Hier schreibe ich bewusst nicht im Riograndenser Hunsrückisch, obwohl es genau diese Sprachvarietät ist, die historisch gesehen die groesste Verbreitung unter den Deutschsprachigen in Brasilien hatte – und oft sogar als lingua franca zwischen verschiedenen deutschen Dialekten diente, besonders im Bundesland Rio Grande do Sul. Dennoch gilt das, was hier steht, auch all den anderen deutschen Varietäten, die auf brasilianischem Boden lebendig geworden sind und bis heute Teil unserer sprachlich-kulturellen Landschaft sind.
Heute feiern wir nicht nur ein Stück Geschichte – wir feiern eine Sprache, die brasilianisch geworden ist.
Viele nennen sie “Einwanderersprache”. Aber nach 201 Jahren, nach so vielen Generationen, nach so vielen Veraenderungen, ist sie mehr als das.
Deutsch hat sich hier veraendert. Es lebt in unseren Dörfern, in Liedern, im Dialekt, in Gesprächen mit Oma und Opa – und in vielen Herzen.
Unsere Sprache hat eigene Wörter, die es in Deutschland oft gar nicht gibt (ganz zu schweigen von vielen besonderen Redewendungen, die wir ein andermal vorstellen können). Hier sind nur einige Beispiele – in Wahrheit gibt es unzählige mehr, von Begriffen für Tiere und Pflanzen bis hin zu traditionellem Wissen, alten Werkzeugen und sogar modernen Dingen.
Für porquinho-da-índia sagen wir Sandhoos oder Sandhaas (wörtlich: “Sand+Hase”), Meerschweinchen auf Hochdeutsch. Saracura nennen wir Wasserhinkel – wörtlich: “Wasser-Hühnchen”. Pipoca wurde zu Puffmilje, also “aufspringender Mais” (unter uns: “Mais” sind “Mäuse”). In Deutschland hört man fast nur noch das englische Wort Popcorn – ein Begriff, den die zwei bis drei Millionen Muttersprachlerinnen und Muttersprachler des Deutschen in Brasilien meist gar nicht kennen.
Marcela (oder Macela), eine Heilpflanze, die nur im Süden Brasiliens, im Norden Argentiniens, in Paraguay und in Teilen Boliviens vorkommt, wird in der Karfreitagsnacht im Morgengrauen gepflückt, wie es der Brauch im Süden verlangt. Bei uns hat sie einen ganz eigenen Namen: Karfreitachstee. Im Hochdeutschen wäre es Karfreitagstee – aber dieses Wort gibt es dort nicht! Karfreitachstee ist eine Eigenkreation unserer Sprachgemeinschaft, ein Beispiel für die organische Entwicklung unserer Sprache. Eine sprachliche Kostbarkeit – und eine von vielen, die das kulturelle Mosaik Brasiliens bereichern.
Und das Flugzeug? Seit seiner Erfindung nennen wir es Luftschiff – wörtlich: “Luft-Schiff”. Aber der hochdeutsche Begriff Flugzeug wird durch die stärkere Verbindung mit dem Standarddeutschen – begünstigt durch moderne Informationstechnologien – immer geläufiger. Unsere Sprache war immer lebendig, hat sich stets erneuert, und sie wandelt sich auch heute weiter.
Am 25. Juli 1824 kamen die ersten deutschen Siedler im Süden Brasiliens an. Viele mit wenig Gepäck – aber mit einer Sprache, die bis heute weiterlebt. Damals brachte man das Deutsche mit. Heute ist es Teil von uns. Es hat hier einen neuen Klang, neue Wörter, ein neues Leben bekommen.
Unsere Sprache wurde nicht in Schulen gelernt. Sie wurde zuhause gesprochen. In Küchen, auf Höfen, in Gesprächen am Abend. So wurde sie weitergegeben – von Generation zu Generation. Und sie lebt weiter, wenn wir sie sprechen.
201 Jahre – das ist nicht das Ende, sondern ein Anfang. Unsere Sprache verdient Anerkennung, Raum – und Zukunft. Ob im Radio, in der Schule, im Alltag oder online: Wenn wir sie sprechen, hören und schreiben, dann lebt sie weiter.
Viele dachten, die Sprache würde verschwinden. Aber sie hat überlebt – trotz Verboten, Spott und Schweigen. Heute ehren wir alle, die sie bewahrt haben. Und wir machen weiter – weil Sprache nicht nur gesprochen wird, sondern auch geliebt.
Was hier als “Deutsch” lebt, ist oft kein Schuldeutsch. Es ist Dialekt. Es ist Alltagssprache. Es ist kreativ, eigenwillig, echt. Diese Vielfalt ist kein Fehler – sie ist Reichtum. Unser Deutsch ist nicht weniger wert, nur weil es anders klingt.
Heute schreiben wir über das Riograndenser Hunsrückisch – die erste deutsche Sprachvarietät in Brasilien mit den meisten Sprechern. Aber wir meinen auch all die anderen Sprachen, für die Hunsrückisch im Alltag oft wie eine gemeinsame Sprache war. Schwäbisch, Platt, Pommersch, Fränkisch – alle haben ihren Platz. Sie alle sind Teil dieser Geschichte.
Wir feiern 201 Jahre deutsche Sprache in Brasilien. Und wir schauen nach vorn.
DREIMOL HOCH FÜR UNSER MODDERSPROCH!!!
