Estaria passando pela tua cabeça algo como:
MINHA NOSSA, CRESCI FALANDO O ALEMÃO MAS NEM SEI COMO SE DIZ CERTAS COISAS BÁSICAS … COMO “JORNAL” NA MINHA PRÓPRIA LÍNGUA.
Vou deixar aqui uma sugestão mata-preguiça pra vocês interessados/as em aprimorar seus conhecimentos linguísticos:
Toda vez que você for procurar uma palavra no dicionário, sempre atente (não precisa memorizar decorado pra ter na ponta da língua … mas ATENTE, OLHE, EMPRESTE UNS SEGUNDOS para perceber como se constroi o plural do mesmo termo, e também, de passagem, como se constroi o feminino dessa palavras.
Aqui daremos uma olhadela em alguns exemplos para ilustrar isto:
o escritor [um homem] | a escritora [uma mulher] | os escritores [dois ou mais homens] | as escritoras [duas ou mais mulheres] | os escritores [um grupo mixto de homens e mulheres … que pode contar com nove mulheres e somente um homem, mas na língua portuguesa, o correto é dizer “os escritores” pois prevalece favorecido sempre a sensibilidade à imagem masculina presente em tal grupo – basicamente a língua em si reflete o chauvinismo sexista incrustrado na sociedade]. Pois bem, vamos lá trocar a coisa em miúdos:
o escritor = der Schriftsteller
os escritores = die Schriftsteller* [dois ou mais homens; ou um grupo mixto de]
a escritora = die Schriftstellerin
as escritoras = die Schriftstellerinnen
http://dict.leo.org/ptde/index_de.html#/search=escritor&searchLoc=0&resultOrder=basic&multiwordShowSingle=on
*Por isto é bom prestar atenção a estas coisas: pois há casos nos quais o plural masculino fica igual ao singular masculino, i.e. vide acima; mas só que isto nem sempre fica desse jeito, deixa eu mostrar pra vocês aqui, por exemplo: “o autor de romances” ou “der Romanautor” no plural http://dict.leo.org/ptde/index_de.html#/search=Romanautor&searchLoc=0&resultOrder=basic&multiwordShowSingle=on fica “die Romanautoren” – terminando com um “en”, ou seja, não é igual ao caso acima, “der Schriftsteller” = o autor e “die Schriftsteller” = “os autores”.
DITO ISSO, preciso falar umas coisas aqui … sim precisamos do alemão padrão para desenvolvermos uma escrita para nossa língua minoritária, não temos outra opção senão nos agarrar-mos ao alemão-standard – para dele subtrair como ficariam as palavras em nosso dialeto … por exemplo, nós sabemos que não se fala “die Lehrerinnen” para “as professoras” no nosso dialeto; mas que a gente diz de fato, no nosso jeito de falar, é “die Lehrerinne”. E só pra pegar o exemplo que dei acima, “die Schriftelerinnen” na nossa fala isto fica “die Schriftstellrinne” … e sim é preciso DEFINIR esses detalhes em uma só fonte, registrar TODAS AS COISAS DESTA NATUREZE em um só livro e/ou website UNIVESALMENTE ACESSÍVEL, DE GRAÇA, SEM ENROLAÇÃO, SEM FICAR PRIMEIRO COLETANDO DADOS PESSOAIS DE NINGUÉM, MAS PENSANDO SOBRETUDO EM AJUDAR A NOSSA LÍNGUA SOBREVIVER, E PARA TAL É FUNDAMENTA ELA GANHAR UMA ESCRITA … e no que se refere ao mundo acadêmico, eu diria isto à academia, olha pessoal, nem adianta muita coisa ficar acumulando estudos e mais estudos que meramente observem e registrem em essays obscuros, que ficam enterrados nos anais da bibliotecas das faculdades … certos pontos da nossa língua, que fiquem registrando seu estado de existência precário como meros/as observadores/as experts para acumular medalhas no seu mundo do saber científico … e sem que seu trabalho se traduza em melhoramentos concretos para esta população linguística. Não é mais novidade, está mais do que sabido que a nossa língua ficará sempre cambaleando junto ao abismo do desaparecimento sem que medidas concretas sejam tomadas HOJE, AGORA, PRA ONTEM para reverter esse estado difícil que resultou de políticas de Estado nefastas em temos ainda bem presentes na consciência, na memória coletica deste corpo de falantes de uma língua classificada como em perigo de extinção. Tem outra, ao conscientizarmo-nos sobre nosso dialeto precisamos nos esforçar para nos desprendermos dos preconceitos contra ele, sejam eles preconceitos internos, internalizados, ou discriminações vindo de fora, prejuízos externos a nós impostos. O preconceito conta a língua impede na prática a busca de saber. O certo mesmo seria campanhas de conscientização. Nos meios de comunicação a gente precisa certos horários reservados ao dialeto falado nas comunidades desde a sua fundação. O sistema escolar também precisa fazer algo. As instituições que se ocupam com a cultura teutobrasileira precisam fazer mais explicitamente no que toca o idioma – especialmente em datas comemorativas.
Sim precisamos, portanto, abservar, atentar, procurar ver e percebera a diferença entre o nosso dialeto Riograndenser Hunsrückisch e o alemão-padrão, justamente como tentei mostrar aqui neste post … sim pois não temos outra opção pois não temos nem um dicionário completo e nem uma gramática abrangente … NÓS SOMOS MILHÕES DE FALANTES DO RIOGRANDENSER HUNSRÜCKISCH MAS NÃO TEMOS UM DICIONÁRIO – espero que vocês se dêem conta do absurdo que éisso, de quão anormal isso é, sim QUE ISTO NÃO É NORMAL!!!! Nem é normal ou aceitável que não tenhamos uma gramática que deixe claro e explicitado as regras que regem a nossa fala regional alemã. Praticamente todo mundo sabe que no Hochdeitsch não se deve, não se pode, ou que seja de forma alguma aceitável construir uma frase como, tipo, esta aqui (mas que isso é perfeitamente corriqueiro na nossa língua):
“Der Peter seine Kinner sin net Heem gang.” (“As crianças do Pedro não foram pra casa”.)
O que no alemão-padrão ficaria algo como: “Peters Kinder sind nicht nach Hause gegangen.”
(Acho que ficou correto, não estou 100% certo disso!).
SE TIVÉSSEMOS UMA GRAMÁTICA, A GENTE IRIA PODER ESCREVER A LÍNGUA DA GENTE COM NORMALIDADE … e vis-à-vis o alemão-standart, ia saber se defender escrevendo também pelo menos num nível basiquinho no Hochdeutsch. O abandono e desdeixe ao qual foi relegad o nosso idioma regional não cansa de me deixar perplexo… Que fique bem claro, não existe seque um argumento convincente ou um argumentinho plausível que possa justificar adequadamente o porquê de não existir uma gramática completa e abrangente que explique como funciona a nossa língua regional, e um dicionário de Hunsrückisch – Hochdeutsch – Português – Espanhol (e conostruído, estruturado em seu design inicial com planos de que futuramente se possa adicionar outros idiomas maiores e menors, o que for).
Paul Beppler
Riograndenser Hunsrückisch Community Admin.
11. August 2014
Seattle, WA – USA.