Mir Deitschbrasiliooner sin in Brasilie geboar, unsre Eltre und Grosseltre wore ooch in Brasilie geboar, und so Deitsch tun mir doch schon von Derheem spreche, seit zwooi hunnert Joahrelang… Dodrum, wie mir sellebst ken Ausländer wo aus dem Ausland rin gewannert komm sin, soll ma uns neemeh Immigrante nenne.

Um esclarecimento inicial do editor deste blog:
Brasileiros e brasileiras que falam alemão de berço em nosso país têm a identidade de teutobrasileiros, de brasileiros e brasileiras que falam uma língua minoritária regional; e portanto são pessoas teutófonas. O termo “imigrante” não é o correto a ser utlizado neste caso, no entanto, a sua adoção e difusão reflete ainda a repressão Estatal de um passado recente, a negação oficial de uma identidade linguística minoritária, de todo um universo cultural regional.. Essencialmente, “imigrante” é quem nasceu no estrangeiro, além-mar… a língua e tradições de origem germânica atualmente perpetuadas no sul do Brasil desde há quase duzentos anos são tradições regionais e bem brasileiras – mas sim, inegavelmente com raízes alemãs.

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Das Kegelspiel, o jogo do bolão, é umas das tradições essencialmente teutobrasileiras, de origem quiçás nos jogos de pedras arremessadas sobre ossos dos pagãos germânicos do pré-cristianismo; o jogo em sua forma atual já era citado na Alemanha Medieval, em 1157 na Crônica de Rotemburg/Tauber (Erstmals in der Chronik von Rothenburg ob der Tauber als Volksvergnügend zitiert).

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FESTAS POPULARES DOS IMIGRANTES ALEMÃES

Os nossos imigrantes, oriundos de vários países, tinham na sua bagagem uma riqueza incalculável, a começar pela língua, a maneira de se vestir, alimentar, festas, costumes, a fé e tradições. Mesmo entre os imigrantes alemães vamos encontrar uma diversidade muito grande. Os que aqui aportaram vêm de várias regiões da Alemanha. No ano de 1824, a própria Alemanha de hoje nem existia como um país, o que aconteceu somente a partir de 1871. Passando pela literatura dos nossos imigrantes vamos encontrar uma riqueza sem par. Cada região conta momentos peculiares, mesmo nas festas que tenham a mesma fonte de origem. Arno Sommer, no seu livro „Reminiscências“, escreve sobre as festas na colônia: “Os nossos filhos e netos, ao lerem relatos como este, certamente considerarão a vida na colônia daquela época muito monótona; trabalho e mais trabalho, seis dias por semana; além da preocupação com o bem-estar dos familiares, ainda o compromisso com a Comunidade; enfim, uma vida sem conforto, sem a variedade de diversões de hoje, isto é, sem rádio, sem televisão, sem cinema, sem reuniões danças semanais, sem automóvel ou moto”.

Sem toda esta parafernália de hoje, será que não havia alguma diversão?

Inicialmente, o nosso imigrante teve que se adaptar ao clima, aos produtos da terra, a implantação das sementes oriundas do país de origem, ao clima e outras intempéries. Estas dificuldades iniciais forçaram a união de todos para um bem comum. O importante era que havia um ambiente de paz espiritual e de segurança, isto é, sem as atribulações e histerias de hoje. Se não havia tanta variedade de diversões como as de hoje, as mesmas, no entanto, eram autênticas, de maior naturalidade e sem exagero. A diversão coletiva se expressava, por exemplo, em tipos de danças como a „Polonaise“, as quadrilhas e a dança da vassoura. Era considerado falta de educação se num grupo de casais os cavalheiros não dançassem ao menos uma peça com cada senhora do grupo. Exemplo que deveria se seguido pelos grupos folclóricos de hoje.

O baile iniciava com a Polonese (Polonaise) Aufzug, cerimônia de abertura. Com valsas, marchas e polcas o baile continuava. Dançavam igualmente algumas danças folclóricas como: Herr Schmitt, Kreuzpolka, Hacken-Schottisch, Spazier Walzer, Rutschpolka, Konter, Pressioneria, Siebenschritt, Blaufärber e a Damentur ou Damenwahl (Escolha das damas). Para finalizar o baile, o Kehraus (a dança final ou saideira).

Screen Shot 2013-09-14 at 11.37.20 AMEin Blumenstrauss – Buquê de flores.

O Amor à Música

Algumas famílias, apreciadoras da música, possuíam um gramofone. Em outras, pai e filhos tocavam instrumentos de música. Formaram-se conjuntos musicais, compostos em geral, por bandoneon, violino e flauta, que animavam as festas de aniversário, batizados e casamentos. O repertório diminuto era compensado pelo ardor com que procuravam animar os convidados, tocando e repetindo as famosas peças da época que todos acompanhavam cantando. A maioria cantada em alemão ou traduzidas como as valsas chorosas da Mariazinha triste (Mariechen sass weinend im Garten), da Noiva do Bandido (Die Räubersbraut), da Floresta da Boêmia (Tief drin im Boehmerwald), as valsas mais alegre (Trink, trink, Brüderlein trink) com a versão para o português; „Estava sentado na praia, tomando maracujá“, a da alegre vida dos ciganos (Lustig ist das Zigeunerleben), a garota polonesa (In einem Polenstädtchen) e outras.

Os músicos se reuniam para executar estas músicas, chegando a formar até uma grande orquestra. . As bandinhas formaram o elemento fundamental na vida social da colônia. Era uma época que a única música das festas era a das bandinhas. Inicialmente somente formada por instrumentos de sopro, acompanhados por instrumentos de percussão, mais tarde adicionados e complementados pelo rabecão, o violino, o acordeão.

Meu pai, levando a sua flauta transversal e as partituras de música erudita, viajava para o interior e se reunia com alguns músicos, que tocavam violino, viola e violoncelo, para executar músicas dos grandes mestres, Bach, Mozart, Beethoven,etc. De dia, se trabalhava na roça, e à noite fazia-se música.

O amor pela música foi grandemente estimulada pelas escolas, onde os mestres, geralmente também dirigentes de coros das comunidades, se esmeravam na formação de coros escolares.

O canto coral foi um dos elos mais importantes na preservação da língua e cultura dos nossos antepassados. Com a criação da Ligas de cantores e clubes, os corais tiveram uma grande influência na vida das comunidades principalmente junto às igrejas. Historicamente, podemos dizer quer o canto coral veio junto com os imigrantes .Os pastores evangélicos, em sua absoluta maioria alemães natos, foram os responsáveis pela grande quantidade de cantos que os jovens e velhos, sabiam, na colônia. Principalmente nas escolas da Comunidade „Gemeindeschule“. O valor dado as canções infantis, que ainda hoje são conhecidas: Hänschen Klein (Joãozinho), Kommt ein Vogel (Vem um Passarinho), Die Enten (Os patinhos), Der Bäcker (O Padeiro) etc.

Igreja Matriz de Cerro Largo, Rio Grande do Sul - Brasil. Katholische Kerrich in Cerro Largo, Rio Grande do Sul - Brasilien.A igreja matriz do município de Cerro Largo, na região das Missões, Noroeste do Rio Grande do Sul. / Die Hauptkirche von Cerro Largo, Bundesstaat Rio Grande do Sul (die Hauptkerrich von die Stadt Cerro Largo, im Nordwest von Rio Grande do Sul, wo in die Neikolonie Region vom Bundesstoot leihe tut).

O Kerb

Como não poderia deixar de ser, o Kerb se tornou uma das festa mais importantes dos nossos imigrantes. Kerb, Kirche Einweihfest, Kerchweihfest, Kerchweih, Kerw, Kerb, Kirmes, Kächefest ou outras denominações nos indicam a festa da inauguração da igreja, do padroeiro, do erguer do templo para cumprir promessas, também como uma festa para conseguir fundos para reformas, pintura, arrumação do cemitério, conservação da casa pastoral, etc. Esta festa chegava a durar uma semana. Hoje chega-se a dois ou três dias. A mãe, os filhos, netos e parentes próximos chegavam na sexta-feira, no sábado e domingo para juntos participarem de todo aquele cerimonial místico espiritual. Tudo iniciava com um culto, uma missa, com a participação do coral ou grupo instrumental. Após o ato cerimonial, a comunidade, acompanhada pela bandinha, fazia o trajeto da igreja até o clube. Segue-se então o baile, acompanhado pelo quitutes da cozinha regional.

No outro dia os parentes se reuniam para juntos passarem o dia na casa, de preferência, da vovó, para um Nachkerb ou Fresskerb regado ao café e chá. Serviam-se o Streusselkuchen (cuca) com Wurst (Lingüiça), Schweinebraten (assado de porco), Meldoss (doce da farinha de trigo), Stergdoss (doce de polvilho), bebidas para as crianças “gasosa“ e a conhecido Spritzbier (cerveja caseira) para os mais adultos. Algumas alternativas locais e regionais, que se adaptaram, podem ser encontradas por todas as regiões de preservação da cultura alemã. A faxina na casa e os preparativos para o Kerb, sempre fazem parte desta grande festa, que tem também um sentido; a união familiar.

O Kerb era tão importante que as costureiras começavam a ter mais trabalho. Para as moças, significava um vestido novo, quando não dois ou três, um para cada noite. Para os rapazes calças novas. O sapato é era coisa rara. Os mesmos eram levados até o local do evento numa sacola ou debaixo do braço.

Na verdade, duas semanas antes, começava-se a sentir o espírito do Kerb. Havia um ar de satisfação e otimismo. Era a festa mais esperada do ano.

O Kerb também trazia uma faxina geral na casa. Cortinas eram lavadas. O assoalho era escovado cuidadosamente. No meio da semana começavam os quitutes; sobremesa, cucas tortas o Sauerkraut, chucrute, etc. Como não havia luz elétrica na maioria das casas, o refrigerador era totalmente inexistente. As bebidas eram colocadas num balde e dependuradas no poço cuja água era sempre fresca.

Kirchweihtanz (dança da inauguração da igreja) Em muitas localidades a inauguração da igreja se relacionava ao colher do fruto espiritual. Relacionando a inauguração da igreja com a festa da colheita. Por este motivo, muitas danças da colheita fazem parte do Kerb: Räubertanz (dança do ladrão), apresentada em duas filas, executando uma corrente, com a sobra de um rapaz, que no final não consegue roubar uma moça. O Siebensprung com símbolo bíblico relacionados com o número 7. Canções e danças que relatam a vida o agricultor: Es fuhr ein Bauer ins Heu, As danças cantadas, .normalmente, apresentam uma coreografia simples, que valoriza mais o texto cantado tendo como centro o Kirmeskranz (a coroa da quermesse) . Jäger-Quadrille, Goldaper Kirmestanz (Prússia oriental). O Bändertanz (como louvor a natureza) também pode fazer parte, dependendo sempre da região de origem. Na Áustria encontramos o Lindentanz (Dança das tílias). Uma procissão do „der Kirchtagsumzug“ também faz parte do dia da igreja na Áustria e da Alemanha, cada qual com características próprias. Durante uma das etapas do Kerb o Kerwa, também acontecem competições que visam animar a festa. Um exemplo: o Kuchenlaufen aonde todos os participantes tem que percorrer uma certa distância para conquistar o prêmio almejado, o Kuchen ( o bolo). Bibl. Thelmo Lauro Müller

Danças Folclóricas

Danças pesquisadas no Rio Grande do Sul, até a década de 60

· Herr Schmidt: Uma das danças folclóricas mais populares entre os nossos imigrantes que aqui aportaram, não importa da região de procedência. Hoje a mesma faz parte do folclore do RGS.

· Huttanz – A dança do chapéu tornou-se uma brincadeira musical divertida. Apresentando algumas alternativas, o chapéu circulava entre os dançarinos. Quando havia interrupção da música, aquele que estava com o chapéu caia fora. No final tinha-mos o casal vencedor.

· Besentanz- Besenwalzer-A dança da vassoura tornou-se popular pela sua dinâmica, ao bater a vassoura, todos tinham que trocar de par, o que sobrava, iniciava dançando só com a vassoura.. Em algumas regiões, ao permanecer 3 vezes com a vassoura, o penalizado tinha que pagar uma penda.

· Kranztanz- Dança da Coroa (Casamento) A noiva utiliza uma coroa como símbolo de ser menina. Ao retirar a coroa, que é lançada para o noivo, a moça passa a ser mulher, a esposa. Hoje em dia temos o buquê de flores que é arremessada, para as moças solteiras que esperam um casamento mais imediato. Encontramos também a Dança da Coroa executado debaixo da decoração que está pendurada no teto do salão.

· Mädel wasch dich (Menina, tome um banho e te arrumas para o baile)

· Kreuzpolka: A polca do toque cruzado, tem uma série de alternativas regionais, o que para muitos, considerada difícil.

· Korbtanz- Dança do cesto de flores. Dar o cesto em alguém, tem o sentido de dar o fora. A representação era feita de uma maneira simples e com muito humor. A moça sentava numa cadeira, a direita e a esquerda tinha uma cadeira vaga. Os pretendentes a dança sentavam-se nas cadeiras. A moça passava o cesto para um dos rapazes e escolhia o outro para dançar. Na seqüência, o rapaz sentava na cadeira central, e as moças assumiam o papel dos rapazes.

