht berücksichtigt, so Hamester Johann. Das sollte sich in nächster Zeit ändern.

Nachdem nun aber eine dem Portugiesisch angepasste Schreibweise besteht, geht das Hochdeutsch in Brasilien immer weiter verloren. Mittlerweile ist Portugiesisch die Grundlage, um Riograndenser Hunsrückisch zu sprechen, Hochdeutsch ist überflüssig geworden. Deutsche Muttersprachler werden sich schwer tun, den Dialekt zu lesen und zu verstehen. Damit koppelt sich das brasilianische Hunsrückisch von dem in Deutschland gesprochenen Hunsrückisch immer weiter ab. Deshalb formiert sich jetzt auch Widerstand in Brasilien: Der Sprachwissenschaftler Cléo Altenhofen galt bislang als Spezialist für Hunsrückisch und verlangt eine mehr an der deutschen Orthografie orientierte Schreibweise des Dialekts. Anzeige Trotzdem hat die Initiative “Option Hunsrückisch” große Erfolge erlangt. Mittlerweile gibt es in Brasilien sogar den Trend, auch andere Sprachen, die aus der Einwanderung hervorgingen und noch stark gesprochen werden, in einigen Gemeinden als Ko-Amtssprache zu verwenden. Die Toleranz gegenüber Dialekten aus der Einwanderungsphase steigt.

Unter dem Motto “Das ist unsere chprooch!” gibt es auf www.hunsrickisch.blogspot.com einen Blog über Riograndenser Hunsrückisch zu lesen, mit kleinen Texten auf Hunsrückisch und Portugiesisch und Grammatikübungen.

Screen Shot 2014-01-29 at 12.07.28 AM

Grossmutter (Klenwowo) Helena Maria Mayer Behm, später Welter erinnert:

Meine Modda aus der Neikolonie/Região das Missões, Bundesstaat Rio Grande so Sul, Brasilien bei uns uff Besuch in Seattle, Washington, Vereinigte Staaten, in September 2012 — un ich hoon’s ganz genau uffgeschrieb (ipsis verbis):

“Linse, wo sin se? Im Dippe, se hipple… drei Woche, un sin imma noch so haat wie Knoche…”

Do säht die weida: “West duuuuuuu, das alles is dann Dings wo frieher mein Mama imma sooht, un dann hot ma das geheat, wies du Jung woost host das alles im Kopp behalt”.

Sieh ooch von Heinrich Tischner: Hessisch, Linsen

Screen Shot 2014-01-29 at 12.07.28 AM