201 anos da língua alemã no Brasil
Hoje, propositalmente, não escrevo em hunsriqueano riograndense, no Riograndenser Hunsrückisch (também chamado simplesmente de Deitsch, Koloniedeitsch, etc.) – mesmo sendo essa a variedade do alemão com o maior número de falantes no Brasil, tanto hoje quanto historicamente. Inclusive, ela já serviu como língua franca entre os muitos dialetos germânicos trazidos por diferentes levas de imigrantes. Ainda assim, tudo o que está dito aqui também se refere às demais variantes do alemão que criaram raízes e se transformaram em solo brasileiro.
Hoje não celebramos apenas um capítulo da história – celebramos uma língua que se tornou brasileira.
Muitos ainda a chamam de “língua de imigração”. Mas depois de 201 anos, depois de tantas gerações e tantas transformações, ela já é muito mais do que isso.
O alemão se transformou aqui. Ele vive em nossos vilarejos, nas músicas, nos dialetos, nas conversas com os avós – e no coração de muita gente.
A nossa fala tem palavras próprias, que muitas vezes nem existem na Alemanha (além de expressões sui generis, as quais podem ficar para serem abordadas noutra ocasião). Pois bem: aqui temos alguns exemplos, mas existem muitíssimos mais – cobrindo fauna, flora, saberes populares, tecnologias antigas bem como modernas.
Para porquinho-da-índia, dizemos Sandhoos (“coelho-d’areia”). Saracura chamamos de Wasserhinkel – que significa literalmente “galinha d’água”. Pipoca virou Puffmilje, ou seja, “milho que estoura” – aliás, na Alemanha quase só se usa o termo inglês Popcorn, uma palavra praticamente desconhecida entre os dois a três milhões de brasileiros e brasileiras que cresceram falando alemão como língua materna. Ainda: na Alemanha não se conhece o termo “Milje”, nossa forma germanizada do termo tupí, aportuguesado, “milho”. Lá se diz “Mais”, no na nossa fala germânica soa como “ratinho” ou “camundongo” (é que o nosso termo coletivo “Mais” no alemão padrão é “Mäuse” (pronunciado mais ou menos como /mói-ze/).
Marcela (ou macela), erva medicinal tradicional que só dá no sul do Brasil, norte da Argentina, Paraguai e parte da Bolívia, é colhida ainda de madrugada na Sexta-Feira Santa, como manda o costume no Sul do Brasil. Mas entre nós ela tem outro nome: Karfreitachstee (no alemão padrão seria Karfreitagstee, mas não existe!). Essa palavra é só nossa – ela surgiu naturalmente aqui e só foi usada historicamente entre falantes da nossa língua. É uma joia linguística, e uma entre muitas que formam o rico mosaico cultural do Brasil.
E o avião? Para nós, avião desde o surgimento desse avanço tecnológico é Luftschiff – literalmente, “navio do ar”. Mas o termo Flugzeug, do alemão padrão formal, já está ganhando chão entre nós, graças à aproximação crescente com o alemão padrão, agora facilitada pela tecnologia da informação. E assim, a nossa língua – que sempre foi viva, sempre se reinventou – continua até hoje em transformação.
Em 25 de julho de 1824 chegaram os primeiros colonos alemães ao sul do Brasil. Muitos trouxeram pouca bagagem – mas trouxeram uma língua que vive até hoje. Naquela época o alemão foi trazido da Europa. Hoje ele é parte de nós. Ganhou sons novos, palavras novas, uma vida nova.
Essa língua não foi aprendida em escolas. Foi passada em casa. Nas cozinhas, nas roças, nas conversas de fim de tarde. Assim ela foi transmitida – de geração em geração. E ela continua viva toda vez que a usamos.
201 anos não são um fim, mas um começo. Nossa língua merece reconhecimento, espaço – e futuro. No rádio, na escola, no dia a dia ou na internet: sempre que a falamos, ouvimos ou escrevemos, ela continua existindo.
Muita gente achou que a língua ia desaparecer. Mas ela sobreviveu – apesar das proibições, do preconceito, do silêncio. Hoje homenageamos todas as pessoas que a preservaram. E seguimos adiante – porque língua não é só falada, é também amada.
O “alemão” que vive aqui muitas vezes não é o alemão escolar. É dialeto. É a língua da vida diária. É criativo, espontâneo, autêntico. Essa diversidade não é um erro – é uma riqueza. O nosso alemão não vale menos por ser diferente.
Hoje falamos do Riograndenser Hunsrückisch, do hunsriqueano riograndense – a primeira variedade da língua alemã no Brasil e também a mais falada (mas tem outras sim, por exemplo na Costa Atlântica de Santa Catarina, no Espírito Santo (já a variedade do Hunsrückisch que era falada no estado do Rio de Janeiro, no município de Petrópolis, não resistiu às políticas públicas arbitrárias e desumanas de Getúlio Vargas, infelizmente). Mas falamos também de todas as outras: o sapato-de-pau o suábio/Schwäbisch, o Platt/Niederdeutsch, o pomerano/Pommersch, os dialetos francônios e mais outros – para muitos deles, o Riograndenser Hunsrückisch virou uma língua ponte no dia a dia. Todos eles fazem parte dessa história.
Celebramos 201 anos da língua alemã no Brasil. E olhamos para o futuro.
TRÊS VIVAS PARA A NOSSA LÍNGUA MATERNA!!!
Bittschön, weiter vertehle