· Polstertanz – Sesseltanz- Stuhltanz ( Dança da cadeira) Conhecida universalmente, representa o sentar sobre as cadeiras no momento da interrupção da música. Aquele que não conseguir uma cadeira, cai fora. A cada rodada uma cadeira é eliminada. No final sobram uma cadeira e dois participantes. Vencedor é aquele que sentar na cadeira.

· Siebensprung (Sete saltos) Dança comum encontrada na Europa – pode estar vinculada ao cerimonial da colheita, para torna-la abundante ou ao cortejar dos rapazes, que querem conquistar os seu par. Esta dança era conhecida na década de 1920 em algumas regiões brasileiras. O Siebensprung também era apresentada durante o festa da igreja, com a alternativa progressiva de 1 ao 7º e do 7º ao primeiro.(13 etapas)

· Zwiefacher: Por ter como ponto forte a mistura do compasso binário e ternário, está dança popular, exige muita concentração, por este motivo a sua popularidade decaiu, deixando do existir entre os imigrantes alemães que chegaram ao Brasil. A popularidade do zwiefacher se mantém viva no sul da Alemanha, Áustria, Suíça e isoladamente em alguns grupos nosso país.

· Polonaise – Aufzug (Abertura oficial dos bailes ou festivas)Tendo como um cerimônia de entrada e início de algumas festas populares, a polonaise faz parte dos costumes dos nossos imigrantes e até faz parte do folclore gaúcho e de outras regiões brasileiras.

· Spazierwalzer – Marschwalzer (A valsa do passeio, marcha com valsa) Passa a ser um tipo de polonese, com as diferença de que os pares marcham pelo salão e dançam uma valsa, alternando os dois ritmos.

· Rutschpolka (Siebenschritt) Tem a característica dos sete passos (alemães), carreirinha (gaúcha), o siete passi (italiana).

· Prisioneiro, Conda, Lanzer. Estas danças, não tem uma fonte bem definida. Têm algumas características do norte da Alemanha, as quadrilhas. O lancer deve ter a sua origem em outras culturas.

· Hacke-Schottisch (o chote do taco e ponta) Esta dança tem as características do norte da Alemanha, Westfália e Pomerânea.

· Heut ist Kerb (Hoje tem Kerb ) festa da inauguração da igreja ou do patrono. Como dança tinha um sentido mais cênico.

· Blaufärber (Grün sind alle meine Kleider)

· Mein Hut der hat drei Ecken ( O meu chapéu tem três pontas) Conhecida como uma canção mímica, também recebeu uma coreografia simples como dança

· König von Rom (O rei de Roma)

· Krebspolka, Lott ist tot – também era conhecida pelos nossos imigrantes. A primeira conhecida na região dos imigrantes do sul e a segunda do norte da Alemanha.

· Großvater will tanzen. ou Großvatertanz (O vovô quer dançar) Também conhecida com Kehraus, seria a última dança apresentada no final da festa do casamento. Relaciona-se a canção: Und als der Großvater die Großmutter nahm (quando o vovô casou com a vovó) Tem o sentida da união eterna do casal, até que a morte os separe, como os avós o estão fazendo, seguindo um ritual, os pares, passavam pela casa, pelas portas, janelas, pátio, curral, celeiro, passavam pela aldeia, entravam nos restaurantes, etc., um tipo de polonaise. A linha melódica esta dividida em duas parte: compasso ternário e binário. Na frente seguiam os músicos, seguidos pelos noivos, o cozinheiro e os convidados. Esta maneira é uma das possibilidades do aproveitamento destas duas melodias.

As características citadas acima, refletem a ação recolhida em alguns pontos da colonização alemã no Brasil. Temos a consciência de que, riqueza das peculiaridades encontradas nas regiões podem contribuir muito mais para o engrandecimento da cultura do nosso país, sofreram mutações e se adaptaram a cultura teuto-brasileira, por este motivo já fazem parte da cultural brasileira.

Nos bailes de antigamente, duas características eram preponderantes: a ordem das danças „Tanzordnung, e o mestre-sala „Saal-Meister“. Seguia-se uma ordem pré-estabelecida. No convite para o baile a ordem já constava.

Exemplo: Sylvester-Ball; baile de ano novo.

Ouverture (abertura musical) 1. Polonaise-Polka ou Polonaise-Valsa ; 2. Valsa; 3. Mazurca; 4. Quadrilha; 5. Polca das Damas; 6. Valsa; 7. Tyroler (chote, ländler); 8. Havaneria (Habaneira); 9. Quadrilhe; 10. Polca; 11. Valsa; 12. Mazurca; 13. Lanceiros.

Na época de 1922, após a segunda guerra a influência americana começou a interferir no predomínio de origem européia. Surgem assim o Fox, One Stepp, Rag-Time , Foxtrot e outras danças sul americanas como o Tango. Em muitos salões o Step não era permitido „Step verboten“, por saltar em vez de escorregar e deslizar pelo salão não podia ser considerada como uma dança. Além disso, o pular provocava muita poeira, já que o assoalho não era firme e mantinha um certo molejo, o que não acontece mais nos dias de hoje, época do cimento e do parquê.

Screen Shot 2013-08-19 at 1.22.44 AMDer Hobel, in Riograndenser Hunsrückisch auch der Howwel genannt. Ferramenta de construção que liga um elemento da vida prática ao ideário identitário de uma minoria linguística do Brasil meridional.

Hausbau und Richtfest

Construção da Casa e a festa da cumeeira

A casa no passado tinha um outro significado. Na vila , todos participavam da construção da casa, desde as crianças até os mais velhos. Esta casa se tornava na localidade, o primeiro lar de uma família, esta casa pertencia por gerações a mesma família, por este motivo a pedra fundamental era colocada pelo dono da casa, que a trazia para o lugar da construção como também o primeiro prego. A construção começava a se erguida e ao chegar a cumeeira, acontecia a festa de agradecimento a todos os que ajudaram na edificação da casa. No topo da construção se colocava uma pequena árvore enfeitada por fitas ou uma coroa. (Richtkranz). A comida servida durante a festa, dependendo do poder aquisitivo do proprietário, já iniciava com o café da manhã, com pão caseiro, ,teiga e algumas marmeladas (Schmier), ao meio dia um almoço com carne, feijão e arroz seguido por uma sobre mesa a base de doce com ovos. A tarde era servido um café com cuca, para as crianças cuca e bolachas. Nas famílias de poucas posses um sopa de ervilhas ou outros pratos feitos num panelão.

No primeiro domingo, após o ingresso da família, os vizinhos e parentes se faziam presentes para saborear o café da tarde. A entrada festiva era precedida pelo cerimonia de boas vindas, caracterizado pela coroa colocada na entrada da porta e pelo plantio de uma arvore de nozes, por que o mesmo protege a casa contra os raios. O vizinhos ou amigos, faziam um pão que passava pela entrada da casa, acompanhado pelo sal, par proteger a casa contra a fome e de uma boa relação com a futura vizinhança. O Richtfest, a festa da cumeeira, representa uma pedra solidificante para a família e sua futuras gerações. Esta festa ainda continua viva na Europa e em algumas comunidades do interior do nosso país, mesmo que tenha sofrido alterações e os pedreiros assumindo o lugar da comunidade este cerimonial precisa continuar vivo e nas tradições das nossas comunidades. Consta também, nos bastidores dos supersticiosos que a festa da cumeeira traz boa sorte. Indagados sobre o sentido muitos respondem com precisão sobre os boatos que ouviram: „ o dono da construção não quis comemorar a festa da cumeeira e , os operários também não deram a devida importância a praxe do mesmo, pregaram um galho de árvore à cumeeira para espantar o espírito mal. O resultado da indiferença não demorou; um operário caiu do madeiramento ao solo e perdeu a vida“. Expressão e crendice mística popular.

IMG_0147Quando no alemão padrão ou no Hochdeutsch se diz zu Hause, no dialeto Riograndenser Hunsrückisch se diz Derheem (note que como não existe uma grafia oficial do dialeto, que por natureza assim como os falares germânicos da Europa, é repleto de variantes, portanto esta mesma palavra pode aparecer grafada Deheem, etc.). Ao lar está fortemente associado ao conceito de que ali a pessoa se sente bem GemütlichGemütlichkeit pode ser tradizudo como aconchegante mas ela é uma palavra daquelas que pertencem à categoria de palavras de difícil tradução que todas as línguas têm (famosamente no português é a palavra saudades), a qual geralmente ganha longa descrições em outras línguas por não haver um termo equivalente.

Oktoberfest

A mais famosa de todas as festas históricas alemãs é a Oktoberfest (Festa de Outubro), que se realiza anualmente em Munique, Alemanha. A primeira Festa de Outubro foi comemorada em 1810. Era, então, bem diferente da de hoje. Tudo começou com o rei Max Joseph convidando os cidadãos para uma festa a se realizar na periferia da cidade, quando da celebração das bodas do príncipe Ludwig com a princesa Therese von Sachen-Hidburghausen. O sucesso da festa foi tão grande que a guarda de cavalaria formulou requerimento solicitando que se desse o nome da noiva ao relvado que servira de parco ao evento. A municipalidade de Munique, por sua vez, decidiu que a festa haveria de se repetir a cada ano. E como os muniquenses haviam passado com seus cursos festivos pela residência imperial a caminho da festa, por ocasião do casamento, tornou-se costume a realização de desfiles solenes, de trajes típicos, através de Munique – um espetáculo que, por seu colorido esplendoroso e por sua variedade, inclui a participação de grupos folclóricos procedentes de todas as partes do país. Segundo Schiller: Nos velhos costumes reside um sentido profundo, devemos, portanto, honrá-los. A Oktoberfest, na Alemanha só acontece em Munique. Pela sua dinâmica, hoje pode ser encontrada em muitas partes do mundo. Todas parte do princípio, mas ciaram as suas características próprias. No Brasil, iniciou-se no oeste catarinense, com características próprias, tendo como tema central o beber cerveja e as músicas de bandinhas. Hoje encontramos a Oktoberfest na maioria dos estados do sul do Brasil. As mais conhecidas são: Oktoberfest da Sogipa, Porto Alegre, Oktoberfest de Santa Cruz, Igrejinha. Em Santa Catarina, a mais divulgada é a de Blumenau. Esta proliferação teve o seu impulso após a segunda guerra mundial. Com a ocupação americana no sul da Alemanha, os americanos começaram a divulgar a imagem alemã bávara pelo mundo, dando a mesma uma conotação única para a cultura dos alemães.

Durante as festas usam-se trajes típicos ou adaptados ao clima. Na festa vendem-se inúmeros pratos típicos: chucrute, salada de batatas, costelas de porco, pão de centeio, tortas, grelhado, além de cerveja, cachorro quente especial, sorvete, café.

Como diversão: pau-de-sebo, jogo do porquinho, tiro ao alvo, boca de palhaço, argolas, marreta. Tendas que vendem chapéus, aventais, canecões, pescaria, flores, tudo premiado, etc.

Hoje em dia temos a imagem da festa da alegria, da bebida, comida, danças típicas. Sinônimo de festa alemã.

Obs.: Curiosidades:

Na Oktoberfest de Munique espera-se em torno de 7 milhões de pessoas.

94 cabeças de gado são consumidas durante o evento.

97.500 lugares estão a disposição dos visitantes, divididos em 14 espaços. Só no Löwenbräu, 5700 lugares internos e 2800 externos.

Como a festa é popular, não existe o pagamento de ingresso. Junto a mesma também encontramos um parque de diversões, e acontecia um exposição de animais e também um corrida de cavalos

Screen Shot 2013-08-24 at 6.19.53 PMA tradicional Oktoberfest de Igrejinha na verdade é uma série de eventos que atraem pessoas de diversas faixas etárias e interesses. Ultimamente a ênfase na conscientização de manutenção da língua vem ganhando maior atenção, tanto que em 2012 a Câmara de Deputados do Rio Grande do Sul votou em unanimidade a favor do reconhecimento do idioma Riograndenser Hunsrückisch como patrimônio cultural do estado a ser oficialmente preservado e promovido.

Schützenfest

As festas dos Atiradores (Schützenfeste) são celebradas em todas as partes da Alemanha. São festas municipais que fazem lembrar, em muitos casos, acontecimentos históricos. Segundo Narliese Kleindbing: a festa do rei do tiro, tem origem na Alemanha, nos séculos 13 ou 14. Há notícias de que em 1830, na atual cidade de Wilstei, já se faziam presentes os grupos de tiro, cujos dados forma encontrados no Alten Ratsbuch – manuscrito em pergaminho no ano de 1426. Os participantes destes grupos deveriam se ajudar mutuamente, como irmãos cristãos. Cada aldeia tinha um grupo de cidadãos, encarregados da sua defesa, em caso de ataque. Anualmente havia uma festa na qual se escolhia o melhor atirador do grupo de defensores da aldeia o Schützenkönig. Esta tradição veio junto com os nosso imigrantes. Surgindo assim o Schützenvereine (sociedades de tiro ao alvo) .Estas sociedades de atiradores tiveram a sua proliferação, no Brasil, junto as comunidades dos imigrantes alemães, principalmente na região do leste catarinese; Blumenau, Jaraguá do Sul, etc.

Anualmente, após a realização, o que fizer o maior número de pontos ou o ponto mais elevado, é coroado rei. O segundo e o terceiro Cavalheiros (condes em certas localidades) e suas esposas respectivamente, Rainhas e Damas. Colocado em 4 º lugar aquele que fizer mais pontos. Durante a festa, outras atividades paralelas acontecem, enquanto os atiradores demonstravam as suas qualidades, outros aproveitavam para jogar cartas ou bolão Em muitas localidades a escolha do rei do bolão juntou-se a escolha do rei do tiro.

No dia marcado, realiza-se o baile de coroação. Um cortejo, seguido pela banda, vai à casa do rei, a fim de conduzi-lo ao salão de festas, onde o Rei e Condes (Cavalheiros) do ano anterior os aguardam.

O novo Rei recebe a faixa ( ou talabarte com placas indicativas dos premiados em anos anteriores) das mãos do antecessor. Os cavalheiros recebem as sua medalhas.

O Rei abre o baile com a Polonese. Após, os participantes da festa formam a grande roda, ao centro da qual dançam os Reis, as Rainhas e, em seguida, os Condes com suas Damas

Finalmente, todos os participantes do baile confraternizam. Como o prêmio o Rei do Tiro e os condes recebem fichas para cerveja, que oferecem aos amigos. Fichas que provém das inscrições pagas pelos candidatos ao Rei do Tiro. A prática do tiro também fazia parte da proteção da propriedade dos imigrantes, contra possíveis invasores, ladrões, etc.

A prática do rei do tiro, em muitas localidades, também passou a fazer parte da vida das senhoras, que obedecem os mesmos critérios de treinamento e acabam escolhendo a sua „ Rainha do Tiro“ Schützenkönigin e as suas princesas.

Obs.: A maior festa do tiro acontece anualmente no mês de junho e julho na cidade de Hannover, quando o duque Erich I, também chamado de o mais velho, deu o privilégio aos hannoveranos de festejar anualmente esta festa, desde 1529. Não esperavam em sonho, nem os grandes proprietários e aos que lançaram a pedra fundamental que a Schützenfest que a festa chegasse a ser a maior do mundo. Participam, da mesma, mais de 2 milhões de visitantes. Apontamentos sobre a festa já foram citadas por volta de 1468. As regras, mais definitivas, a partir de 1710. Como a participação não exigia grupos formados e trajando uma roupa característica, em 1837, novas normas foram elaboradas para a apresentação das sociedades de tiro. Por este motivo o ano de 1837 pode ser considerado como o nascimento do clubes de tiro.

Das Erntefest u. Entedankfest

Das Erntefest (a festa da colheita), uma das mais importantes festas encontradas na maioria dos países do mundo, também tem o seu ponto marcante no Brasil. No sul da Alemanha, era chamada de Sichelhenke (gancho da foice) porque a partir da colheita a foice deixará de ser usada até a próxima colheita. A colheita é o ponto mais importante das atividades anuais de um colono. Em Meckenburg, norte da Alemanha, os trabalhadores, principalmente as mulheres, vestiam roupas novas ou limpas. Na Floresta Negra, no mínimo, vestiam uma blusa nova ou lavada recentemente. Na Lünenburgerheide (Charneca de Lünenburgo) o último feixe de grãos como um símbolo de agradecimento permanecia no campo. Estes são alguns exemplos da seriedade mística apresentada pelos que habitam e valorizam o solo que lhes dá o sustento. A colheita sempre esteve vinculada ao tempo de plantar, regar e colher. Somente a colheita, colocando o seu produto de grãos em segurança, garantia um tempo de fartura. Também a colheita do pasto para os animais, ração alimentar para a época do inverno, recebe a atenção dos que se organizam para a entre safra. Enfeitar um dos carros com uma coroa, utilizando a palha, o feno, demonstrava um sentindo de agradecimento pela colheita. Após a colheita, empregados e proprietários, se reuniam ao ar livre ou no galpão, para festejar. Os músicos a tocar, o povo a dançar e a degustar os pratos especialmente preparados para este dia. A dança do Hahnenbraut (noiva do galo) simbolizava o comprometimento dos noivos após a árdua jornada.

No mundo cristão a festa de agradecimento pela colheita (Erntedankfest) foi aceita e incluida no calendário que acontece anualmente, na maioria das vezes no domingo de São Miguel (final de Setembro) durante uma cerimônia religiosa, a oferta de alimentos, dos produtos artesanais como agradecimento, colocado junto ao altar. Representa o respeito por todos os produtos que servem para o sustento da família, agradecendo pelo alimento diário que está sobre a nossa mesa. Nos Estados Unidos, a festa de agradecimento (Endtedankfest “Thanksgiving”) reporta-se a primeira colheita dos pioneiros da colonização daquele país.

Canto Coral

Uma das mais importante manifestações culturais dos imigrantes alemães. Junto com a língua materna, o canto popular tornou-se um elo de ligação com a terra dos antepassados. Relembrando um passado, um saudosismo, um mundo diferente. Cantava-se também para incentivar a auto estima, criar forças, para suportar a sobrevência inicial, para entender o prometido que ficou inicialmente tão distante e o isolamento político e social. Abandonados, em muitos a casos, a própria sorte, a religião, o canta e o lazer uniram os imigrantes. Surgem também os clubes culturais que se dedicam ao Canto coral. Formaram-se assim: os corais masculinos, mistos, femininos, infantis. A atividade motivadora para o interesse pelo canto coral chegou através dos imigrantes alemães ao Brasil.

Schlachtfest ( a festa da matança do porco)

Wer sein Schwein hungern läßt,

bekommt schlechte Schinken

(Bauernregel)

Quem deixa o seu porco passar fome terá um presunto de má qualidade (Regra do colono)

A matança do porco sempre termina com o triste fim para o porco., que é frito, assado, para o despertar alegre dos consumidores que festejam comilança e acompanhado de bebida. Toda a vizinhança é convidada para a matança. O vizinho que não consegue estar presente também não vai ser esquecido e receberá algumas doações. Na Baviera e em estados têm o seu início no Sábado com um sopa seguida algumas partes do porco. A meia noite segue-se a lingüiça moreilha e de fígado. No Domingo ao meio dia é servido o porco assado e a noite um Surfleisch( carne de panela) com defumados. O chucrute não pode faltar, mesmo que não tenha sua origem alemã. Já na antigüidade tinha-se o gosto por pelo repolho e servia também com remédio. Por toda a Europa como planta medicinal.

Na localidade de Schweinfurt existe o prato “Schlachtplatte”, uma diversão diferente . Pessoas reúnem-se ao redor da mesa de madeira. Pequenas saliências, buracos sobre a mesa servem para colocar o sal e outros temperos e o copo para as bebidas alcoólicas O proprietário do local derrama sobre a mesa uma bacia repleta de carne cozida “Wellfleisch” que fica ao alcance de todos, juntando se ao paladar o repolho ou chucrute com purê de batatinha. Cada um serve-se com uma porção destinada a sua gula. O comer sem prato dá um grande prazer. Seguem-se, seguindo uma ordem, as 7 partes do porco que são devoradas sobre a mesa até que a chegada o rabo do animal que está pendurado com uma agulha. “Ele esta pendurado” “Er hängt” até que um pobre coitado descobre que o rabo está preso nele. Ação de um vivaldino e habilidoso que conseguiu a proeza, ato que se torna uma diversão para pegar os desligados e distraídos.

Não só frito e cozido o porco tem o seu significado. O porquinho também e o símbolo da sorte. A expressão: Ele teve sorte” “Schwein gehabt hat” e muito popular, que nem sempre exige que tenhamos que matar e comer o pobre animal.

A matança do porco passa a ser uma atividade com cunho social, que reúne todos os amigos e a vizinhança.

Hoje em muitos lugares é servida a Schlachtplatte, uma tabuleta de madeira, sobre a qual são colocados os frios (salames de vários tipos, defumados, queijos, etc.).

Departamento de Danças Folclóricas Alemãs

Casa da Juventude – Rua 25 de Julho 833

Associação Cultural Gramado

95670-000 Gramado RS

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Eine Fussreise im Herbst –
En Fussreis im Spätjoahr

Eine Fussreise im Herbst
von Hermann Hesse
Outono e eu andando à pé …
(Meu título em português)

Seltsam im Nebel zu wandern!
Einsam ist jeder Busch und Stein,
Kein Baum kennt den andern,
Jeder ist allein.

Voll von Freunden war mir die Welt,
Als noch mein Leben licht war,
Nun, da der Nebel fällt,
Ist keiner mehr sichtbar.

Wahrlich, keiner ist weise,
Der nicht das Dunkel kennt,
Das unentrinnbar und leise
Von allen ihn trennt.

Seltsam im Nebel zu wandern!
Leben ist Einsamsein.
Kein Mensch kennt den andern,
Jeder ist allein.

Uma caminhada outonal / Outono e eu andando à pé … por Paul Beppler
Minha adaptação ao português de “Eine Fussreise im Herbst” por Hermann Hesse

Raro é andar pela neblina!
Sozinho é cada arbusto, e pedra,
Nenhuma árvore conhece a outra,
Cada um fica só.

Cheio de amigos me foi o mundo,
Enquanto a vida ainda me era leve,
No entanto, descendeu a neblina,
E nenhum/a mais cá se encontra.

Certamente, ninguém é sábio,
Sem conhecer a escuridão,
A qual calada- e inescapavelmente,
De tudo o indivíduo separa.

Raro é andar pela neblina!
Viver é estar só.
Nenhum ser humano ao outro conhece,
Todos estão sozinhos.

Esboço de tradução por Paul Beppler,
6. de setembro de 2013, Seattle, Washington – EUA.
Eine Fussreise im Herbst de Hermann Hesse
Minha adaptação: Uma caminhada outonal / Outono e eu andando à pé …

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Spätjoahr

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Spätjoahr – Paul Beppler
ins Riograndenser Hunsrückisch
6. September 2013
Seattle, WA – USA.

Die Blätter fälle, fälle wie von weit,
alt welliche in den Himmel feerne Goorde;
die fälle mit verneenenner Gebäard.

Und in den Nächte fällt die schwere Eard
aus alle Steerne in die Einsamkeit.

Mir all fälle. Die Hand dohie fällt.
Und sieh dir annre an: das ist in alle.

Und doch ist Ener, wo das Fälle
unendlich sanft in seinen Hände hält.

Herbst – Rainer Maria Rilke
11. November 1902
Paris, Frankreich

Die Blätter fallen, fallen wie von weit,
alt welken in den Himmel ferne Gärten;
sie fallen mit verneinender Gebärde.

Und in den Nächten fällt die schwere Erde
aus allen Sternen in die Einsamkeit.

Wir alle fallen. Diese Hand da fällt.
Und sieh dir andre an: es ist in allen.

Und doch ist Einer, welcher dieses Fallen
unendlich sanft in seinen Hände hält.

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“Deutschbrasilianisch” von Georg Knoll (Rotermund Kalender, 1912)

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Zweisprachig Gedicht von Georg Knoll, aus Kronberg, Taunus, Deutschland, geboren am 23. September, 1861. Nach Brasilien ausgewandert, liess er sich endlich und permanent in Blumenau, Bundesland Santa Catarina, Südbrasilien, nieder.

Er arbeitet in Brasilien als Übersetzer, und übertragte brasilianische Autoren wie José de Alencar und Monteiro Lobato ins Deutsche. Beide seine Eltern in Deutschland waren Lehrer und Lehrerin.

Deutschbrasilianisch.

João, der Johann, Pedro, Peter,
gingen in das Feld, die Roça,
den Machado hat der Johann,
und die Axt hat sein Genoße.

João trägt eifrig die chaleira,
Peter hat den Topf beim Kragen;
João schleppt sich mit Pinienreisern,
Grimpas muß der Peter tragen.

Pedro geht mit der Isqueira,
Feuerzeug mit Stahl und Zunder;
João trägt andere tarecos
und der Peter andren Plunder.

Pfeife raucht der gute Peter,
Doch der João raucht Cachimbo;
Fumo raucht der Peter langsam,
Tabak raucht der João geschwinder.

Pedros Roça ist gechlagen
und der Wald längst derrubado.
Johanns Feld hat schlechte Erde;
denn das Land ist schon cançado.

Peter trinkt den Herva Mate;
denn er liebt den Chimarrão;
Tee aus Paraguay hier lutschend
sehen wir den guten João.

Milho pflantz der gute Peter,
doch den Mais den pflanzt João,
Bohnen pflanzen auch der erstre,
doch der andre pflanz feijão.

Eine Mula hat zum Reiten,
hier der Peter in der Flur,
João ist nicht so reich zu nennen;
denn er hat ein Maultier nur.

Deutsch spricht klar der gute Peter,
para ensinar die Kinder.
Weder Deutsch noch Brasilinanisch
sprecht ihr beiden Spracheschinder.

Georg Knoll
Rotermund Kalender / Anuário (1912)

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Fonte:
A produção lingüística dos imigrantes alemães no Brasil
por José Luís Félix (Unesp – Assis / Brasil)

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Fundamentos para uma escrita do Hunsrückisch falado no Brasil

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www.revistacontingentia.com | Cléo V. Altenhofen; Jaqueline Frey; Maria L. Käfer; Mário Klassmann; Gerson R. Neumann; Karen Pupp Spinassé

Fundamentos para uma escrita do Hunsrückisch falado no Brasil1

Cléo V. Altenhofen / Jaqueline Frey / Maria Lidiani Käfer / Mário S. Klassmann / Gerson R. Neumann / Karen Pupp Spinassé

This paper discusses a foundation for writing Hunsrückisch as a German immigrant language in contact with Brazilian Portuguese. This foundation brings together the main conclusions obtained by the Group for the Studies of Hunsrückisch Writing (Grupo de Estudos da Escrita do Hunsrückisch – ESCRITHU). This group was formed at the Language Institute at the Federal University of Rio Grande do Sul with the goal of proposing not only a system of orthographic norms for a language that exists mostly just in oral forms, but also to encourage research on and linguistic education for speakers of this immigrant language. An already extant literature in Hunsrückisch includes journal and magazine texts such as Sankt Paulusblatt or the Brummbär-Kalendar, published between 1931 and 1935, as well as texts by authors such as Rambo (2002 [1937-1961]), Gross (2001), and Rottmann (1889 [1840]). From these texts various writing formats, guidelines, and goals for an orthographic norm are analyzed, be they for the written expression of the speakers or for useful instruments in the transliteration of ethnotexts within the ALMA-H project ( Linguistic-Contactual Atlas of the German Minorities in the La Plata Basin: Hunsrückisch), with which ESCRITHU collaborates.

Key words: immigrant minority language; Hunsrückisch; orthography; written language; German teaching.

1 Introdução

Com as discussões em torno da criação, no âmbito do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional),2 de um Livro das Línguas Brasileiras, tem crescido o interesse na organização social das cerca de 180 línguas indígenas e aproximadamente 30 línguas de imigração faladas ao lado do português, no Brasil. Como uma dessas línguas do tipo alóctone ou de imigração3 mais em evidência, ainda recaem sobre o Hunsrückisch uma série de tarefas. Uma dessas tarefas advém justamente da sua condição de variedade dialetal essencialmente falada, que não dispõe de uma prática e registro escrito sistematizados, função que até hoje tem sido coberta pelas normas cultas do Hochdeutsch e do português.

Entende-se, assim, por que o falante de Hunsrückisch, apesar de ser esta sua língua materna, sempre cogitou exclusivamente do português ou do alemão-padrão para a função da escrita, a não ser em situações em que comumente aflora o desejo de expressão da identidade e da cultura local, como nos texto humorísticos. Um exemplo que ilustra a primazia da língua-padrão para a função escrita são os Wandschoner (panos para proteger parede), dos quais não temos conhecimento de exemplar que apresente uma frase ou ditado no dialeto local, embora muitas vezes com algum traço de coloquialidade.

Neste sentido, pode-se admitir que, ao longo da história do contato alemão-português, tenha ocorrido uma espécie de diglossia, como os lingüistas chamam o uso de duas variedades (alta e baixa) para funções sociais distintas. Isso significa, em outras palavras, que se falava Hunsrückisch, porém se escrevia Hochdeutsch – a Schriftsprache, ou ainda popularmente o “alemão gramatical” –, isto é, uma variedade aprendida na escola, com o auxílio de uma gramática que sistematiza e normatiza essa escrita. Com a política de nacionalização do Estado Novo (1937-1945) e a conseqüente repressão e retrocesso do ensino de alemão na escola básica e fundamental, a função de língua escrita passou a ser
assumida pelo português.

Apesar dessa tendência geral, é possível identificar um conjunto de textos em Hunsrückisch que permitem ao menos falar de uma “pequena” tradição escrita nessa variedade. É verdade que o teor desses textos atende a um apelo fortemente humorístico sobre um fundo metarreferencial que busca documentar e cultivar um modo de expressão familiar e de cunho identitário. Poderíamos falar por isso da existência de etnotextos escritos e de uma visão de mundo que reflete a cultura do grupo étnico em questão. O
que, no entanto, falta que impeça e justifique uma produção escrita mais significativa e constante, onde antes só havia a oralidade? Constitui uma premissa deste estudo a convicção de que cabe atribuir ao dialeto, antes de tudo, o mesmo status de língua a que têm direito o alemão-padrão e o português enquanto línguas históricas com existência oral e escrita. Isso implica naturalmente a criação de um instrumento inicial de sistematização dessa escrita, como ponto de partida.

A idéia de fixar, ou melhor, normatizar uma escrita para o Hunsrückisch tem, portanto, fundamento no próprio papel que a escrita exerce enquanto forma de expressão e segue, como tal, princípios próprios observáveis, por exemplo, na história de todas as grandes línguas internacionais. Todas essas línguas tiveram, em seus diversos estágios, especialmente os iniciais, variações muito grandes da grafia de uma mesma palavra ou lexema e, só com a prática e o trabalho de sitematização de estudiosos, foram
estabelecendo sua norma escrita como a conhecemos hoje.

O presente artigo reproduz, de certa forma, esse caminho clássico. Pretende-se, com a consideração da “pequena” tradição, a que já se aludiu, dos estudos existentes, bem como de uma série de princípios previamente fixados, propor um conjunto de normas que oriente uma escrita sistematizada do Hunsrückisch. Para tanto, criou-se no Instituto de Letras da UFRGS o Grupo de Estudos da Escrita do Hunsrückisch (ESCRITHU) que tem por objetivo não apenas criar esse sistema de normas, mas também refletir e
fomentar o estudo e educação lingüísticas dessa variedade que, segundo estimativas de pesquisas, conta com cerca de 500.000 falantes só no Rio Grande do Sul.4 O grupo ESCRITHU, constituído em sua maioria por falantes de Hunsrückisch e pesquisadores dessa variedade de contato com o português, insere-se no projeto ALMA-H ( Atlas Lingüístico-Contatual das Minorias Alemãs na Bacia do Prata: Hunsrückisch), como
sub-projeto deste (v. ALTENHOFEN 2004).

2 Princípios de ortografia: por onde orientar a escrita do Hunsrückisch?

Antes de fixar ou optar por qualquer proposta de registro escrito de uma língua como o Hunsrückisch, é preciso perguntar sobre os objetivos a que se destina tal escrita. Neste particular, podemos identificar diferentes pontos de vista, que refletem uma série de dilemas, entre os quais se pode destacar:

1.°) o dilema entre “o ideal fonográfico (uma escrita que refletisse regularmente uma forma idealizada de pronunciar) e o princípio ideográfico (que opta por manter a etimologia, a notação das palavras em sua língua original)” (MORAIS 2003, p. 11).

2.°) o dilema entre considerar a vinculação histórica com a matriz lingüística original e o desejo de se afastar e diferenciar dessa origem, em virtude de uma identidade nova.

3.°) finalidades de leitura (receptiva) e de produçâo escrita (autora).

4.°) a finalidade estritamente comunicativa e prática versus o propósito didático-pedagógico, com o intuito de desenvolver a reflexão e educação sobre a língua;

5.°) definição de um público-alvo fechado e restrito aos usuários da língua grafada membros da comunidade lingüística ou público-alvo aberto a não-falantes ou membros de outras comunidades lingüísticas.

O primeiro aspecto levanta, segundo Morais (2003), questões que vão muito além da mera codificação de relações som-grafema. Se simplesmente seguíssemos a tese da “escrita fonética” (=escrever como se pronuncia), que seus defensores acreditam ser mais simples, teríamos ao final mais de uma língua escrita, pois é diferente a natureza interpretativa do som pelos diferentes falantes, assim como também variam as pronúncias na produçâo oral dos falantes. Conforme enfatiza Morais (2003, p. 13), “a perfeiçâo
alfabética é uma ilusão”, seja qual caminho se adote, e “sempre as soluções encontradas terão sido opções, soluções arbitradas que se transformaram em convenção, lei”.

Neste sentido, o que o grupo ESCRITHU está propondo vai muito no sentido de fixar “normas ortográficas” por onde se possa sistematizar a escrita do Hunsrückisch. Evidentemente, essas normas seguem determinados objetivos e opções mais imediatos. Mas será a recepção pelos usuários e a prática de escrita e leitura pelos falantes e demais interessados que darão legitimidade a essas normas de grafia, sugerindo inclusive as alterações que couberem. Por esta razão, na tentativa de harmonizar os diferentes opostos dos dilemas apontados acima, fixamos os seguintes critérios e objetivos:

a) Entende-se a escrita, acima de tudo, como convenção e regra sistemática que, como qualquer sistema novo que se fixe, por mais simples que seja, precisa ser aprendida (neste sentido, importa o resultado que a leitura de um segmento produz oralmente; p.ex. se fixarmos que Johr ‘ano’ se lê como Rohr ‘cano’, a representação grafemática do segmento é lida como tal, e não de outra forma, seguindo outro paradigma).

b) A proposta não se direciona apenas a falantes de Hunsrückisch, mas pretende ser compreensível também a membros falantes de outras variedades do alemão (uma escrita puramente fonética baseada no português excluiria o público não-falante nativo e aumentaria o vácuo entre o Hunsrückisch e o Hochdeutsch, não permitindo por exemplo que um professor de alemão fizesse comparações relevantes, para fins
didáticos).

c) Distingue-se entre as habilidades de escrita e de leitura de textos produzidos de acordo
com as normas fixadas (a primeira certamente exige um grau de letramento e portanto de familiaridade com o alemão escrito maior).

d) Vale ressaltar que o Hunsrückisch é entendido como “língua” distinta do Hochdeutsch (alemão-padrão), embora se vincule a ele historicamente e por semelhança lingüística. Quando se adota no Hunsrückisch traços da escrita semelhantes à do Hochdeutsch, não se está de modo algum adequando ou adaptando a forma, mas sim apenas adotando uma convenção que atesta uma coincidência de formas independentes,
apesar da semelhança.

e) Não se considera que o pré-conhecimento de elementos gráficos do Hochdeutsch esteja totalmente ausente. Pelo contrário, partimos do princípio de que os falantes de Hunsrückisch possuem, naturalmente em grau variado, alguma noção prévia de convenções da escrita do alemão, desde sobrenomes ( Schneider, Müller, Neumann, Käfer etc.) ou inscrições de topônimos ou festas observáveis no meio social, até o
acesso a publicações locais em alemão ( Familien-Kalender, Sankt-Paulus-Blatt etc.).

f) A proposta tem por isso objetivo didático, no sentido de que visa não somente a instrumentalizar o falante e a nós próprios para o registro do Hunsrückisch, como também fomentar a educação lingüística dos falantes sobre o papel e funcionamento de sua língua materna e de uma língua de modo geral.

g) Reconhecem-se pelo menos três grandes variantes do Hunsrückisch, partindo da tipologia de Altenhofen (1996, mapa 6, v. anexo), a saber:

1. Hunsrückisch com traços [+ moselanos] (o tipo com maior número de traços dialetais que o distanciam do Hochdeutsch): p.ex. falantes de dat/ wat (predomina na maioria dos autores, como RAMBO [1937-1961] e BRUMMBÄR-KALENDER [1931-1935]);

2. Hunsrückisch com traços [+ renanos] (segundo o estudo de Altenhofen (1996), o tipo mais falado): p.ex. falantes de das/ was (mais comum em SPOHR [vários] e em GROSS 2001);

3. Hunsrückisch atenuado, com traços mais próximos do padrão: p.ex. falantes de /ai/ em lugar de /e:/, como em Bein, (mais comum em FLACH 2004).

O ESCRITHU respeita cada uma dessas variantes como legítimas e toma como regra que cada autor utilize a sua variante materna, porém com as mesmas normas de escrita de cada som específico.

h) A proposta destina-se inicialmente às finalidades internas do Grupo, mas, conforme já se disse, será sua prática e utilização externa, através de uma série de testes e atividades que, eventualmente, podem ser realizadas (p.ex. workshops, publicação de textos etc.), que lhe conferirá a eficácia desejada.

i) É uma das intenções do ESCRITHU elaborar posteriormente um Dicionário trilíngüe
Hunsrückisch-Hochdeutsch-Brasilianisch (compreende-se o dicionário igualmente como instrumento de auxílio para consulta de dúvidas sobre grafia, como comumente fazemos até mesmo no português e no alemão-padrão).

j) A escrita proposta servirá de base para a transliteração de dados, sobretudo etnotextos, coletados pelo ALMA-H na rede de pontos do projeto (ao todo, 38).

k) A presente proposta de escrita considera a tradição pré-existente e a vinculação histórica e lingüística ao alemão, de onde proveio (critério genético). Do ponto de vista da gestão da língua pela comunidade de fala, ao contrário, reconhece-se o status de brasilidade da língua de imigração Hunsrickisch, com língua brasileira que adquiriu sua autonomia e traços particulares no novo meio.

Segue a análise e discussão de alguns problemas e opções envolvendo diferentes aspectos passíveis de sistematização no registro escrito de sons do vocalismo e consonantismo, bem como de aspectos tipográficos e formais. Casos mais problemáticos e polêmicos, para os quais não existe ainda consenso, serão resolvidos através da prática de uso das normas ortográficas pelos diferentes usuários.

2 Aspectos tipográficos

a) Substantivos com inicial maiúscula ou minúscula

Uma das primeiras decisões que cabe tomar envolve o registro da inicial dos substantivos. Poderia alguém alegar que o uso geral de inicial minúscula, como no português, facilitaria a escrita. Outros, porém, como por exemplo aprendizes de alemão têm apontado a vantagem de, na leitura, reconhecer e identificar mais facilmente os componentes da frase, na medida em que o substantivo aparece discriminado pela inicial maiúscula. Não nos parece problemático optar por esta última forma, principalmente se pensarmos no caráter pedagógico que queremos imprimir ao trabalho com a escrita do Hunsrückisch. Além disso, tal decisão é respaldada quase unanimemente na tradição (vejam-se RAMBO [1937-1961], FLACH 2004, GROSS 2001, MÜLLER 1996, BRUMMBÄR-KALENDER [1931-1935], COLLISCHONN [vários], dentre outros).

b) Palavras compostas

O mesmo argumento da compreensibilidade do escrito vale para as palavras compostas que, a nosso ver, deveriam respeitar a forma aglutinada, por constituírem unidades semânticas próprias (p.ex. Reenscherrem ‘guarda-chuva’, e não Reen scherrem, Tischtuch ‘toalha de mesa’, e não Tisch tuch). A forma separada pode dar margem a dúvidas e ambigüidades, como p.ex. em spritz bier ‘ Spritzbier, a cerveja caseira’.

c) Empréstimos do português: empréstimos integrados ou estrangeirismos

No caso dos empréstimos do português, maciçamente encontrados no Hunsrückisch, colocam-se dificuldades em exemplos, onde a ortografia do português difere substancialmente da do sistema de referência do alemão e, por conhecimento do português, tendêssemos à ortografia da língua de origem. Um exemplo que ilustra esse impasse é o lusismo calçada, que no Hunsrückisch pode aparecer como estrangeirismo (quando mantém a mesma forma da língua-fonte) – neste caso, die Calçada – ou como empréstimo já integrado ao sistema fonológico do Hunsrückisch – neste caso, die Kalsoode. Tal se observa também em galicismos como die chamant ‘simpático’ (fr. charmant). Como proceder nesses casos?

Seguindo os princípios fixados, poderíamos sugerir que os estrangeirismos seguem a ortografia da língua de origem, e os empréstimos integrados as regras da escrita do Hunsrückisch. A isso, porém é preciso somar a força do uso corrente e recorrente de determinada forma. A prática ainda nem sempre tem sido tão conseqüente, como mostra o título de um texto de W. H. Collischonn, na coluna Der Friedolin, intitulada Uff de Calçode abgeritscht. Nos parece que a sistematização proposta pode ajudar como orientação, embora se deva reconhecer que esses casos são fortemente regulados pela regra do uso, a qual explica por exemplo grafias como Chor ‘coral’, ao invés de Kohr, que causaria forte estranhamento no leitor. Nessa linha de raciocínio, é preciso levar em conta também grafias como a do exemplo Calçode. A prática do uso recorrente certamente irá regular esses casos.

Vale ressaltar que, na nossa concepção de escrita, entendemos que ao processo de leitura de um texto subjaz um diálogo intertextual e intercultural, no qual o leitor compara e associa conhecimentos e palavras. Ou seja, um texto em Hunsrückisch não existe no vácuo, mas dialoga com outros textos inclusive textos escritos em português e Hochdeutsch.

3 Vocalismo

3.1 Duração da vogal

No português, não há distinção entre vogais breves e longas, e conseqüentemente, não há grafemas no português para marcar esta distinção, o que nos leva a recorrer a regras do alemão.

3.1.1 Vogais breves

a) No alemão, vogal seguida de duas consoantes é pronunciada com duração breve. Essa regra é seguida de maneira mais ou menos conseqüente pelos autores que escrevem em Hunsrückisch:

“Wenn de alte Vetter Pitter sei gross Brill uff die Nas gesetzt hot” ‘Quando o velho tio Pedro acavalava os óculos sobre o nariz’ (RAMBO 2002, v. 1, p. 156)

“Donnaschtags Mittags hatt’a de Zug geholl bis Santa Maria“ ‘Quintas-feiras à tarde pegava o trem até Santa Maria’ (FLACH 2004, p. 102)

“Die Kinna wolle, die Fraa will, unn de Mann will nix demit wisse. Unn dann?“ ‘As crianças querem, a mulher quer e o homem não quer saber de nada disso. E daí?’ (SPOHR, Familien-Kalender 2006, p. 130)

A regra aplica-se de modo geral também a exemplos monossilábicos muito freqüentes, como uff, unn e honn. Talvez, aqui, o uso e a prática possam sugerir uma forma simples.

b) Um caso particular de aplicação dessa regra são os exemplos decorrentes da adição de uma vogal epentética, como em Milch ‘leite’, que se torna Millich, ou Berg var. Berch ‘morro’, que fica Berrich. A duplicação da consoante, para marcar que a vogal é breve, é usada pela maioria dos autores, como Spohr (p.ex. Kerrich, Familien-Kalender 2006, p. 106) e principalmente Rambo ( Kerrich, 2002, v. 2, p. 49; Millichstross, 2002, v. 1, p. 81). Em nossa proposta, apesar da inclinação inicial para a forma simples, por questões, decidiu-se por fim pela aplicação sistemática da regra apresentada em a).

c) As vogais átonas não oferecem grandes problemas, a não ser a vogal /a/ em final de sílaba, que em muitas palavras, e inclusive em nomes e sobrenomes (ex. Peter, Schneider, Käfer), é grafada como < -er>. Aqui, parece haver bastante divergências.

Alguns autores chegam a misturar as formas <-er> e <a>, muitas vezes no mesmo texto. De modo geral, em Rambo, Rottmann e Gross predomina o emprego de <-er>, enquanto que Spohr e Collischonn variam o emprego entre <-er> e <a>. Exemplos: imma ‘sempre’, awer var. awa ‘mas’, unsa var. unser ‘nosso’ (COLLISCHONN in: Der Friedolin, 2006). Uma exceção é Flach, que emprega sistematicamente a grafia <a>, inclusive no título de seu livro Unsa gut deitsch Kolonie.

Um problema maior aparece em contextos de sílaba tônica. Evidentemente que a grafia de um pronome como Wer ‘quem’ tem de fato o efeito desejado, na medida em que a sua pronúncia conhecida da escrita do padrão coincide com a do Hunsrückisch. O que fazer, no entanto´, com palavras como mehr var. meh ‘mais’, Meer ‘mar’, mir var. mea ‘a mim’ e a forma para o pronome pessoal mea var. mia ‘nós’.

Nossa opção é pelo emprego de < -er> em posição pós-tônica (p.ex. unser ‘nosso’, Fenster ‘janela’, awer ‘mas’) e de em posição tônica (p.ex. Weat ‘valor’, heat ‘ouve’), ressalvadas as exceções fixadas pelo uso recorrente. A opção por < -er> se deve à sua relação lógica com a formação do plural e da declinação de modo geral, onde aparece um /r/. Exemplo: unsre Fenstre ‘nossas janelas’. Este argumento está em sintonia com nosso propósito de fomentar, com esse trabalho, a reflexão e a educação lingüística em torno da língua materna.

d) Os mesmos argumentos usados para o caso anterior valem, em parte, também para a grafia de (como em vor ‘antes, na frente’, Motor ‘motor’). Flach registra , seguindo a mesma tendência para < (e)a>. Nossa dúvida novamente recai sobre os monossílabos, onde já existe a grafia < -ohr> , como em Rohr ‘cano’, Ohr ‘orelha’.

Estendemos essa escrita por analogia a contextos resultantes de mudança vocálica, como em Johr ‘ano’, Hohr ‘cabelo’, wohr ‘verdadeiro’, com a mesma justificativa da concordância sintática, p.ex. de plural, como em die Johre ‘esses anos’, onde aparece o /r/. Essa grafia aparece também em Rambo e Rottmann:

“Et war eso em Määdche
Vunn neinzeh – zwanzig Johr,
Hatt, wie Keschdanieschilze,
So braune, glatt Hohr. ”5 (ROTTMANN 1950, p. 144)

e) Por fim, o mesmo tratamento de d) pode ser dado aos segmentos (como em nur var. nurre, nore ‘somente’, pur ‘puro’, Schnur ‘fio’, Natur ‘natureza’) e < -uhr> (p.ex. Uhr‚ relógio, hora’, Fuhr‚ carreiro ao arar’).

3.1.2 Vogais longas

Para marcar que a vogal é longa, o alemão oferece duas grandes regras que são seguidas pelos autores e também por nós:

a) Vogal diante de consoante simples pronuncia-se como longa, em oposição à regra a)
para vogais breves. Exemplos: Lewe ‘vida’ (compare-se Lewwer ‘fígado’), brige ‘brigar’ (compare-se com Bricke ‘pontes’).

Um problema sobre o qual muitas vezes não há muita clareza ocorre nos casos onde o Hochdeutsch usa o grafema < ß>, que obviamente é excluído da escrita do Hunsrückisch. Contudo, ao escrever palavras como alemão Straße ‘rua’ e groß ‘grande’ em Hunsrückisch Stross ou gross, os autores violam a regra da vogal breve diante de duas consoantes, deixando de marcar oposições como Stros ‘rua, estrada’ e Stross ‘garganta’. Às vezes essa oposição vem acompanhada apenas de variação simples da mesma palavra, como em Hoss var. Hos ‘calça’ e Hoos ‘coelho’. É verdade que o contexto auxilia na compreensão, mas o exemplo mostra a perspicácia dos falantes em marcar a distinção, ou através da duração (/o/ longo ou breve), ou através da abertura da vogal (/o/ longo fechado ou aberto).

Outro problema decorre da espirantização de /g/, resultando em um som equivalente a (v. abaixo no consonantismo). A vogal que antecede de modo geral é breve, p.ex. em spreche ‘falar’ e lache ‘sorrir’. Com a espirantização, surgem exemplos como Kuchel ‘bola’, Kuche ‘cuca’ ou Vochel var. Vohl ‘pássaro’, que pela regra seriam breves, mas se pronunciam como vogais longas. Optamos aqui em manter simples, por maior economia e por achar que não causa maiores problemas na leitura.

b) Vogal diante de pronuncia-se como longa. Exemplos: hohl ‘oco’ (compare-se holl ‘pega’), Stihl ‘cadeiras’ (compare-se Stiel ‘cabo’ e still bleiwe ‘ficar parado, não se mexer’), stehn ‘estar parado, em pé’ (compare-se Stenn ‘estrela’, ‘testa’). Um problema dessa regra é que exige de quem escreve um grau de letramento e de familiaridade com a escrita do alemão, como aliás o conjunto da proposta. Por outro lado, para a leitura parece não haver essa mesma dificuldade. Como qualquer língua, uma boa escrita pressupõe uma boa experiência de leitura. Outras opções, além das já citadas, para marcar as vogais longas são encontradas na tradição. São as seguintes:

c) É comum o emprego do grafema para marcar /e:/ longo, sobretudo nos casos em que existe a variante (tipo 3 do Hunsrückisch, mais próximo do padrão), como em Steen var. Stein ‘pedra’ (compare-se stehn e Stenn acima), kleen var. klein. Inclui-se aqui toda a série de verbos com sufixo – iere vs. – eere, como em telefoneere var. telefoniere ‘telefonar’, schmeere var. schmiere ‘esfregar, untar’. Por fim, em alguns casos onde o Hochdeutsch apresenta vogal longa arredondada /ö/, costuma aparecer, nos textos em Hunsrückisch, a grafia com , p.ex. scheen ‘bonito’ (compare-se Hdt. schön). São poucos exemplos. A nossa posição é favorável ao uso de que julgamos auxiliar na clareza sobretudo de monossílabos.

d) O emprego de , inclusive como variante de pronúncia, aparece generalizado. Exemplos: lieb ‘querido’, Besemstiel ‘cabo de vassoura’, Lied ‘canção’, namoriere var. namoreere ‘namorar’. Como no caso de /ö/, o grafema pode assumir a mesma função para distinguir palavras, sobretudo monossilábicas, onde o Hochdeutsch possui < ü>, p.ex. mied ‘cansado’ (compare-se Hdt. müde), Brieder ‘irmãos’ (compare-se Hdt. Brüder). Rambo, como alguns outros autores isolados, emprega às vezes para esses casos ainda . Isso nos parece uma grafia desnecessária, pois já está coberta pelo . Nos contextos onde segue , opta-se por simples, pois o já marca a duração longa.

e) Talvez uma das maiores dificuldades na escrita do Hunsrückisch seja a grafia para /o/
aberto e longo. A maioria dos autores emprega, na verdade, a variante /a/ longo, grafando-a muitas vezes com dois . Esta opção coincide de fato com a variante do tipo 3 do Hunsrückisch, mais próximo do padrão; contrasta porém com o que, na verdade, se fala com mais freqüência nas colônias, onde, como mostra o estudo de Altenhofen (1996, v. mapas 26, 27, 28, 54, 56, 59, 69), a partir de um corpus representativo de dez localidades situadas nas colônias novas e velhas do Rio Grande do Sul, predomina o uso de /o/ longo e aberto no dia-a-dia. Como registrar esta pronúncia grafematicamente?

A opção dos autores por <aa> ou <a>, representando quase a maioria (p.ex. aarich ‘muito’, aach ‘também’, Taach ‘dia’, Fraa ‘mulher’, Gaade ‘jardim’, como em Rottmann e Rambo), deve-se em parte a uma tradição anterior, que usava prioritariamente <aa>, e à falta de um grafema mais apropriado para o som de /o/ longo aberto. Nossa posição, respeitando o emprego de <aa> ou <a> por quem fala o tipo 3 de Hunsrückisch, foi encontrar um grafema para essa vogal /o/ aberta e longa. Nos defrontamos com duas opções:

1. uso de para contrastar com fechado longo diante de consoante simples ou . Exemplos: Galinhoode var. Galinhade ‘galinhada’, Goode var. Gaade ‘jardim, horta’ (compare-se Kote ‘madrinhas’), além dos exemplos já mencionados oorich, ooch, Tooch e Froo. O emprego de aparece, em alguns autores como Rambo, Rottmann e Spohr, para /o/ fechado, em analogia ao que se pratica com, escrevendo p.ex. Schoof (Rottmann 1950, p. 147), noore (Spohr 2006, p. 106), Bloos var. Blas ‘bexiga’ (RAMBO 2002, v. 1, p. 118).

2. uso de < ó>, valendo-se de um acento agudo, como no português. Esta opção aparece esporadicamente, como em Collischonn. Cogitamos também dessa forma de grafia, mas os exemplos nos pareceram muito esdrúxulos e estranhos ao público leitor não acostumado: órich, óch, Fró, Tóch etc.

Após muita discussão, optamos pela forma , convencionando que esta sempre se pronuncia como /o/ longo e aberto. A oposição é necessária para distinguir exemplos como Rood ‘roda’ e rot ‘vermelho’, Boohn var. Bahn ‘cancha’ e Bohn ‘feijão’.

3.2 Vogais desarredondadas

Diferentemente do Hochdeutsch, não ocorrem no Hunsrückisch as vogais arredondadas /ö, ü, ä/, que são pronunciadas respectivamente como /e, i, e/. Optamos, por isso, pelos grafemas <e> e <i>, salvaguardados os casos discutidos acima em relação à <ee> e <ie>, quando a vogal for longa. Exemplos. here ‘ouvir’ (Hdt. hören), Glick ‘sorte’ (Hdt. Glück), Medche (Hdt. Mädchen), mais os casos em que a grafia <ee> (p.ex. bees ‘brabo’ [Hdt. böse]) ou <ie> (p.ex. mied ‘cansado’ [Hdt. müde]) ajuda a marcar a vogal

 longa (v. 3.1.2 regras c) e d)). A literatura em Hunsrückisch ainda registra ocorrências de

 <ä>, principalmente Rambo e Rottmann (p.ex. Männer ‘homens’, ao invés de Menner).

 Tal como no caso de <ß> achamos que se trata de um grafema dispensável, além de serexclusivo do sistema ortográfico alemão, portanto estranho ao usuário que se alfabetizou basicamente em português.

3.3 Ditongos

Além dos ditongos decrescentes /ea, oa, ua/ resultantes da vocalização de um /r/, já tratados acima, destacam-se ainda os seguintes casos:

a) Opção pela grafia : presente em diversos sobrenomes, nos parece adequado optar pela forma em lugar de , como fazem alguns, quando escrevem em Hunsrückisch. Nos parece que basta convencionar que sempre se pronuncia /ai/, exceto em estrangeirsimos do português (p.ex. de Pai ‘papai’) ou exemplos consagrados pelo uso, como Mai ‘maio’, e que isso não representa maiores problemas, além de didaticamente facilitar posteriormente no ensino de alemão-padrão como língua estrangeira. Exemplos: Schneider ‘alfaiate’, fein ‘fino, chique’, heit ‘hoje’, Leit ‘pessoas’, Ei var. Eu ‘ovo’, Feier ‘fogo’.

b) Opção pela grafia : Aplicam-se aqui os mesmos argumentos usados em relação a . O emprego de poderia deixar dúvidas sobre a qualidade da vogal /o/, se fechada ou aberta. Já a marcação da abertura com acento (< ói>) viola outros princípios mencionados anteriormente. Os exemplos não são tão numerosos, sobretudo considerando a sua substituição por nos tipos 1 e 2 do Hunsrückisch, onde é visto como marca do alemão-padrão ( feines Deitsch ‘alemão fino’). Exemplos: Neumann ‘um sobrenome conhecido’, neun var. nein ‘nove’ , Eu var. Ei ‘ovo’ , zweu var. zwei ‘dois’ , Meu var. Mei ‘visita’, heut ‘hoje’, Leut ‘pessoas’.

c) A grafia de não oferece maiores problemas, dada a sua coincidência com o português. Exemplos: Haus ‘casa’, Maus ‘camundongo’ , raus ‘para fora’ , Haut ‘pele’ , Maul ‘boca’ , haue ‘bater’ e também nos casos onde é variante do tipo 3 do Hunsrückisch, mais próxima do Hochdeutsch (p.ex. Baum var. Boom ‘árvore’, auch var. ooch ‘também’).

d) O mesmo vale para a grafia . Os exemplos, porém, são mais raros, muitas vezes de empréstimos do português: Teekui ‘cuia de chimarrão’, Lui ‘abreviatura de Luís’.

4 Consonantismo

A grafia das consoantes segue, em nossa proposta, a tendência das regras do alemão, por motivos que já foram explicitados. Os casos mais polêmicos além das vocalizações de /r/ e da função de para alongar a vogal precedente já foram discutidos. Para os seguintes contextos, trata-se de convencionar que “grafema x se pronuncia como x”, o que para a leitura não traz grandes problemas, mas para a escrita exige certa familiaridade com o texto escrito. É o caso dos pares e ( Vater ‘pai’, fetter ‘mais
gorduroso’, Vetter ‘primo’), sobretudo no prefixo ver- que convencionamos com duas variantes possíveis, ve- e fa- (p.ex. vestehn var. fastehn ‘compreender’).

O quadro final resume os grafemas utilizados e serve como uma espécie de guia. Destes, cabe destacar os seguintes exemplos mais discutíveis:

a) tem sempre pronúncia oclusiva (p.ex. gille ‘valer’); quando é aspirado, escreve-se como (p.ex. richtich ‘correto’, Kuchel ‘bola’).

b) , e pronunciam-se, é verdade, com certo ensurdecimento. Seus correlatos surdos, eacrescentam muitas vezes um traço de aspiração. Exemplos: koote ‘jogar cartas’ vs. Goode ‘jardim, horta’, picke ‘picar’ vs. bicke ‘agachar-se’.

c) traduz a consoante velar (no fundo da garganta), como em jinger ‘mais jovem’, salvo exceções em que coincide com , como em Bank ‘banco’.

d) preferimos e à escrita e , por resultar no mesmo efeito de pronúncia pelo leitor, assim como também pela sua maior economia.

e) ocorre diante e depois das demais consoantes e de vogal: Schul ‘escola’, fosch ‘forte’, veschreiwe ‘receitar’ , schneide ‘cortar’ , schlicke ‘engolir’, schmeisse ‘atirar’.

f) representa dois sons inexistentes no português, seja palatal, como em ich ‘eu’, richtich ‘correto’ , schlecht ‘ruim’ , seja velar, como em noch ‘ainda’, Tischtuch ‘toalha de mesa’ , jachte ‘caçar’ , Hietche ‘chapéuzinho’ (compare-se Hittche ‘cabaninha’)

g) casos de mera convenção, pelo menos para a leitura são as pronúncias de como /f/
(p.ex. Vater ‘pai’), e como /ts/ (p.ex. Zeitung ‘jornal’, Katz ‘gato’), como /v/ ( Wasser ‘água’, Wowwo ‘vovô’).

h) o mesmo vale para e , e (v. exemplos abaixo).

i) pode ser interpretado como , tornando a vogal precedente curta. Exemplo Mick ‘mosca’.

5 Resumo da proposta de escrita para o Hunsrückisch

Resumindo a análise dos aspectos tipográficos, do vocalismo e do consonantismo que compõem uma proposta de escrita do Hunsrückisch, podemos apresentar o seguinte quadro em forma de exemplificação, pressupondo, é claro, que os exemplos falam por si e que a sua implementação depende naturalmente de um treinamento prévio, e que a prática e o uso irão determinar as adaptações ainda necessárias.

Aspectos tipográficos:
• substantivos com inicial maiúscula: das Fest ‘a festa’ (compare-se fest ‘preso, fixo’), de Brige ‘briga’ (compare-se brige ‘brigar’).
• palavras compostas escritas junto: Blitzlamp ‘lanterna’, Dickkopp ‘cabeçudo’.
• escrita dos estrangeiros como na língua-fonte: die Calçada ‘a calçada’, de Milho ‘o milho’, de Show ‘o show’, de Jorge ‘o Jorge’, die Corrupção ‘a corrupção’.
• empréstimos integrados seguindo as regras do Hunsrückisch: die Kalsoode ‘a calçada’, de Miljekolwe ‘a espiga de milho’, de Schosch ‘o Jorge’ (cf. francês Georg), die Korruption ‘a corrupção’.

Vogais breves:
• vogal diante de duas consoantes: kalt ‘frio’, holl ‘pega’, Stenn ‘estrela, testa’, Land ‘terra’, Stross ‘garganta’, Fest ‘festa’, lenne ‚aprender’ , bringe‚trazer’,krinse‚ resmungar’.
• duplicação da consoante em contextos de adição de vogal epentética: Millich ‘leite’, Berrich ‘morro’.
• < -er> em final de palavra: immer ‘sempre’, Kinner ‘crianças’, Menner ‘homens’, Fenster ‘janela’, Lehrer ‘professor’, Wasser ‘água’, Lewwer ‘fígado’, scheener ‘mais bonito’, hetter ‘mais alto, mais duro’.

Vogais longas:
• vogal diante de consoante simples pronuncia-se longa: gros ‘grande’, Stros ‘rua’, ruwe ‘chamar’, Lewe ‘vida’, Bower ‘abóbora’, Buwe ‘rapazes’, Assude ‘açude’, blumich ‘floreado’ , brige ‘brigar’.
• vogal diante de pronuncia-se longa: hohl ‘oco’, stehn ‘estar em pé’, Kuhstall ‘estábulo’, Schuhbennel ‘cadarço do sapato’.

<u> diante de <ch> : Kuche ‘cuca’, kluch ‘inteligente’ , Kuchel ‘bola’.

<o> fechado diante de <ch>: Vochel ‘pássaro’.

<ie>  (/i/ longo) lieb ‘querido’, Spiel ‘jogo’ , mied ‘cansado’ , Lied ‘canção’ , schmiere ‘passar em algo, esfregar’ , telefoniere ‘telefonar’.

<ee>  (/e/ longo) kleen ‘pequeno’, scheen ‘bonito’, Reen  var.  Reeche ‘chuva’ , schmeere ‘esfregar’ , telefoneere ‘telefonar’.

<oo>  (/o/ longo aberto) Goode ‘jardim’, Froo ‘mulher’, Tooch ‘dia’ ,  woorem ‘quente’ , Groos ‘grama’, soohn ‘dizer’ (exceção: prefixo on-, onmache ‘ligar’, onbinne ‘amarrar’).

<aa>  (/a/ longo) Gaade ‘jardim’, Fraa ‘mulher’, Taach ‘dia’.

Ditongos:

<ei>  Schneider ‘alfaiate’, fein ‘fino’ , heit ‘hoje’ , Leit ‘pessoas’ , Ei  var.  Eu ‘ovo’ , Feier ‘fogo’.

<eu>  Neumann ‘um sobrenome conhecido’, neun  var.  nein ‘nove’, Eu  var.  Ei ‘ovo’ , zweu  var.  zwei ‘dois’ , Meu ‘visita’, heut ‘hoje’, Leut ‘pessoas’.

<au>  Haus ‘casa’, Maus ‘camundongo’ , raus ‘para fora’ , Haut ‘pele’ , Maul ‘boca’ , haue ‘bater’.

<ui>  Teekui ‘cuia de chimarrão’, Lui ‘abreviatura de Luís’.

<ea> em sílaba tônica: Weat ‘valor’, mea ‘nós’, Tea ‘porta’, Schea ‘tesoura’

(exceções: leer ‘vazio’, Meer ‘mar’, Lehr ‘ensinamento’)

<-ohr, -or> com pronúncia de /oa/: Rohr ‘cano, mangueira’, wohr ‘verdadeiro’, Johr ‘ano’, Ohr ‘orelha’ ,  Hohr ‘cabelo’, também vor ‘antes’.

<-uhr, -ur> com pronúncia de /ua/: Uhr ‚relógio, hora’, Fuhr ‚carreiro ao arar’, também pur ‘puro’, Natur ‘natureza’.

Consoantes:

<j>  jedes Johr ‘todos os anos’, Jacke ‘casaco’, Jookob ‘Jakob’ , Griensje ‘salsinha’, Bliesje ‘blusinha’, Miljehitt ‘paiol’.

<z>  (em sílaba tônica) Zeitung ‘jornal’ , Zimmer ‘quarto’ , Zeich ‘roupa’ , Zucker ‘açúcar’ , zackre ‘arar’ , vezehle ‘conversar’ , zurick ‘de volta’ , zwerich ‘diagonal, mal-

educado’ , Zwiwwel ‘cebola’.

<tz>  (em posição pós-tônica) Katz ‘gato’, Hetz ‘coração’, Kotz ‘vômito’, spritze ‘respingar, vacinar’, kitzlich ‘coceguento’, putze ‘limpar’.

<s>  sauwer ‘limpo’, Kees ‘queijo’, Kuss ‘beijo’, sammle ‘colecionar, juntar’,

passeere ‘acontecer’, glense ‘brilhar’.

<w>  Wasser ‘água’, Worrem ‘verme’ , lewe ‘viver’ , Wowwo ‘vovô’ , Wowwe

‘vovó’ , Wunner ‘admiração’ , Winter ‘inverno’ , Woose ‘vaso’.

<v>  Vater ‘pai’, Vohl var. Vochel ‘pássaro’, vekoofe ‘vender’, vebreche ‘quebrar’ , vorgehn ‘avançar’ , vorrich Johr ‘ano passado’, vonne ‘na frente’.

<f>  Faulenser ‘preguiçoso’ ,  finne ‘achar’, Fehler ‘erro’, fakoofe ‘vender’ , fabreche ‘quebrar’.

<p>  (por tradição + com aspiração): Pans ‘barriga’, Pooter ‘padre’, Patt

‘padrinho’, petze ‘beliscar’, vespeet ‘atrasado’ , planse ‘plantar’.

<b>  (sem aspiração): bettle ‘pedir esmola’, babble ‘tagarelar’, Bock ‘bode’, Bicher

‘livros’, Gebet ‘oração’, brille ‘chorar’.

<t>  (por tradição + com aspiração): Teiwel ‘diabo’, Tinte ‘tinta’, traurich ‘triste’,

toofe ‘batizar’, teier ‘caro’ , Tante ‘tia’, tausend unn tante ‘mil e tantos’

<d>  (sem aspiração): dumm ‘bobo’, denke ‘pensar’, dummle ‘apressar-se’ , Deckel

‘tampa’ , de best ‘o melhor’

<g>  gut, Gaul ‘cavalo’, gewinne ‘ganhar’, Glick ‘sorte’, gille, gewwe ‘dar’ , Guri

‘guri’ , Goode ‘jardim, horta’ , brige ‘brigar’ , Bricke ‘pontes’ , de greest ‘o maior’.

<ng>  bang ‘com medo’ , lang ‘por muito tempo’ (exceção: lank /lank/ ‘longo’) ,

Finger ‘dedo’, lenger ‘mais longo’,  angle ‘pescar’ , Engel ‘anjo’ , Springersaleb

‘ungüento Springer’ , onfange ‘começar’ , Jung ‘rapaz’ , jinger (exceção: jung /junk/

‘jovem’).

<nk>  Bank ‘banco’, Benk ‘bancos’, lank ‘longo’ , krank ‘doente’ , lenke ‘guiar’ , Lenk, flink ‘hábil’ , Onkel ‘tio’.

<ck>  Mick ‘mosca’, verrickt ‘louco’, Brick, Wecker ‘despertador’,

Becker ‘padeiro’ , packe ‘consegiur’ , backe ‘assar’, Backe ‘bochecha’, Seckel

‘bolso’.

<k>  kaputt ‘estragado’, Kunne ‘cliente, cara’, koofe ‘comprar’, Kui ‘cuia’ , Kisse

‘travesseiro’, Kanecker ‘caneca’ , Kerrich ‘igreja’.

<sp>  vespreche ‘prometer’, Spinneweb ‘teia de aranha’, spassich ‘estranho,

engraçado’ , gesproch ‘falado’.

<st>  Steier ‘imposto’, Stros ‘estrada’, Gestank ‘fedor’, ufsteie ‘levantar’, vestehn

‘compreender’, Stihl ‘cadeiras’, Stimm ‘voz, voto’.

<sch>  Schul ‘escola’, fosch ‘forte’, veschreiwe ‘receitar’ , schneide ‘cortar’ , Schmea  var.  Schmier ‘marmelada, doce para passar no pão, chimia’.

<ch>  ich ‘eu’, richtich ‘correto’ , schlecht ‘ruim’ , noch ‘ainda’, Tischtuch ‘toalha de mesa’ , jachte ‘caçar’ , Hietche ‘chapéuzinho’ (compare-se Hittche ‘cabaninha’).

<m>  mechtich ‘muito’, mim ‘com o’ (compare-se mit’dem), om Enn ‘no fim’,

amenn ‘talvez’, brumme ‘rosnar’ , Teebumb ‘bomba de chimarrão’, Boddem  var.  

Bodem  var.  Borrem ‘chão’.

<n>  Schreibnoome ‘sobrenome’ , Wand ‘parede’ , onnanner ‘um ao outro’ , Indruck

‘impressão’.

 

Referências bibliográficas

ALTENHOFEN, Cléo Vilson. A aprendizagem do português em uma comunidade bilíngüe do Rio Grande do Sul. Um estudo de redes de comunicação em Harmonia. Dissertação (Mestrado) Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1990.

ALTENHOFEN, Cléo Vilson. Hunsrückisch in Rio Grande do Sul. Ein Beitrag zur
Beschreibung einer deutschbrasilianischen Dialektvarietät im Kontakt mit dem
Portugiesischen. Stuttgart: Steiner, 1996.

ALTENHOFEN, Cléo Vilson. A constituição do corpus para um “Atlas Lingüístico-
Contatual das Minorias Alemãs na Bacia do Prata”. Martius-Staden-Jahrbuch, São
Paulo, n. 51, p. 135-165, 2004.

COLLISCHONN, Wolfgang Hans. Coluna Deutsche Sprache, no jornal O Informativo, de Lajeado – RS. Coluna Der Friedolin, no jornal Correio Rio-Grandense, de Caxias do Sul – RS. Coluna no jornal semanal Primeira Hora, de Bom Princípio – RS. Coluna Hunsrücker aus Rondon, no jornal Evangelische Zeitung, editado em Porto Alegre (?).

COSERIU, Eugenio. Sentido y tareas de la dialectología. México : Universidad Nacional
Autónoma de México, Instituto de Investigaciones Filológicas, 1982.

FLACH, José Inácio. Unsa gut deitsch Kolonie. Nova Petrópolis: Sociedade União
Popular Theodor Amstad, 2004.

GROSS, Alfredo. Hunsrücker Mundart in Brasilien. Dialektgedichte und Schriften in
deutscher und portugiesischer Sprache. Porto Alegre : S.e., 2001.

MORAIS, Artur Gomes de. Ortografia: este peculiar objeto de conhecimento. In: Morais, artur Gomes de (org.). O aprendizado da ortografia. 3. ed. Belo Horizonte : atêntica, 2003. p. 7-19.

MORTARA, Giorgio. Immigration to Brazil: some observations on the linguistic
assimilation of immigrants and their descendents in Brazil. In: Cultural Assimilation
of Immigrants. Supplement to Population Studies. London / New York, Cambridge
University Press, 1950. p. 39-44.

MÜLLER, Telmo Lauro. História da imigração alemã para crianças. Porto Alegre : EST; Correio Riograndense, 1996. [ed. trilíngüe português-alemão-dialeto Hunsrückisch]

RAMBO, Pe. Balduíno. O rebento do carvalho: contos dialetais (1937 a 1961). Trad.
Arthur Blásio Rambo. São Leopoldo (RS): Ed. UNISINOS, 2002. [1937-1961] v. 1-2.

ROTTMANN, Peter Joseph. Gedichte in Hunsrücker Mundart. 7. Aufl. Mit dem Bildnis
und einer Lebensskizze des Verfassers von Hermann GRIEBEN. Trier: Lintz, 1889.
[1840]

SPOHR, Norberto. Textos no Familienkalender, almanaque anual editado em Porto Alegre – RS. Textos em Hunsrückisch no Brummbär-Kalender, editado entre 1931 e 1935, em Arroio do Meio – RS, por Alfons Brod. Textos em Hunsrückisch no Sankt Paulusblatt, periódico mensal editado pela Sociedade União Popular Theodor Amstad, em Nova Petrópolis – RS.

Notas
1 Este texto é uma versão revista e ampliada de uma comunicação apresentada pelo grupo ESCRITHU no Seminário Internacional: Imigração e Relações Interétnicas, XVII
Simpósio do Instituto Histórico de São Leopoldo, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em História da UNISINOS (Universidade do Vale do Rio dos Sinos) e pelo
Instituto Histórico de São Leopoldo, no período de 13 a 15 de setembro de 2006.

2 Seminário sobre a Criação do Livro das Línguas, promovido pelo IPHAN
(www.iphan.gov.br/)., IPOL (Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política
Lingüística – www.ipol.org.br) e Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos
Deputados, em Brasília, 07 a 09 março de 2006.

[Graph missing here]
Tipologia do Hunsrückisch falado no Rio Grande do Sul, Segundo Altenhofen (1996).

3 Optamos, aqui, pelo termo língua, quando consideramos seu status sistêmico e
independente, em contato com o português (língua como sistema fônico e gramatical); a
opção por dialeto ocorre, quando se destaca sua condição de subsistema do alemão e
sua vinculação histórica ao alemão como língua-teto ( Überdachungsnorm). Veja-se
para tanto Coseriu (1982).

4 Esta estimativa, que se baseia em resultados do projeto BIRS ( Bilingüismo no Rio
Gande do Sul – v. ALTENHOFEN 1990) e dos censos do IBGE de 1940 e 1950 (v.
MORTARA 1950), infelizmente os últimos que ainda inquiriram sobre outras “línguas,
além do português, faladas no lar,” deve ser tomada apenas como um indicador muito
geral. É praticamente impossível determinar um número preciso de falantes, ainda mais
considerando que os censos existentes referem-se às línguas pelo nome genérico, no
caso alemão, sem referência propriamente à variedade dialetal específica que de fato é
falada.

5 Tradução: ‘Era uma vez uma menina / de dezenove, vinte anos / que tinha cabelos
marrons e lisos / da cor da casca da castanha.’

[Graph missing here]
Mapa da variação de [a ] e [ ], segundo Altenhofen (1996).

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DER EIGENE / O PRÓPRIO

Der_Eigene_1930-32_vol_13DER EIGENE
Zeitschrift für Freundschaft und Freiheit
Ein Blatt für Männliche Kultur
Herausgeber  Adolf Brand

Erscheint jeden Freitag
Nummer 9 / Jahrgang VIII
*
BERLIN NW. 6, Am Zirkus 12a
*
Preis der Nummer 2 Mark
// 26. November 1920 //

Primeira revista gay do mundo, editada por Adolf Brand Berlin, Deutschland (1920).

Primeira revista gay do mundo, editada por Adolf Brand Berlin, Deutschland (1920).

Kultur und Homosexualität
von Otto Fischer

Im Kämpfe um die Befreiung der Homosexuellen von alten vorsintflutlichen Gesetzesparagraphen ist mit aller Schärfe auf biologische Erscheinung der Inversion des Geschlechtstriebes und auf die Bedeutung dieser für die Kulturgeschichte der Menschheit hinzuweisen. Weite Kreise des Volkes, von den einfachsten Arbeitern an bis tief hinein in die Kreise des Volkes, in die Kreise der sogenanten [sogenannten] Gebildeten, sind der Homosexualität gegenüber von den absurdesten und unsinnigsten Vorstellungen erfüllt. Die einen meinen, die Homosexualität sei eine Folge übermässig ausgeübten Geschlechtsverkehrs, der eine Ueberreizung [Überreizung] der Geschlechtsnerven hervorrufe und sich in der Umkehrung der Triebes äußere. Also Uebersättigung [Übersättigung] soll die Ursache sein. Schopenhauer vertritt z. B. [zum Beispiel] in seinem berühmten Werke “Die Welt als Wille und Vorstellung” diesen Standpunk. Die anderen meinen wiederum, die homosexuelle Veranlagung sei eine Krankheit und demgemäß als solche durch den Artz zu behandeln und zu heilen. Und was sonst noch in den köpfen der  Menschen für Gedanken und Verstellungen herumschwirren! Die neueren Forschungen und Untersuchungen von bedeutenden Männern der Wissenschaft haben nachgewiesen, daß alle bisher aufgestellten Theorien auf falschen Voraussetzungen aufgebaut sind, dass sie hinfällig sind, wenn die inversion des Geschlechtstriebes als biologische Erscheinung der Leben der Menschheit aufgefaßt wird. Die Forschungen haben ergeben daß Homosexualität auf allen Kultur-stufen, zu allen Zeiten, an allen Orten existiert hat und noch existiert. Sowohl unter den Naturvölkern Afrikas und Australiens, wie unter den auf höchster Kulturstufe stehenden Völkern Europas und Amerikas. Kein Land, kein Volk had je existiert, das nicht die Liebe des Mannes zum Manne gekannt hat. Sogar im Tierreiche sind homosexuelle Akte beobachtet worden. Es wird oft der Eiwurf gemacht, daß die Homosexualität speziell unter den Völkern auftritt, die dem Verfall entgegengehen, z. B. bei den Griechen und Römern, das steht aber mit der Tatsache nicht in Einklang, daß die mann-männliche Liebe gerade unter gesunden, kräftigen und aufblühenden Völkern eine […]

ADOLF BRAND
DEUTSCHE RASSE

Tradução de Paul Beppler / WWW.RIOLINGO.COM :

DER EIGENE = O PRÓPRIO
revista pela amizade e liberdade

um caderno de cultura masculina
Editor: Adolfo Brand

Publicada às sextas-feiras
Número 9 / Ano VIII

Berlim [Alemanha] NW. 6, [Rua:] am Zirkus 12a

Preço de tiragem: 2 marcos
26 de novembro de 1920

Cultura e homossexualidade
por Otto Fischer

Na batalha pela liberação dos homossexuais de antigos parágrafos pré-diluviais deve-se fazer referência com toda ênfase no surgimento biológico da atração sexual invertida e também referir-se à importância disto para a história da cultura da humanidade. Amplos círculos da população, dos mais simples obreiros, e adentrando-se aos níveis mais profundos dos círculos da sociedade, na companhia daqueles tidos como cultos, são empregados os conceitos mais absurdos e ridículos contra a homossexualidade. Uns pensam que a homossexualidade seja o resultado de atividades sexuais exercidas em exagero, que isto provocaria uma sobre-excitação dos nervos sexuais e que isto se manifestaria numa inversão dos desejos sexuais. Portanto, sobre-saturação seria a causa. Schopenhauer defendeu, por exemplo, em seu famoso trabalho “Die Welt als Wille und Vorstellung” (“O Mundo como Vontade e Representação) este ponto de vista. Outros por sua vez pensam que a índole homossexual seja uma doença e que, de acordo como tal, deva ser avaliada e curada por um médico. E o que mais poderia haver de idéias e confabulações ocupando espaço nas cabeças das pessoas! As mais recentes pesquisas e testes conduzidos pelos mais importantes homens da ciência têm informado que as acima citadas teorias estão fundamentadas em falsos pre-supostos, que elas são decrépitas, enquanto a inversão da atração sexual é vista como uma manifestação biológica da vida do ser humano. As pesquisas têm indicado que a homossexualidade existiu e ainda existe em todos os níveis culturais, em todos os tempos, e em todos os lugares. Até mesmo entre os povos nativos da África e Austrália, bem como entre os mais altos escalões culturais dos povos atuais da Europa e América. Não há país, nem civilização que jamais existiu, que não conheceu o amor do homem pelo homem. Até mesmo no reino animal são observados atos homossexuais. Frequentemente é feita a sugestão de que a homossexualidade surge em especial nas civilizações a caminho da decadência, como por exemplo, na Grécia e em Roma, mas isto de fato não confere, pois o amor entre homens ocorre até mesmo em povos saudáveis, fisicamente fortes, e em pleno florescimento, […]

ADOLF BRAND
RAÇA ALEMÃ

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Teste informal na Alemanha de conhecimentos do dialeto Hunsricker Platt (vídeo em Alemão):

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No vídeo abaixo (ver o link no final deste post) um entrevistador pegunta duas falantes do dialeto Pälzisch (chamado de Pfälzisch no Hochdeutsch/Alemão padrão) que é tipo um dialet

o-vizinho do Hunsrücker Plattdeitsch, do qual deriva o Riograndenser Hunsrückisch, o Hunsriqueano Brasileiro… ele pergunta elas se elas sabem o que quer dizer uma frase falada em vídeo, o qual ele mostra para elas para que procurem decifrar seu significado…A frase falada no referido vídeo no dialeto da região do Hunsrück, no sudoeste da Alemanha, no Hunsrücker Plattdeitsch:

“Wenn die Em-beere, Brem-beere, und Wäle zeirrich sin, dann wäre se gebroch, und wead Schlee draus gemacht, dann kamma sich im Winder en schen siss Schmear draus mache.”

Tradução ao Hochdeutsch:

“Wenn die Himbeeren, Brombeeren, und Heidelbeeren reif sind, werden sie gepflückt und es weard Marmelade daraus gemacht damit man sich im Winter ein süsses Marmeladen Brot machen kann.”

Traduzido em português brasileiro:
“Quando as framboesas, as amoras, e os mirtilos estão maduros, eles são colhidos, e faz-se deles uma geléia para que no inverno seja possível para a gente preparar um [lindo =] delicioso pão com geléia.”

(Isto é, poder comer uma fatia de pão, geralmente caseiro, com geléia/Schimier, o que geralmente é apreciado como parte do café da manhã tradicional e reforçado, ou como uma pequena merenda feita de tarde, entre o almoço e o jantar; no Riograndenser Hunsrückisch o Schmier é o nome tanto da geléia, o doce e si, como também é o nome da fatia de pão cortada e preparada com uma cobertura de Schimier passada sobre ela, o que é feito logo antes dela ser consumida).

“Em-beere” no Hunsrücker Platt europeu = “Himbeere” no Hochdeutsch/Alemão padrão = “framboesa” em português. Confira estas informações citadas neste dicionário de regionalismos dialeto alemão do Palatinado, no Pfälzisches Wörterbuch: http://woerterbuchnetz.de/cgi-bin/WBNetz/wbgui_py?sigle=PfWB&lemid=PE01400

“Brem-beere” no Hunsrücker Platt = “Brombeere” no Hochdeutsch = “amora” em português. Confira estas informações citadas neste dicionário de regionalismos do dialeto alemão do Palatinado, no Pfälzisches Wörterbuch: http://woerterbuchnetz.de/cgi-bin/WBNetz/wbgui_py?sigle=PfWB&lemid=PB05929

“Wähle” ou “Wäle” ou “Weele” em Hunsrücker Platt = “Heidelbeere” no Hochdeutsch = “mirtilo” ou “arando” ou ainda mas acho que mais em Portugal, “uva-do-monte”. Trata-se de uma frutinha silvestre ou Waldbeere natural do Hemisfério Norte. O nome dialetal do mirtilo em alemão do Hunsrique possivelmente tenha origens no latim, por ele ser azul, pode ser que derive do termo “Viola” do latim (violeta em português). Confira estas informações citadas neste dicionário de regionalismos do dialeto alemão do Palatinado, no Pfälzisches Wörterbuch:
http://woerterbuchnetz.de/cgi-bin/WBNetz/wbgui_py?lemid=PW00302&mode=Vernetzung&hitlist&patternlist&bookref=6%2C1026%2C17&sigle=PfWB

Algumas palavras mencionadas no vídeo que merecem tradução pois podem ser incompreendidas por falantes do Hunsriggisch Platt brasileiro:

Quiz = teste (é um anglicismo, um empréstimo bem difundido no alto alemão moderno, ele do inglês; há todo um grupo de palavras no alemão atual que, apesar de utilizadas com muita frequência, são bastante recentes, adições à língua digamos nos anos pós-guerra, como por exemplo “Job” = emprego, “Cool” = legal, bacana, etc. )

net (pronunciado nêt) = ser, mostrar-se simpático (por exemplo, du bist net = Você é simpático); é diferente de “net”, pronunciado mais aberto, como “nét”, que é o informal “não!”, ou “né?”…

reif = neste caso madudo (mas pode significar algo curtido, batido, sazonado, etc.; ainda, “Reif” com inicial maiúscula singnifica geada).

Siss-Schmier/geléia, doce

Sirop (Sirup em Hochdeutsch) = melado

“Grunbeere” (=”Grund”+”Beeren”) é alemão dialetal para “Kartofeln” ou “die Katoffle”

“Gebroch” (ipsis verbis traduzido = quebrado) significando

“Gepflückt” de “pflücken” = “colher” em Hochdeutsch/Hochdeitsch

-Paul Beppler

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Conversa em Hunsriqueano Riograndense (bresiljoonisch Hunsriggisch Plattdeitsch)

(I) Gespräch uff Riograndenser Hunsrückisch

(II) Gespräch uff Riograndenser Hunsrückisch

(III) Gespräch uff Riograndenser Hunsrückisch

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NOVIDADE: Forlibi – Fórum Permanente das Línguas Brasileiras de Imigração

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CELSUL: Fórum das Línguas Brasileiras de Imigração é lançado na Unioeste

ENVIADO POR ACS EM SEX, 26/10/2012 – 09:01

O blog tem como objetivo fortalecer as línguas de imigrantes

O Brasil apresenta uma diversidade de línguas e falares resultantes da colonização e do contato entre as diferentes culturas. Os pesquisadores têm hoje o desafio de ampliar o espaço de divulgação da realidade plurilinguística. Preocupando-se em criar um ambiente de socialização e troca de informações sobre as línguas de imigração, o Fórum Permanente das Línguas Brasileiras de Imigração (Forlibi) está sendo lançado na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Campus de Cascavel, no evento do curso de Letras, o X Círculo de Estudos Linguísticos do Sul (Celsul), que termina hoje (26.10).

O Forlibi é um blog – www.forlibi.blogspot.com.br – que tem como objetivo fortalecer as línguas de imigração e dar mais visibilidade a elas. “O Fórum é um espaço representativo para essas línguas, as quais estavam à sombra, sem voz. Acreditamos que o momento é propício para a divulgação do Fórum, o qual propicia não apenas voz às línguas de imigração, como também contribui para que a sociedade aprenda e dar ouvidos. É um mecanismo de articulação entre diferentes línguas trazidas de fora que envolve tanto membros da comunidade como pesquisadores”, explica Cléo Altenhofen, um pesquisador de grande importância para a área da variação linguística.

Para os pesquisadores, o Grupo de Trabalho sobre Plurilinguismo e Contatos Linguísticos, do Celsul, é uma prova de que o Forlibi é importante para o fortalecimento das línguas de imigração. Foram apresentados trabalhos de diversas regiões do Brasil, tais como Bahia, Amazonas, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Espírito Santo, entre outras. Pesquisadores de diversas cidades do país falaram sobre línguas de imigração como alemão, ucraniano, polonês, pomerano, indígenas, africanas, entre outras.

O Fórum foi criado por Ana Sheli Altamiranda e pela professora Rosangela Morello, membros do Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística (Ipol), pelo professor Cléo Altenhofen, representante da URGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) – Letras e representante do dialeto hunsrickisch; Sintia Küster e Evandro Kuth, da prefeitura de Santa Maria de Jetibá, Espírito Santo e representantes do pomerano; Paulo Massolini, presidente da Federação das Associações Ítalo-Brasileiras (Fibras), do Rio Grande do Sul e representante do talian.

Ana Sheli explica que no blog serão publicados materiais sobre as línguas de imigração, assim como as leis que oficializam ou reconhecem essas línguas. “O Forlib é uma ferramenta para que as línguas de imigração se fortaleçam e tenham mais visibilidade”, esclarece.

Texto: Wânia Beloni

Publicado em: Unioeste – Cascavel, Paraná – Brasil

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O dialeto Riograndenser Hunsrückisch agora no Facebook: Dê uma passadinha por lá!

Existe uma particularidade sobre a região onde está inserida Cerro Largo, esta região antigamente era chamada informalmente de Neikolonie (Neukolonie em Hochdeutsch), basicamente referindo-se a região nova em contraponto às primeiras regiões colonizadas por imigrantes germânicos no leste do estado do Rio Grande do Sul. Em geral a região hoje é chamada de Região das Missões. O idioma regional alemão, o dialeto frâncico (Fränkisch em alemão) engloba vários dialetos germânicos do sudoeste da Alemanha, inclusive o Hunsrückisch Platt com versão sulbrasileira, onde possui um histórico aproximando-se agora aos duzentos anos. Muito embora tendo sofrido muito desprestígio e sendo posto de lado pelos/as falantes da região, querendo a gente ainda encontra quem volte a falar a língua fora do âmbito familar ou social mais próximo.

Visite o RIOGRANDENSER HUNSRÜCKISCH no FACEBOOK, onde estamos procurando incentivar a volta do uso deste maravilhoso tesouro da cultura regional sulbrasileira. Para ir ao nosso site no Facebook, clique no link abaixo:

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